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CONSUMO RESPONSÁVEL

- Publicada em 25 de Maio de 2017 às 16:14

Novos hábitos levam gaúchos aos orgânicos

Thais prioriza produtos da feira do Menino Deus desde a gravidez de Camilo, hoje com um ano e meio

Thais prioriza produtos da feira do Menino Deus desde a gravidez de Camilo, hoje com um ano e meio


FREDY VIEIRA/FREDY VIEIRA/JC
Toda a semana, Thais Rucker, 39 anos, e o marido, Fabrício Solagna, 36 anos, buscam frutas, verduras e legumes na Feira Ecológica do Bairro Menino Deus, que serão consumidos por eles e o pequeno Camilo, de um ano e meio. O hábito de incluir no cardápio os alimentos orgânicos se iniciou na gravidez, resultado da preocupação em ingerir itens mais saudáveis. "Sinceramente, não fico tranquila em saber que meu filho está consumindo agrotóxicos em grandes quantidades, por isso priorizamos sempre uma alimentação orgânica pra ele", explica Thais, que também gosta de comprar na feira produtos não industrializados, como pães, mel, biscoitos.
Toda a semana, Thais Rucker, 39 anos, e o marido, Fabrício Solagna, 36 anos, buscam frutas, verduras e legumes na Feira Ecológica do Bairro Menino Deus, que serão consumidos por eles e o pequeno Camilo, de um ano e meio. O hábito de incluir no cardápio os alimentos orgânicos se iniciou na gravidez, resultado da preocupação em ingerir itens mais saudáveis. "Sinceramente, não fico tranquila em saber que meu filho está consumindo agrotóxicos em grandes quantidades, por isso priorizamos sempre uma alimentação orgânica pra ele", explica Thais, que também gosta de comprar na feira produtos não industrializados, como pães, mel, biscoitos.
Assim como o casal, muita gente está optando em levar mais saúde para a mesa. Segundo uma pesquisa divulgada em março, e referente a 2016, cerca de 40% dos gaúchos mudaram os hábitos e passaram a incluir alimentos orgânicos em suas compras. Os dados integram o levantamento do projeto Barômetro dos Orgânicos, coordenado pelos professores Marlon Dalmoro, do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Universidade do Vale do Taquari (Univates), e Wagner Junior Ladeira, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Ao todo, foram ouvidas 2.732 pessoas, de 80 municípios.
Segundo Dalmoro, o que chama a atenção é que o consumo de deste tipo de alimento, considerado mais saudável, está disseminado entre a população do Estado. Na mesma pesquisa, mais de 75% dos entrevistados se consideram consumidores frequentes desses produtos. "O alimento orgânico se diferencia dos convencionais, principalmente, por não utilizar agrotóxicos ou fertilizantes sintéticos no seu cultivo, assim como o seu método de produção, que leva em conta aspectos de sustentabilidade e preocupação socioambiental", afirma Dalmoro.
O projeto identificou que os consumidores buscam alimentos livres de químicos como resposta ao desejo individual de melhoria da qualidade de vida e longevidade, além de preocupação especial com o bem-estar dos filhos. "Na medida em que as pessoas se tornam mais conscientes do papel da alimentação na busca por uma vida mais saudável, visualizam nos orgânicos uma alternativa interessante e cada vez mais acessível, explicando o crescimento constante do seu consumo", destaca o pesquisador.
E a maior demanda também reflete no faturamento de quem produz. De acordo com o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), entidade paranaense sem fins lucrativos e que representa toda a cadeia produtiva do setor, os números de 2016 mostram que o mercado interno faturou R$ 3 bilhões, contra R$ 2,5 bilhões do ano anterior considerando produção agrícola e familiar, varejo e feiras. Os dados apontam para um aumento de feiras locais, maior consumo de ingredientes e produtos orgânicos em restaurantes e empórios, e maior oferta nas redes de varejo.
Para o diretor executivo do Organis, Ming Liu, há uma maior consciência na busca por produtos saudáveis. "O consumidor brasileiro ainda é cético na questão de fazer suas escolhas baseando-se apenas nos atributos de sustentabilidade, mas isso irá melhorar com mais informação, educação e conscientização", diz. Ele reforça: "Não tenho dúvida de que as empresas também estão buscando oferecer melhores produtos, e a questão saudabilidade é um dos grandes diferenciais, como menor teor de sal e açúcar, menos conservantes e mais produtos com rastreabilidade".
Esta preocupação com a saúde no cardápio também é uma realidade apontada pelo empresário Flávio Meneghetti Machado, 56 anos. Proprietário do restaurante Mesa Natural, que existe em Porto Alegre há três décadas, ele ressalta o crescimento do interesse dos frequentadores por alimentos sem agrotóxicos, independentemente da classe social. Ele conta que levar aos clientes uma opção mais natural sempre foi uma preocupação da equipe. Mas, no início das atividades, a oferta de orgânicos ainda era muito restrita. Hoje, 50% do que está no buffet é elaborado com esses produtos. "Tudo depende da época de cada cultura da safra, afinal estamos trabalhando com produtos sujeitos ao clima", explica.

Dedicação para vender saúde

Na Feira Ecológica do Bairro Menino Deus, instalada junto à Secretaria da Agricultura do Estado, uma das oito existentes na Capital, o casal Vilceu e Líria Stefanovsky se orgulha em poder oferecer produtos certificados e livres de pesticidas. Todos os sábado, eles viajam duas horas para vender o que produzem na propriedade familiar, em Cerro Grande do Sul, na Costa Doce. Ele é um dos primeiros feirantes do local, que abriu as portas há cerca de 20 anos. "Eu comecei a minha trajetória com a feira, e estar aqui me deixa muito feliz, pois levar mais saúde para as pessoas compensa nosso trabalho e dedicação", confessa a agricultor, que, a cada semana, comercializa 90 caixas de itens orgânicos, como batata-doce, alface, rúcula e agrião.
Esta satisfação também é compartilhada por Clara Hartmann, que, desde 2012, recebe os clientes na loja Mesa Natural, que fica no bairro Petrópolis. "O consumidor que me encanta é a criança que chega, pega uma cenoura, pede para lavar e come imediatamente; ou o senhorzinho que procura lima, limão-bergamota, goiaba, e diz que nossas couves têm o sabor de antigamente", conta.
De acordo com a empresária, também médica, quando o estabelecimento abriu as portas, eram trazidos da propriedade da família cerca de 300 quilos de frutas e 50 quilos de hortaliças por mês. Hoje, a produção de três toneladas de frutas e de meia tonelada de hortaliças é toda vendida, havendo a necessidade de buscar parceiros para abastecer a loja. Apesar dos números, ela explica que a rentabilidade não é alta, pois o custo de produção e os gastos fixos são elevados. "Trabalhamos com mercadorias sensíveis e ainda pouco valorizadas em relação às industrializadas, mas nosso objetivo sempre foi oferecer um produto vindo direto da roça, sem intermediários, saudável e a um preço justo, tornando acessível o consumo de orgânicos a um número cada vez maior de pessoas. E isso é muito gratificante", ressalta.