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Empresas & Negócios

- Publicada em 23 de Maio de 2017 às 14:01

Opus investe na cultura como motor para os negócios


MILA MALUHY/DIVULGAÇÃO/JC
Thiago Copetti
Apesar da crise que se instalou no Brasil nos últimos anos, uma das maiores produtoras de espetáculos do Estado não recuou em seus projetos de expansão nem se furtou de investir aqui e também fora do Rio Grande do Sul. Há 40 ano no mercado, a Opus Promoções inaugurou, em 2017, seu primeiro teatro com marca própria (no Shopping Villa Lobos, em São Paulo), abriu um novo braço de qualificação (o laboratório de teatro Opus Lab), ganhou um sócio (Jonathas Zaffari, agora vice-presidente da empresa), e segue com grandes projetos, ressalta o presidente da empresa, Carlos Konrath.
Apesar da crise que se instalou no Brasil nos últimos anos, uma das maiores produtoras de espetáculos do Estado não recuou em seus projetos de expansão nem se furtou de investir aqui e também fora do Rio Grande do Sul. Há 40 ano no mercado, a Opus Promoções inaugurou, em 2017, seu primeiro teatro com marca própria (no Shopping Villa Lobos, em São Paulo), abriu um novo braço de qualificação (o laboratório de teatro Opus Lab), ganhou um sócio (Jonathas Zaffari, agora vice-presidente da empresa), e segue com grandes projetos, ressalta o presidente da empresa, Carlos Konrath.
Responsável pela gestão de nove casas de espetáculos no Brasil, tem na lista de grandes shows internacionais influências de quatro décadas que faltariam holofotes para tantos nomes (de Ray Charles a Pearl Jam). Também exibe no currículo os 20 anos de produção da Disney On Ice na Capital, sucesso de público que acabou de encerrar um novo roteiro na cidade.
Empresas & Negócios - Mesmo com a crise, a Opus exibe robustas novidades. É a cultura que vai bem ou a Opus é que vai bem?
Carlos Konrath - A Opus tem se virado. O momento é de oportunidade, mas a dificuldade é explícita. Temos uma equipe muito grande e precisamos fazer as coisas girarem. Nesse meio tempo entre planejamento e execução, a crise chegou, e resolvemos seguir em frente. Tentamos superar as dificuldades criando novos teatros, como o Opus Lab, e com atrações importantes, como manter aqui no Sul a turnê da Disney On Ice, que não é um projeto barato nem simples e completa 20 anos de Porto Alegre em 2017.
Empresas & Negócios - Administrar pela primeira vez um teatro próprio, com o nome Opus, é um desafio maior?
Konrath - Eu diria que cada casa é uma responsabilidade gigante e tem seu perfil e necessidades. O desafio é sempre fazer o que tem de melhor e adequado ao entorno desses locais. No caso da nova casa, temos muito orgulho em levar nosso nome para fora do Rio Grande. Uma marca consagrada, que chega em São Paulo pela segunda vez, em uma época turbulenta. Já éramos muito conhecidos no meio artístico; o que o teatro muda, agora, é que nos torna ainda mais conhecidos pelo grande público, mais populares. Isso nos permite estar ainda mais presentes no entretenimento nacional.
Empresas & Negócios - E por que investir em um braço próprio de formação de novos profissionais, o Opus Lab?
Konrath - Eu não diria que estamos simplesmente treinando e capacitando talentos, mas dando oportunidade para o próprio público entender melhor o teatro, do palco para a plateia, para quem ama as artes em geral. O Opus Lab chega para formar novos profissionais e novas plateias, para enriquecer um momento em que estamos tão virtuais, tão fixados no celular. É uma oportunidade de desgrudar do fantástico mundo da tecnologia e seus equipamentos maravilhosos e viver um pouco da realidade.
Empresas & Negócios - Porto Alegre tem recebido enorme quantidade de shows internacionais. Esse volume não impõe um risco ao negócio, de um show eliminar o público do outro?
Korath - Os grandes shows também são oportunidades de formar novas plateias e levar as pessoas, cada vez mais, a viver um momento. Um show é eletrizante e único. E voltamos a falar aqui da questão do equilíbrio da tecnologia e do viver o momento real. Hoje, do celular, qualquer um acessa um show, no carro, no trânsito. Mas isso não é o mesmo que estar ao vivo. Eu diria que, de certa forma, o grande espetáculo, algumas vezes, leva o público de uma atração para outra.
Empresas & Negócios - Grandes espetáculos, por sinal, têm um custo elevado. Como fazer a aposta certa na hora de escolher o que vem ao Estado? Como a Opus avalia a viabilidade de trazer ou não um show para a Capital?
Konrath - Com muita negociação com os fornecedores, que precisam estar sintonizados com o funcionamento de toda a engrenagem. Com qualidade, e que isso não seja motivo para tornar um ingresso mais caro ou barato. Nunca podemos pensar em perder qualidade. Quando o público tem uma frequência de grandes shows, ele faz parte dessa engrenagem e ajuda a manter a qualidade.
Empresas & Negócios - É possível identificar uma tendência em entretenimento e cultura?
Konrath - A tendência é usufruir de qualidade com ingressos suportáveis financeiramente. Sabemos que algumas instâncias que são impostas aos cidadãos, como a lei da meia-entrada, quer seja para estudante ou idoso ou qualquer tipo de categoria, o que deixa a entrada mais cara. Isenções como estas encarecem os ingressos para todo mundo. Eu diria que essa demagogia acaba gerando prejuízo cultural enorme à sociedade. Quem instala esse benefício não se preocupa em dizer quem subsidiará isso. Não é possível explicar, em sã consciência, que uma pessoa pague R$ 100,00 por um espetáculo e outros paguem R$ 50,00. Não posso pedir ao hotel, à companhia aérea, aos técnicos de som e de luz, a todos os envolvidos em uma operação que cobrem metade do preço. Isso não existe. A única maneira é aumentar o valor do ingresso. E vale dizer que há muitos estudantes e aposentados, que, muitas vezes, têm melhores posses e estruturas e pagam metade do que pagou o seu vizinho de poltrona, muitas vezes um recém-formado, ainda batalhando pela vida, e apaixonado pela cultura. Ou seja, esse espectador está subsidiando alguém de uma classe superior à dele. Onde está o senso de justiça desse processo?
Empresas & Negócios - Depois de um benefício dado, é difícil retirá-lo. O senhor vislumbra alguma possibilidade de mudança?
Konrath - Só com uma mobilização da sociedade, que é a grande prejudicada. Quem paga essa conta? O Brasil que eu enxergo no futuro vai ter que cuidar dessas coisas. Ter ingressos com apoio da Lei Rouanet, espetáculos gratuitos ou mais acessíveis para a população, mas para todos. A meia-entrada é um desvio da realidade. Faz com que os ingresso sejam caros e, muitas vezes, leva as pessoas a se afastarem da cultura ou que o façam com muito sacrifício. Esse é um benefício que não existe. É a metade pelo dobro.
Empresas & Negócios - Onde a Opus não está, hoje, e pretende ou deseja se instalar?
Konrath - O que nos preocupa, hoje, é manter a qualidade do que já fazemos. Mas temos simpatia pela capital federal, por Minas Gerais, pelo Paraná, por Salvador. Há um "Brasilzão" por aí e, se tivermos condições de avançar, vamos seguir esse desafio, sim.
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