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Infraestrutura

- Publicada em 14 de Junho de 2017 às 17:04

'Dúvida sobre as reformas não pode virar realidade'

Tadini acredita que condições objetivas para investidores não mudaram

Tadini acredita que condições objetivas para investidores não mudaram


JOSÉ CRUZ/JOSÉ CRUZ/ABR/JC
O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, afirma que, apesar da crise, os investidores continuam interessados nas oportunidades do setor. Mas ele destaca que a infraestrutura brasileira tem questões que precisam ser resolvidas, como a falta de projetos estruturados para ir a leilão.
O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, afirma que, apesar da crise, os investidores continuam interessados nas oportunidades do setor. Mas ele destaca que a infraestrutura brasileira tem questões que precisam ser resolvidas, como a falta de projetos estruturados para ir a leilão.
Qual o reflexo da turbulência política no setor?
Venilton Tadini - Há sempre um baque inicial. Mas o setor tem questões estruturais que precisam ser resolvidas e que estão em andamento, como a estruturação do PPI, a forma de tratar os projetos, a estrutura dos editais e a preocupação com a proteção cambial. Tudo isso está em andamento e pode ser visto no resultado positivo dos leilões de transmissão, de portos e aeroportos, além do leilão de rodovias do estado de São Paulo. Mas o País vive uma situação paradoxal. Você tem um déficit terrível de infraestrutura e não tem projetos maduros do ponto de vista de racionalidade econômica.
Mas hoje há ambiente para fazer um novo leilão?
Tadini - Sim. Do ponto de vista da sinalização do núcleo econômico do governo, nada foi alterado, conforme se vê nos pronunciamentos do ministro da Fazenda e dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado sobre a prioridade da agenda no Congresso. Com isso, você vê que rapidamente as flutuações negativas da bolsa e do câmbio voltaram.
Hoje haveria investidor para arrematar algum projeto?
Tadini - Acho que sim. Se as condições macroeconômicas, ou seja, se os juros continuarem em queda e o câmbio com relativa estabilidade, e as condições microeconômicas bem colocadas, haverá investidor interessado. Agora, o que se teme é que, com a instabilidade, não se consiga nem trabalhar na viabilidade de projetos, porque há uma dispersão de preço relativo enorme, porque ficam indefinidas as questões de previdência e trabalhista, de câmbio e de juros. Aí não dá para fazer cálculo nenhum.
Mas hoje já não está assim?
Tadini - O que está ocorrendo com o câmbio? Deu uma mexida e rapidamente voltou.
Mas há incerteza sobre as reformas?
Tadini - Hoje, há uma dúvida. Agora, no momento em que essa dúvida se transformar em realidade de que os ajustes não vão ocorrer, aí você vai ver o que vai acontecer com o câmbio e com os juros. Mas essa situação de instabilidade maior e incerteza ainda não existe.
De qualquer forma, os investimentos estão muito baixos.
Tadini - Sem dúvida. Do ponto de vista macroeconômico, você está mudando as variáveis para criar um ambiente de negócio para a atração de capital externo e interno. Estava sendo criado esse clima. Hoje, pelo que ouvimos de investidores de fora e daqueles que já estão aqui, as condições objetivas não mudaram. Se tivesse expectativa mais negativa, você já teria a diminuição da entrada e o aumento da saída de recursos e o câmbio em outra direção. Por outro lado, não chegamos ao fundo do poço. O investimento está indo para baixo de 15%. Então, estamos longe de sairmos do processo recessivo. Temos algum sinal de IBCR (Índice de Atividade Econômica Regional), que não se refletiu na taxa de desemprego. Mas, conforme o andar da carruagem, pode piorar. O que estou dizendo é que não verificamos isso ainda. A certeza da piora e da instabilidade ainda não se enraizou nos agentes econômicos.

Leilão da ferrovia Norte-Sul deve ser feito no início de 2018

O governo vai realizar, em fevereiro do ano que vem, o leilão para a subconcessão da Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela D'Oeste (SP). As obras para a conclusão da ferrovia serão feitas pela Valec até o primeiro trimestre do ano que vem. Quem vencer o leilão vai operar o trecho por um período de 30 anos, prorrogável por mais 30.
O edital do leilão deve ser publicado no dia 14 de novembro, depois de passar por análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A estimativa do governo é arrecadar R$ 1,5 bilhão com o leilão. A ferrovia, que está 94% realizada, será concluída com recursos públicos, segundo o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.
Ele já tem garantidos com o Planejamento os repasses de R$ 505 milhões neste ano e R$ 360 milhões em 2018. As obras devem terminar em fevereiro ou março. O governo se compromete a entregar a linha, mesmo se a construção se alongar para depois do leilão. O investimento previsto para a empresa que assumir a ferrovia é estimado em cerca de R$ 3 bilhões.
"Estamos cumprindo o conceito de busca de um ambiente regulatório adequado, concorrencial, de dar tempo para as pessoas se organizarem, fazerem seus estudos, organizarem seus lances para acabar com aquela coisa açodada de querer resultado a toque de caixa", disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.
Segundo ele, grupos internacionais já demonstraram interesse em participar da concessão, e o assunto deve ser levado pelo presidente Michel Temer em sua viagem à Rússia, prevista para os próximos dias. A demanda potencial da ferrovia no início da subconcessão é prevista em 1,2 milhão de toneladas, mas pode chegar a cerca de 8 milhões de toneladas em 2020.
O trecho que será subconcedido tem 1.537 quilômetros de extensão e vai atravessar o estado de Tocantins, passando por todo o estado de Goiás até chegar a Estrela D'Oeste, em São Paulo. Em Porto Nacional, o trecho vai se conectar ao ramo Norte da ferrovia, possibilitando o acesso ao porto de Itaqui (MA). Em Estrela D'Oeste, o trecho vai ser interligado à Malha Paulista, o que vai possibilitar a conexão da ferrovia ao porto de Santos e ao polo econômico e industrial de São Paulo. Um dos trechos da ferrovia, entre Porto Nacional (TO) e Anápolis (GO) já está em operação, mas apresenta pequenas movimentações de volumes de cargas.