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Empresas & Negócios

- Publicada em 08 de Junho de 2017 às 12:55

'Nova' Via Uno busca mais espaço

Diretor da RR Shoes, dona da Via Uno, Ramon Rabelo

Diretor da RR Shoes, dona da Via Uno, Ramon Rabelo


RS SHOES/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
Quando a marca Via Uno foi à leilão, em 2015, após a falência da antiga dona, o empresário Ramon Rabelo não teve dúvidas em participar do pregão. Proprietário da RR Shoes, de Santo Antônio da Patrulha, o jovem de 35 anos de idade já fabricava desde 2013 produtos para a marca, que viria a adquirir junto a outro sócio em um lance, divulgado à época, no valor de R$ 6 milhões.
Quando a marca Via Uno foi à leilão, em 2015, após a falência da antiga dona, o empresário Ramon Rabelo não teve dúvidas em participar do pregão. Proprietário da RR Shoes, de Santo Antônio da Patrulha, o jovem de 35 anos de idade já fabricava desde 2013 produtos para a marca, que viria a adquirir junto a outro sócio em um lance, divulgado à época, no valor de R$ 6 milhões.
Com fábricas na sede e também em Caraá e Teutônia, mantendo 980 funcionários diretos e mil indiretos, a "nova" Via Uno agora trabalha para recuperar espaço nas vitrines do varejo comum, retomando a origem do negócio que, em seus últimos anos, apostara apenas em franquias. A escalada nas vendas, segundo Rabelo, demandará novas plantas para cumprir o crescimento esperado de 15% em 2018 - que poderia ter acontecido já em 2017, não fosse um incêndio no estoque da matriz em março.
No mercado desde 2007, Rabelo iniciou sua trajetória revendendo sobras de exportação de outras indústrias. A diminuição das vendas externas dos calçadistas, porém, logo o levaria para a industrialização, atuando inicialmente no modelo private label (produzindo calçados para outras marcas). Já com marca própria, Rabelo planeja voltar a depender do mercado externo. Dessa vez, porém, por conta da exportação de seu produto.
Empresas & Negócios - Por que a opção pela compra da marca Via Uno?
Ramon Rabelo - Quando começamos a vender os produtos com a marca, ainda antes da compra, vimos se avolumarem muito as quantidades. Ali, passamos a entender o potencial da Via Uno. Apesar da falência, o cliente final da Via Uno só sabia que ela estava desaparecida, não o que havia acontecido. Além disso, sobreviver hoje no mercado sem uma marca é muito difícil, mas, para se construir uma, é uma fortuna. Nós decidimos, então, comprar a marca para encurtar o caminho, termos uma marca própria e não gastar tanto quanto gastaríamos construindo uma. A Via Uno foi comprada por um valor, que seria infinitamente maior se fôssemos começar do zero.
Empresas & Negócios - A marca então não saiu prejudicada da falência?
Rabelo - Com o consumidor final, muito pouco. Ela saiu prejudicada com alguns clientes (lojistas), que compraram mercadorias e não receberam. Mas com a nossa gestão isso está mudando, os clientes já conheciam a RR Shoes, e estamos conseguindo colocar o produto no mercado. Nos principais magazines, como Marisa, Riachuelo, Pernambucanas, C&A, já conseguimos entrar com a nossa marca.
Empresas & Negócios - O varejo comum, então, passa a ser o foco? A Via Uno trabalhava com franquias, que vocês assumiram e mantiveram.
Rabelo - Não vamos abandonar o franqueado, vamos continuar com as lojas que temos. Mas a nossa ideia é focar no canal multimarcas, com um sapato competitivo em preço e moda, no modelo fast fashion. O varejo multimarcas é a nossa origem, o nosso negócio é esse. Quando você começa a ser fabricante, franqueador, lojista, a estrutura necessária é muito maior, é um caminho mais delicado. É muito difícil fazer tudo, até as grandes marcas do varejo são muito mais comércio do que indústria. Nosso feeling é fazer moda para clientes multimarcas, sempre foi assim, mesmo quando ainda não tínhamos uma marca. Agora, com a Via Uno, a entrada está sendo muito mais rápida.
Empresas & Negócios - Foi necessário mudar o produto para isso?
Rabelo - A própria Via Uno iniciou no multimarcas. Ela foi grande assim, fazendo sapato de moda a um preço acessível. Depois que ela se voltou para lojas próprias, o sapato ficou mais caro, mais elaborado. A gente acha que foi aí o erro da Via Uno. Nessa época, passou a bater de frente com marcas mais fortes. Por isso, resolvemos nos posicionar nessa questão de moda, mas por um preço justo. Além disso, estamos agora na primeira coleção com representantes comerciais, estamos espalhando a marca por todo o Brasil.
Empresas & Negócios - Esse tipo de posicionamento demanda uma escala maior de produção. Há como aumentar a capacidade?
Rabelo - Nossa capacidade instalada hoje é para 13 mil pares/dia, e estamos fazendo por volta de 12,5 mil/dia. Em março, porém, aconteceu um incêndio em nossa fábrica, em nosso melhor momento. Estávamos procurando uma nova planta para expandir a produção em mais 4 mil pares/dia, e estancamos esse processo. Vamos colocar os pés no chão de novo e retomar esse crescimento daqui a pouco, no fim do ano ou no ano que vem. Mas sim, entendemos que nossa produção não será suficiente. Na próxima coleção, os lojistas virão mais forte e teremos de aumentar a capacidade, não há dúvida nenhuma disso. Vamos procurar novas plantas para poder aumentar a produção. Estão aparecendo ofertas, prefeituras nos oferecendo prédios para que nos instalemos.
Empresas & Negócios - O incêndio atrasou os planos? Quais foram os prejuízos?
Rabelo- Perdemos nosso contador (Cláudio Azambuja), um grande auxiliar na parte administrativa e judicial, que teve um infarto bem no início do incêndio. Foi sem dúvida nosso pior prejuízo. Era ele quem nos dava uma direção muito forte, tivemos de recomeçar de outra forma. Depois disso, perdemos quase 350 mil pares que estavam no galpão que pegou fogo, um prejuízo de quase R$ 12 milhões. Era a produção de mais de um mês, pois foi no final do março, e, em abril, entregamos muitos produtos para o Dia das Mães. Tínhamos estoque em outros galpões também, não era só ali, e nossos clientes foram muito solidários. Atrasamos, mas conseguimos refazer alguns produtos.
Empresas & Negócios - E o que planejam para a exportação?
Rabelo - Hoje é cerca de 5% do nosso faturamento. Queremos retomar a exportação com a nossa marca, principalmente na América Latina, onde a Via Uno era muito conhecida. Atacamos primeiro o Brasil, para, em um segundo momento, buscar o mercado externo. Não estamos focados em produzir para Estados Unidos e Europa, porque para lá é private label, e aí o menor preço leva. Já quando exportamos Via Uno, o consumidor compra a Via Uno, ou seja, ele tem desejo pela marca. Vamos começar com mais força no ano que vem, quando fecharmos bem o Brasil. Provavelmente, vamos precisar dessas unidades fabris a mais. Temos o direito à marca em quase todos os lugares, menos Argentina, México e Peru, que não entraram na compra. A massa falida está tentando buscar de volta a marca nesses países, porque foram vendidas em um período em que não poderiam ter sido vendidas. Assim que surgir a oportunidade de comprar lá, temos interesse de adquirir.
Empresas & Negócios - Os últimos anos estão sendo difíceis para o consumo, incluindo os calçados. Como avalia o momento?
Rabelo - Em 2016, a indecisão política nos afetou muito, o consumidor não estava comprando. Esse ano já percebemos uma melhora. A questão política é decisiva. Se não houver mais escândalos, o povo tiver mais confiança, podemos voltar a crescer. O problema é que vem um fato novo a todo momento e isso contagia muito a população que acaba se retraindo na hora da compra. Às vezes nem é por falta de dinheiro, mas medo de consumir e faltar à frente. Até por isso a escolha de trabalhar nessa linha de preço, do fast fashion. O momento do País é difícil, mas a política dando tranquilidade, voltamos a crescer.
 
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