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Economia

- Publicada em 29 de Maio de 2017 às 19:00

Opinião econômica: O lado do Brasil

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN


/Arquivo/JC
Qualquer observador desarmado que olhe para o convulsionado Brasil de hoje dirá que o País precisa de conciliação. Não há como sair da enrascada político-econômica em que se meteu sem um mínimo de entendimento entre as partes em conflito.
Qualquer observador desarmado que olhe para o convulsionado Brasil de hoje dirá que o País precisa de conciliação. Não há como sair da enrascada político-econômica em que se meteu sem um mínimo de entendimento entre as partes em conflito.
Tolerância e serenidade são virtudes a serem cultivadas mais do que nunca neste momento. Não quero dizer que se deva fechar os olhos para malfeitos, que têm de ser rigorosamente apurados e punidos. Falo da necessidade de excluir o ódio e o radicalismo do cenário atual de disputa tanto pelo poder político quanto pela preponderância na forma de conduzir a economia.
O País precisa de reformas modernizantes, algumas já em andamento, e quase ninguém discorda disso. Os reformistas, porém, têm que entender que as mudanças são de grande magnitude.
A ideia criada é a de que façamos as reformas imediatamente. O Brasil está frágil, e não é hora de provas. Haverá graves danos, sem dúvida, se as reformas empacarem. Mas é possível estender um pouco mais o esforço reformista no tempo, para que as mudanças possam ser mais bem explicadas às pessoas e entendidas por aqueles que serão atingidos diretamente.
De outra parte, espera-se das forças que reagem radicalmente contra todas as propostas de reformas o bom senso para entender que o País, no médio e longo prazo, perderá a viabilidade se não puser em marcha, desde já, de forma gradual, as mudanças modernizantes nas áreas trabalhista, previdenciária, tributária e política.
Posições extremistas, na economia e na política, levam sempre a decepções e fracassos. Políticas monetárias radicais, como se adotou no País, incham o setor financeiro, asfixiam o setor produtivo e impulsionam a recessão e o desemprego. Seguidos e impiedosos cortes de gastos fazem encolher mais ainda a produção e, em consequência reduzem as receitas do governo, o que acaba por exigir mais cortes, engrossando uma bola de neve nefasta para a economia.
Gastanças descontroladas, por outro lado, principalmente em despesas correntes, tendem a estimular a inflação, que corrói renda e salários principalmente das camadas mais pobres da população.
O objetivo maior do País, que se resume em desenvolvimento, criação de empregos e melhoria da condição de vida das pessoas, só será atingido se os vários lados da atual disputa abandonarem radicalismos e buscarem soluções negociadas que se enquadram nos limites legais e constitucionais.
Em 1977, a Espanha estava à beira do caos, com inflação elevada, desemprego e ameaças do retorno a um regime autoritário. Articulou-se então um acordo, do qual participaram governo, partidos, sindicatos, associações de empresários. Todos fizeram concessões, e assinou-se o conhecido Pacto de Moncloa, uma referência mundial em matéria de entendimento político e econômico bem-sucedido.
Não acho que o Brasil precise de algo tão grandioso quanto o pacto espanhol. Nem há clima para isso, e as circunstâncias são diferentes. Neste momento, porém, quando parece se armar uma nova temporada de manifestações populares, é preciso que a ideia da conciliação esteja presente nas mentes das pessoas de bem. Porque, na verdade, todos estão no mesmo lado, o lado do Brasil.
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e presidente do conselho de administração da empresa
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