Uma das atividades das mais sensíveis aos altos e baixos da economia, o setor de supermercados percebe no check out o quanto o consumidor está mais atento aos gastos e comedido nas compras. Mesmo assim, conseguiu no ano passado um aumento real de 3,4% nas vendas no Estado, segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). O presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, acredita que em 2017 será possível atingir um crescimento entre 1% a 2%, o que já é considerado "muito positivo". Neste ano, o setor pretende investir em torno de R$ 79 milhões em novas lojas e R$ 73,9 milhões em reformas, a fim de melhorar serviços e otimizar pontos de venda.
O setor tem um peso de 6,9% no PIB gaúcho e ocupa a terceira posição no ranking nacional, com faturamento de R$ 338,7 bilhões. No Brasil, as vendas em valores reais caíram 1,4% de janeiro a março de 2017, na comparação com o mesmo período de 2016, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em março, as vendas - deflacionadas - apresentaram alta de 4,49% na comparação com fevereiro, mas uma queda de 3,87% em relação ao mesmo mês do ano passado. Para o presidente da entidade, João Sanzovo Neto, o resultado refletiu o fator sazonal relacionado à Páscoa. A Abras também mantém previsão de 1,3% de crescimento para o ano.
O presidente da Agas afirma que o crescimento real obtido no ano passado e as projeções positivas para 2017 se devem à readequação do setor, "que se preparou para este momento", entendendo os novos hábitos de consumo e as mudanças no comportamento dos clientes, que, por exemplo, reduziram o tempo em frente à gôndola (hoje, 15 segundos em média) e, em 70% dos casos, decidem as compras na hora. Com isso, a visualização dos produtos tem de ser cada vez mais valorizada e facilitada.
Ciente dessa tendência, o mix de produtos disponíveis nos estabelecimentos passa por um processo de enxugamento desde 2015 e a marca própria já não tem a mesma importância na contabilidade geral das empresas. O tíquete médio passou de R$ 44,02 em 2015 para R$ 47,80 em 2016, mas a elevação acompanha a inflação do período. Receoso com o avanço da taxa de juros, o consumidor reduziu a compra parcelada, preferindo pagar à vista em dinheiro ou cartão de débito.
A segurança é uma das principais preocupações dos empresários e, para fazer frente aos riscos de roubos e assaltos, mais de R$ 130 milhões foram investidos para reforçar a segurança dos estabelecimentos.
Longo destaca que as dificuldades tornaram o setor mais eficiente e ágil e informa que de cada quatro empresas, uma investe em ampliação ou melhorias no ponto de venda. Há, porém, os que preferem enxugar operações, como o Walmart, que fechou mais de 10 lojas no Estado.
As empresas de porte médio, ao contrário, estão em fase de expansão, apostando na identificação com as comunidades.