Numa noite fria de abril de 2016, centenas de pessoas se reuniram em uma cidade pequena ao norte de Paris. Os convidados eram, na maioria, parentes e amigos do palestrante, o ministro da Economia da França, Emmanuel Macron.
Após falar por quase uma hora sobre o futuro da indústria e do emprego na França, Macron finalmente transmitiu a mensagem que tinha ido levar - o lançamento de um novo movimento político, o En Marche! Foi um gesto corajoso para um homem trabalhando no centro do governo do Partido Socialista.
Levado à política pelas mãos do presidente François Hollande, Macron era visto como protegido do mandatário, e talvez destinado a um papel maior apenas no futuro. Então, naquela noite na cidade de Amiens, não havia bandeiras para saudar o novo movimento, câmeras de televisão nem panfletos políticos.
Apesar disso, em menos de um ano, o jovem líder do movimento venceu a eleição presidencial - e protagonizou a ascensão mais rápida de um político na história moderna da França.
Nem sempre a política foi a ambição de Macron, que tinha reputação de jovem brilhante e precoce. Brigitte Trogneux, sua professora de teatro, também o via como alguém precoce. Aos 16 anos, Macron deixou Amiens para terminar os estudos em Paris, com a ideia de um dia se casar com sua antiga professora. Brigitte era 24 anos mais velha do que Macron, casada e com três filhos. Mas acabou ficando com o ex-aluno e se casaram em 2007.
A 11ª eleição presidencial da Quinta República Francesa confirmou o favoritismo do centrista Emmanuel Macron contra a direitista Marine Le Pen. O mais jovem presidente eleito da França, Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron tem 39 anos e nasceu em 21 de dezembro de 1977, em Amiens, filho de uma médica e de um médico professor de neurologia. É formado em Filosofia e graduado na Escola Nacional de Administração.
Criado em uma família com tendências políticas de esquerda, foi membro do Partido Socialista entre 2006 e 2009, mas hoje é considerado um político de centro. Ele mesmo afirma que "nasceu na esquerda e que isso o ajudou a formar certas convicções".
O jornal Le Monde diz que Macron "provoca ironia da esquerda e curiosidade da direita". E o cientista político Rémi Lefebvre afirma que "ele tem uma vantagem: vem da esquerda e agrada a direita". Perspicaz, Macron analisou movimentos políticos que tinham surgido pela Europa - como o Podemos, na Espanha, e o Cinco Estrelas, na Itália - e viu que não havia, na França, nenhuma força semelhante com possibilidade de embaralhar a luta pelo poder.
O novo presidente será proclamado nesta quinta-feira, e a investidura será no domingo, dia 14 de maio. Prova de que a tendência por renovação é fenômeno que se espalhou pelo mundo é que Macron destacou que "o que fizemos nesses meses não tem precedente nem equivalente. Todo mundo dizia que era impossível. Não conheciam a França".
Porém, não se livrou, no dia seguinte à vitória, de protestos contra suas ideias de reformas trabalhistas. Macron prometeu que fará o possível para que, daqui cinco anos, os franceses não tenham nenhuma razão para "votar no extremismo", referindo-se à sua adversária, Marine Le Pen, da extrema-direita.
Mas enfrentará o desemprego, um eleitorado desiludido, com grande abstenção nas eleições, e se alinhará no combate ao terrorismo. Não é pouco, e é difícil.