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Empresas & Negócios

- Publicada em 22 de Maio de 2017 às 11:31

Medo da recessão volta a estar no radar dos brasileiros


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O aprofundamento da crise política ameaça abortar a frágil recuperação da economia brasileira, e acentuou o risco de prolongamento da recessão, que parecia ter ficado para trás. Desde o vazamento da notícia da delação do empresário Joesley Batista, a incerteza explodiu. Segundo economistas, antes de um desfecho para a crise, qualquer projeção de cenário se tornou extremamente arriscada. "Os ventos, agora, parecem contra a recuperação, que ainda era muito tímida", diz Robert Wood, analista-chefe da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). 
O aprofundamento da crise política ameaça abortar a frágil recuperação da economia brasileira, e acentuou o risco de prolongamento da recessão, que parecia ter ficado para trás. Desde o vazamento da notícia da delação do empresário Joesley Batista, a incerteza explodiu. Segundo economistas, antes de um desfecho para a crise, qualquer projeção de cenário se tornou extremamente arriscada. "Os ventos, agora, parecem contra a recuperação, que ainda era muito tímida", diz Robert Wood, analista-chefe da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). 
O desdobramento considerado menos prejudicial à economia é o de que um eventual sucessor do presidente Michel Temer mantenha tanto a equipe econômica quanto a agenda do atual governo. Na lista de prioridades, a proposta de reforma da Previdência, em tramitação no Congresso, é considerada a mais importante.
Isso porque, sem ela, a gradativa arrumação das contas públicas, prevista para os próximos 10 anos, cai por terra, comprometendo as perspectivas de crescimento do Brasil no médio prazo. "A reforma da Previdência não teria impacto fiscal no curto prazo, mas a percepção de que ela seria aprovada estava mudando o humor de investidores em relação ao Brasil", afirma Wood.
A aposta de economistas era a de que essas expectativas positivas trariam investimentos de volta e, com isso, o crescimento econômico aumentaria gradualmente. No entanto, segundo analistas, sem a perspectiva de redução da despesa do governo com as aposentadorias, as projeções para o deficit fiscal - que vinham caindo - tendem a voltar a subir.
Nesse cenário negativo, investidores podem vender títulos da dívida pública, puxando para cima os juros de longo prazo no mercado. O dólar também entraria em trajetória acentuadamente ascendente, aumentando as expectativas de inflação. O resultado seria um aumento no custo de financiamento do governo - com a alta dos juros no mercado futuro -, levando a uma piora dos seus indicadores de solvência, como a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto).
Sem reformas, a alternativa do governo para tentar reduzir esses riscos seria o corte de outros gastos ou o aumento de impostos. Medidas nessa linha, no entanto, acentuariam a recessão. Por isso, economistas acham que, embora incerta, a chance de que um eventual novo governo mantenha o comprometimento com as reformas propostas por Temer seria a saída mais racional.
Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, diz que a fragilidade da economia não permite que a classe política evite as reformas. Ela espera que haja pressão do setor privado pela manutenção do cronograma de ajuste. A economista ressalta que, embora a crise política tenha paralisado as discussões sobre reformas em Brasília, a alternativa seria o colapso. "Não acho que a chance de aprovação das reformas na Câmara hoje seja zero", afirma. "Mas também não descartamos o cenário do colapso, sem as reformas e com todas as consequências negativas que isso teria."
"Antes de acontecer o terremoto que vimos, já tinha dito para todo mundo que o governo estava comemorando um 'falso positivo'. O que é isso?", questiona Zeina, ao destacar que o crescimento no primeiro trimestre deste ano, puxado pela agropecuária, não deverá se repetir e também não tem fôlego suficiente para puxar o crescimento de toda a economia em 2017.
Depois do terremoto, as coisas ficaram muito mais complicadas, de uma maneira ou de outra. Temos dois cenários. No primeiro, Temer renuncia e escolhem um novo presidente indiretamente. Ainda assim, sentiremos uma série de restrições que vão conspirar para colocar o PIB brasileiro no negativo mais uma vez. O dólar vai ser mais alto. Haverá menos espaço para o Banco Central reduzir os juros.
Mas tem o cenário B também. Temer bate o pé e fica. Isso deixa as coisas muito mais imprevisíveis. Corremos o risco de ter, no Palácio do Planalto, um presidente sem ação, sem apoio parlamentar suficiente, que vá perdendo a base - o PSDB já ameaça sair - e que ainda alimente a insatisfação popular. Já vimos que as manifestações contra a permanência dele estão crescendo. Há mobilizações sendo agendadas. "Nesse ambiente, tudo pode acontecer. De um jeito ou de outro, as reformas se perderam. A agenda de recuperação fiscal, que era de longo prazo, se perdeu. Nem Temer, nem quem o substitua tem condições de implementá-las."
No aspecto técnico, para a economia, os efeitos colaterais das denúncias contra o presidente Michel Temer vão começar a ser medidos na virada entre maio e junho, quando começam a sair as primeiras sondagens com expectativas e nível de confiança de consumidores e empresários. As primeiras análises feitas por economistas, porém, são desalentadoras no que se refere à recuperação. 
"Tenho de ser sincera: foi um balde de água fria", diz Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/ FGV). Mensalmente, ela coordena os cálculos do indicador que antecipa o crescimento da economia, o chamado Monitor do PIB. Nos dias que se seguiram à divulgação da delação dos irmãos Batistas, sócios da JBS, ela até tentou atualizar as projeções. Reviu para cima a expectativa do primeiro trimestre do PIB, 0,9% para 1%. O segundo trimestre, já previa, será mais baixo. A incógnita é o terceiro trimestre: é nele que vão aparecer os eventuais impactos das gravações da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista.
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