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operação lava jato

- Publicada em 18 de Maio de 2017 às 19:25

Crise política aciona circuit breaker na bolsa

Índice chegou a cair 10,70%, ativando mecanismo contra oscilações

Índice chegou a cair 10,70%, ativando mecanismo contra oscilações


NELSON ALMEIDA/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O conteúdo explosivo da delação do empresário Joesley Batista comprometendo o presidente Michel Temer teve efeitos drásticos sobre o mercado de ações, que viu ressurgir a figura do "circuit breaker", mecanismo de defesa da bolsa contra oscilações demasiadamente bruscas. Logo no início dos negócios, uma onda de operações de zeragem de posições levou o Índice Bovespa a cair até 10,70%, levando à interrupção das operações por 30 minutos.
O conteúdo explosivo da delação do empresário Joesley Batista comprometendo o presidente Michel Temer teve efeitos drásticos sobre o mercado de ações, que viu ressurgir a figura do "circuit breaker", mecanismo de defesa da bolsa contra oscilações demasiadamente bruscas. Logo no início dos negócios, uma onda de operações de zeragem de posições levou o Índice Bovespa a cair até 10,70%, levando à interrupção das operações por 30 minutos.
Com o fim das correções de emergência, a queda se desacelerou e o Ibovespa terminou o dia aos 61.597 pontos, em queda de 5.943 pontos. O resultado representou perda percentual de 8,80%, a maior em um único dia desde 22 de outubro de 2008, última vez em que o circuit breaker havia sido acionado, durante a crise financeira mundial daquele ano. O volume de negócios somou R$ 24,8 bilhões, o triplo da média diária de maio.
O Ibovespa recuou de uma queda de 9% para em torno de 7% com a intensificação das especulações que davam como certa a renúncia do presidente após a denúncia de apoio à compra do sigilo do ex-deputado Eduardo Cunha. Em um discurso iniciado pouco depois das 16h, o presidente adotou um tom de indignação ao combater as acusações. Disse que não renunciaria, que não comprou o silêncio de ninguém e que não precisa de foro privilegiado. Ainda qualificou os áudios da delação como "clandestinos". Encerrado o depoimento, o índice voltou a acelerar as perdas.
"O grande problema é que não temos ideia do que vai acontecer daqui em diante. É um problema sério, que pode causar uma brutal destruição de valor das companhias brasileiras", disse Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
As quedas foram generalizadas na bolsa, só poupando ações de empresas exportadoras, que refletiram a alta de 8,07% do dólar ante o real. Fibria ON ( 11,48%) e Suzano PNA ( 9,86%) foram as principais altas do Ibovespa. Vale ON e PNA subiram 0,07% e 0,39%, respectivamente, também refletindo a alta do dólar.
As ações de empresas estatais, que refletem em grande parte o risco político, se destacaram em queda. Banco do Brasil ON caiu 19,91%, enquanto Eletrobras ON perdeu 20,97%. As ações da Petrobras perderam 11,37% (ON) e 15,76% (PN). Com o resultado de hoje, o Ibovespa anulou todos os ganhos de maio e passa a contabilizar perda de 5,82% em maio e uma alta de 2,27% em 2017.
Bolsa

Presidente do BC tenta acalmar mercado em momento de crise

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou que, neste momento de crise política, o trabalho do BC tem que ser "contínuo, sereno e firme". Declarou ainda que o BC e o Tesouro Nacional estão atuando de forma conjunta para acalmar o mercado. "Estamos fazendo nosso papel, que é o papel do BC, que é manter a funcionalidade do mercado, trabalhando de forma serena, de forma firme, usando os instrumentos que a gente tem", afirmou antes de reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Goldfajn lembrou que a autoridade monetária interviu no mercado nesta quinta-feira através de leilões de swaps, operações que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.
"Estivemos intervindo no mercado de swap em coordenação com o Ministério da Fazenda, com o Tesouro Nacional, que anunciou alguns leilões", disse, referindo-se ao anúncio do Tesouro de que realizará leilões extraordinários de títulos públicos nesta sexta, segunda e terça-feira, visando reduzir a volatilidade dos mercados. "Temos vários instrumentos e estamos trabalhando para acalmar o mercado, para atravessar esse período, e é um trabalho contínuo, um trabalho sereno, um trabalho firme."
Mais cedo, fontes da equipe econômica haviam afirmado que a primeira linha de defesa é mesmo o swap e, depois, leilões de linha. A mesma fonte comentou que seria "legítimo" usar as reservas internacionais, a exemplo do que aconteceu em 2008, com a crise financeira internacional.
Questionado se a política monetária mudará agora, Goldfajn respondeu que essa é "uma questão separada". "A questão em que estamos atuando hoje não tem relação mecânica com a política monetária, é uma decisão tomada nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária)."

Analistas e corretoras revisam para baixo previsões de corte da taxa básica de juros

A denúncia da direção da JBS envolvendo o presidente Michel Temer leva o mercado a começar a revisar para baixo as previsões para o corte da taxa básica de juros Selic, que há uma semana haviam sido elevadas para até 1,25 ponto percentual, para a próxima reunião do Copom, que ocorre no final deste mês. A mínima de aposta para o corte, agora, já chega a 0,25 apenas, de acordo com Mirae Asset Wealth Management.
"O mercado está sem probabilidades corretas porque os mercados estão quase todo nos limites de alta. Mas, se analisarmos assim, o mercado precifica 100% de chance de queda de apenas 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Procon", afirma Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operacões da Mirae Asset.
A corretora Gradual investimentos também divulgou relatório revendo sua aposta de corte para apenas 0,75 ponto. "Dado a alteração abrupta do cenário político alteramos o call de corte da Selic", justificou.
A aceleração da queda Selic, assim reduzindo o juro real, é tida como essencial, junto com a queda da inflação, para estimular consumo e investimentos e, consequentemente, a retomada da economia. Hoje, a taxa está em 11,25% ao ano e as previsões, até ontem, eram de que a taxa podia cair a um patamar mínimo de 7,5%.
 

Dólar tem a maior alta desde maxivalorização de 1999

O dólar marcou nesta quinta-feira a terceira maior alta da história ante o real, perdendo apenas para os dois episódios registrados durante a maxidesvalorização do real em janeiro de 1999, quando o Brasil abandonou o regime de bandas cambiais. O escândalo envolvendo o presidente Michel Temer e uma possível anuência para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha ainda pode levar à queda do governo e, mesmo que isso não aconteça, certamente prejudicará as reformas estruturais.
O dólar à vista no balcão subiu 8,07%, fechando a R$ 3,3868, o maior nível desde 16 de dezembro do ano passado. A alta percentual só perde para 15 de janeiro ( 11,10%) e 13 de janeiro ( 8,91%) de 1999. O giro registrado pela clearing de câmbio da B3 foi de
US$ 2,056 bilhões, bastante forte para a média recente.
O mercado de câmbio já abriu estressado e o dólar futuro entrou em leilão diversas vezes durante o pregão. A B3 informou que, exclusivamente para o pregão desta quinta-feira, expandiu os limites de negociação para os contratos futuro e mini de câmbio dos atuais 6% para 9% sobre o ajuste anterior.
No meio da tarde, quando surgiram rumores de que Temer poderia renunciar, a moeda norte-americana bateu mínimas, mas ainda assim com valorização de quase 6%. Pouco depois, o presidente veio a público, se defendeu das acusações e disse veementemente que não vai deixar o cargo por livre e espontânea vontade.
Nas cinco operações cambiais realizadas pelo BC, a instituição negociou com o mercado 88.000 contratos de swap (US$ 4,400 bilhões). Foram quatro leilões extraordinários, além da rolagem dos contratos que vencem em junho, que já estava prevista.