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Operação Lava Jato

- Publicada em 24 de Abril de 2017 às 17:34

'Se Palocci falar, será um verdadeiro terremoto'

Antonio Palocci teria muito o que dizer sobre grupos econômicos

Antonio Palocci teria muito o que dizer sobre grupos econômicos


HEULER ANDREY/HEULER ANDREY/AFP/JC
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini, classificou como um "verdadeiro terremoto" a eventual delação premiada de Antonio Palocci (PT), ex-ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ex-chefe da Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff (PT). "Não sabemos exatamente o que ele pretende, mas, com certeza, se ele falar sobre o que tem conhecimento, o Brasil vai sofrer um verdadeiro terremoto no meio empresarial", disse.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini, classificou como um "verdadeiro terremoto" a eventual delação premiada de Antonio Palocci (PT), ex-ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ex-chefe da Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff (PT). "Não sabemos exatamente o que ele pretende, mas, com certeza, se ele falar sobre o que tem conhecimento, o Brasil vai sofrer um verdadeiro terremoto no meio empresarial", disse.
Para o deputado, o ex-ministro "tem muito para falar". "A gente tem certeza que ele tem muito para falar, inclusive sobre os grandes grupos econômicos brasileiros, o capital financeiro, os grandes bancos e as grandes redes de comunicação", afirmou Zarattini, que participou, nesta segunda-feira, do seminário "Estratégia para a Economia Brasileira - Desenvolvimento, Soberania e Inclusão", promovido pelas lideranças do PT na Câmara e no Senado e pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, em Brasília.
Na semana passada, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Palocci deu indicações sobre sua disposição em fazer um acordo de delação premiada, ao sugerir que tem muito a contar sobre os esquemas investigados pela Operação Lava Jato.
"Fico à sua disposição", disse Palocci a Moro. "Todos os nomes que optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição para o dia em que o senhor quiser. E, se o senhor estiver com agenda muito ocupada e determinar uma pessoa, eu imediatamente apresento todos esses fatos, com nome, endereço, operações realizadas e coisas que certamente vão ser do interesse da Lava Jato, que realiza uma investigação de importância", afirmou o petista, acrescentando que as informações podem abrir um "caminho" que pode render mais um ano de trabalho a Moro.
Palocci está preso em Curitiba desde setembro de 2016, quando foi alvo da 35ª fase da Lava Jato, a Operação Omertà. Ele é acusado formalmente de corrupção e lavagem de dinheiro por ter, segundo o Ministério Público Federal, atuado em favor da Odebrecht nas tratativas da Medida Provisória nº 460, na operação de navios-sondas da Petrobras e na liberação de financiamento do Bndes a obras em Angola em troca de propinas pagas ao PT.
 

Delatora e marqueteira Mônica Moura afirma que discutiu caixa-2 pessoalmente com Dilma

A marqueteira Mônica Moura, delatora da Operação Lava Jato, afirmou, ontem, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tratou pessoalmente com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de repasses para a campanha da petista por meio de caixa-2. As revelações de Mônica, casada com o marqueteiro e também delator João Santana, foram feitas em depoimento por videoconferência ao ministro Herman Benjamin, relator no TSE do processo que pode levar à cassação da chapa Dilma-Michel Temer (PMDB) reeleita em 2014.
De acordo com Mônica, a reunião em que ela e Dilma trataram de caixa-2 ocorreu por volta de maio de 2014, no Palácio do Planalto, em Brasília. Na versão apresentada pela publicitária, os contatos com o PMDB e com o então candidato a vice, Michel Temer, se resumiam a preparações para os programas de TV. Ao ministro Herman Benjamim ela disse que não conversou sobre valores não contabilizados com Temer.
Na campanha de Dilma Rousseff à reeleição, Mônica Moura afirmou que, na primeira conversa com Dilma, ficou acertado que detalhes sobre pagamentos não contabilizados ficariam sob responsabilidade do ex-ministro Guido Mantega, que atuaria como operador do caixa paralelo de campanha.
Conforme revelou a revista Veja, desde que começou a negociar uma delação premiada na Lava Jato, João Santana e Mônica Moura se dispuseram a comprovar que a presidente cassada autorizou, ela mesma, as operações de caixa-2 de sua campanha.
As revelações jogam por terra uma versão mais amena de que Dilma apenas sabia do que acontecia nos bastidores das finanças eleitorais. Segundo a marqueteira afirmou ao ministro Herman Benjamin, a própria Dilma deu aval para que o caixa clandestino funcionasse. Ao ministro do TSE a delatora ainda garantiu que Dilma sabia dos pagamentos realizados no exterior por meio de repasses da Odebrecht e afirmou que, numa das conversas, demonstrou preocupação com a segurança e vulnerabilidade dos pagamentos fora do Brasil.
Na semana passada, João Santana já havia detalhado ao juiz Sérgio Moro a participação da Odebrecht como financiadora ilegal de campanhas eleitorais e dito que o ex-ministro Palocci indicou a empreiteira como uma espécie de caixa complementar da campanha. Segundo Santana, restos a pagar do caixa-2 da campanha de Dilma em 2010 foram quitados pela Odebrecht em 2011 por meio de repasses à offshore Shellbill, na Suíça. Em 2011, foram pagos US$ 10 milhões no exterior, relativos à campanha de Dilma, e do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, além de adiantamentos para as campanhas municipais de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo em 2012.
"Todos (no PT) sabiam (do caixa-2). Era dito que os financiadores não querem fazer dessa maneira, 'não temos como fabricar dinheiro', 'existe uma cultura', existe uma doutrina de senso comum que o caixa-2 existe dessa maneira", relatou João Santana a Sérgio Moro.