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Agronegócios

- Publicada em 14 de Maio de 2017 às 21:49

Bancos privados investem na disputa do crédito rural

Volume de recursos para segmento agrícola vem crescendo desde 2013

Volume de recursos para segmento agrícola vem crescendo desde 2013


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Os três maiores bancos comerciais privados do Brasil em volume de ativos (Itaú, Bradesco e Santander) travam uma saudável disputa pela ampliação de sua presença no agronegócio brasileiro. Tradicionalmente mais ligados ao Banco do Brasil, nacionalmente, e ao Banrisul e às cooperativas de crédito, no Rio Grande do Sul, produtores rurais estão cada vez mais no foco dos bancos privados. O "assédio" sobre o segmento cresceu sobretudo a partir de 2013, quando a crise econômica se aprofundou no País, e a agricultura e a pecuária se tornaram ilhas de desenvolvimento praticamente isoladas.
Os três maiores bancos comerciais privados do Brasil em volume de ativos (Itaú, Bradesco e Santander) travam uma saudável disputa pela ampliação de sua presença no agronegócio brasileiro. Tradicionalmente mais ligados ao Banco do Brasil, nacionalmente, e ao Banrisul e às cooperativas de crédito, no Rio Grande do Sul, produtores rurais estão cada vez mais no foco dos bancos privados. O "assédio" sobre o segmento cresceu sobretudo a partir de 2013, quando a crise econômica se aprofundou no País, e a agricultura e a pecuária se tornaram ilhas de desenvolvimento praticamente isoladas.
Com estratégias similares, em alguns casos, e particulares, em outros, Itaú, Bradesco e Santander têm em comum o fato de buscarem, no campo, clientes que contam com recursos e perspectivas de crescimento como poucas atividades têm hoje no País. Ainda que hoje seja o símbolo maior da pujança do setor, a supersafra colhida no ciclo 2016/2017 apenas coroa o bom momento do agronegócio brasileiro. O potencial financeiro do setor vai além da simples contratação de financiamentos.
Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) mostram claramente o avanço dos bancos privados no meio rural. Enquanto, entre julho de 2015 e abril de 2016, a liberação de recursos via bancos privados representou 47% dos R$ 56 bilhões liberados pelas instituições públicas (sem Pronaf), no mesmo período, entre 2016 e 2017, o volume avançou para 72%, alcançando R$ 30,5 bilhões sobre os R$ 41,9 bilhões que chegaram aos produtores via bancos públicos, entre recursos controlados e livres.
Assessora da Comissão Nacional de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Fernanda Schwantes afirma que essas instituições crescem especialmente em regiões de atendimento ainda não plenamente cobertas nem pelo setor público, nem pelas cooperativas de crédito, como no Norte e no Centro-Oeste, por exemplo. Uma da vantagens do setor privado, diz Fernanda, é a agilidade na criação de novos serviços e produtos. Além de as taxas e juros cobrados pelos bancos privados serem equivalentes, se for levado em conta que bancos públicos costumam fazer mais exigências do que os privados na concessão de crédito, o custo no privado fica até menor, afirma a assessora técnica da CNA.
"Apesar de ser venda casada, nas instituições públicas é normal cobrar do produtor a adesão a uma série de produtos bancários para pegar financiamento, o que não ocorre no privado", diz Fernanda.
Apesar de o avanço privado ser a grande marca dos últimos anos, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto, também chama a atenção para o avanço de um grande player público. A Caixa Econômica Federal, diz Sperotto, também tem aberto os olhos para as oportunidades do setor.
"A Caixa sempre foi mais ligada à construção civil, por exemplo, mas tem se aproximado da agricultura e da pecuária, especialmente no último ano, o que agrega concorrentes mais fortes ao setor, junto com os privados", avalia Sperotto.
O crescimento também se reflete em mercado de trabalho extra para um profissional diretamente ligado às atividades no campo: o engenheiro agrônomo. Para melhor analisar as condições e necessidades, assim como fiscalizar e acompanhar o uso dos recursos, agrônomos reforçam as equipes e a presença nas agências, especialmente em polos agrícolas do interior dos principais estados produtores do Brasil.

Itaú busca diferenciação com apoio à gestão financeira para os produtores

Diretor de Produtores Rurais no Itaú BBA, Antonio Carlos Ortiz não gosta de falar da importância do agronegócio para a instituição focando nas linhas de financiamento. Vai logo dizendo que não é este o foco. "Queremos um relacionamento que faça sentido no longo prazo, e não em uma transação. Queremos estar próximos, desde a ajuda para fazer o hedge e a proteção cambial até o cuidado com o fluxo de caixa, pagamentos e recebíveis, aproximando-o inclusive do mercado de capitais", explica.
De acordo com o executivo, da carteira empresarial do Itaú, o setor primário avançou de participação de cerca de 6%, há cinco anos, para próximo de 19% hoje.
No Rio Grande do Sul, além de uma cadeia bem organizada da produção primária até a industrial, outra característica torna o Estado importante para o banco. "O Rio Grande do Sul tem muitos pequenos produtores, e cada um procura ter, dentro do possível, sua própria estrutura em tratores e colheitadeiras. Isso representa um enorme mercado e investimento em tecnologia", avalia Ortiz.

Bradesco aposta principalmente na pecuária para expandir sua carteira

Apesar de a soja ser a grande estrela do agronegócio, é com a pecuária que o Bradesco tem sua relação mais estreita. Da carteira de crédito do banco, 21% vem da atividade com animais, 11% da soja, 4% do milho, 8% para cooperativas. O restante é fragmentado a outras culturas, segundo Rui Pereira Rosa, superintendente executivo de agronegócio da instituição. "No ano-safra 2016/2017, nossa carteira agro crescerá 10%", ressalta.
Do universo de R$ 22 bilhões que a instituição destinou ao setor, diluídos em 130 mil contratos, o agronegócio ainda tem ganhos não incluídos nesta soma. Pereira se refere a produtos e serviços que vem na esteira do relacionamento com o produtos rural. "O produtor que adquire financiamento também é o consumidor de um consórcio de veículo, de um seguro de vida e produtos não ligados ao campo", ressalta o executivo do Bradesco.
Questionado sobre a importância do Rio Grande do Sul na estratégia para o agronegócio, o executivo é rápido: "É o único estado onde patrocinamos duas feiras, a Expodireto e a Expointer".

Santander abre 16 agências bancárias especializadas no setor em 2017

Foi em 2015, com a chegada de Sérgio Rial à presidência do Santander, que o agronegócio ganhou prioridade na instituição. E não é por acaso. Rial, além do setor financeiro, tem forte ligação com o setor: passou por gigantes do ramo, como Cargill, Seara e Marfrig.
Em 2016, reforçou a equipe e contratou mais de 40 agrônomos para atuar nas agências no País e afirma ter reduzido em 40% o tempo para liberar créditos. O banco também contabiliza nas estratégias de conquista de terreno a abertura de atendimento especializado e mais perto da porteira, com a criação de agências vocacionadas. Hoje, são 300 no Brasil, oferecendo suporte de agrônomos, tecnologia e novos serviços. Neste ano, o banco planeja abrir 16 agências especializadas no setor agrícola.
A participação em eventos do setor também se expandiu: de sete em 2016 para 11 em 2017. Com isso, no primeiro trimestre, a carteira de crédito rural ficou em
R$ 10,6 bilhões, um acréscimo de 68,25% na comparação com os
R$ 6,3 bilhões do mesmo período do ano passado.