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consumo

- Publicada em 14 de Maio de 2017 às 21:53

'Emprestar' crédito gera dor de cabeça e inadimplência, aponta pesquisa

Amigos e irmãos são maiores beneficiados, segundo a pesquisa

Amigos e irmãos são maiores beneficiados, segundo a pesquisa


/JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
A pesquisa Motivações e Consequência do Empréstimo do Nome, conduzida pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), constatou que dois em cada 10 brasileiros estão em situação de inadimplência por terem "emprestado" crédito a terceiros.
A pesquisa Motivações e Consequência do Empréstimo do Nome, conduzida pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), constatou que dois em cada 10 brasileiros estão em situação de inadimplência por terem "emprestado" crédito a terceiros.
O número de negativos representa 16,9% das 602 pessoas que foram entrevistadas em todos os estados do País. Entre os casos analisados, 31% disseram ter emprestado o seu nome para amigos e 22% para irmãos. Do total apurado, 5,9% se concentra no Rio Grande do Sul.
De acordo com o superintendente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) - entidade que representa o SPC Nacional no Estado -, Leonardo Neira, a prática de compartilhar crédito com terceiros é bastante comum entre os gaúchos. Embora não aconselhe a operação, Neira recomenda, para quem a fizer, acompanhar de perto a transação. "Entre os entrevistados, 32,5% afirmaram não conhecer o valor que foi gasto em seu nome, por isso, esse é um dos principais motivos que leva ao endividamento de quem compartilha crédito", explica o dirigente da FCDL-RS.
Em 51% dos casos, os consumidores afirmaram ter emprestado seus dados, cartão de crédito ou cheque com o objetivo de ajudar quem solicitou; 15,1% justificaram sentir pena; 9,9%, vergonha de dizer não; e outros 9,8%, medo de magoar quem pediu.
"Por mais que as pessoas queiram ajudar, aprender a dizer não com firmeza é necessário", aconselha o educador financeiro Leandro Rodrigues. Para o especialista, expor a vida financeira a outras pessoas, como, por exemplo, revelar o limite do cartão de crédito, é chamariz para que solicitem o empréstimo do nome.
Cerca de 25% dos entrevistados afirmaram que o fator emocional foi fundamental na hora de decidir pelo empréstimo do nome. Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, lutar contra o fator emocional é algo complexo, já que a lógica de tomar a decisão de compartilhar o crédito não tem relação com a lógica econômica.
Ficar atento às consequências que o compartilhamento de crédito pode trazer é uma das formas de prevenir próximos empréstimos com essa finalidade. A pesquisa mostrou que 69% afirmaram que o empréstimo abalou a relação com os amigos de alguma forma, e 18% desfizeram a amizade. Quanto às finanças, 56,4% dos entrevistados informaram ter tomado alguma atitude especial para pagar a dívida, sendo que 35,6% precisaram economizar e cortar gastos.
Em média, os consumidores desembolsaram R$ 1.215,14 para honrar o compromisso feito por terceiros. Em 33% dos casos, a principal justificativa de quem pediu o nome emprestado e não honrou com o compromisso assumido foi a falta de recursos para fazer o pagamento. Já 18,6% desapareceram e quem emprestou não conseguiu cobrar o valor. Apenas em 3,4% dos casos a dívida foi totalmente honrada por quem a contraiu.
Mesmo já tendo arcado com o prejuízo, 24% dos consumidores disseram que retornaram a emprestar seu nome. Para Pinheiro, este comportamento está diretamente atrelado à cultura brasileira. "Brasileiro preza pelo relacionamento familiar próximo e pela preservação de suas amizades. Por esse motivo, voltam a compartilhar o crédito", afirma o presidente da CNDL.

Especialista aponta medidas para evitar o calote

Não há garantias legais para quem empresta o seu nome. A dívida, perante a Justiça, pertence unicamente a quem emprestou. Por este motivo, a advogada especialista na área Cível Carolina Chagas considera que, nesses casos, uma forma de reduzir os riscos da inadimplência é formular um contrato.
O documento pode servir de prova para um eventual ajuizamento, caso o terceiro não cumpra com o seu compromisso. "É preciso apenas que as duas partes assinem e especifiquem o valor que será utilizado no nome de quem está emprestando", afirma Carolina. Outra dica da advogada é redigir uma nota promissória antes de compartilhar o crédito.