O empresário Marcelo Odebrecht prestou ontem o primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro depois de fechar delação premiada. Herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo reafirmou que Lula tinha o apelido de "Amigo" e que a empreiteira tinha uma conta com esse codinome para fazer repasses ao ex-presidente.
Também relatou o repasse de R$ 13 milhões em espécie que teriam sido entregues a Lula. Segundo a reportagem apurou, o empresário disse que o dinheiro saiu da conta "Amigo" e foi pago em parcelas ao longo de 2012 e 2013. Na planilha da Odebrecht esses pagamentos aparecem associados a "Programa B", referência a Branislav Kontic, assessor do ex-ministro Antonio Palocci, e está dividido em seis vezes.
Marcelo reafirmou que Palocci era o "Italiano" da planilha de repasses de propina da empresa e detalhou os mecanismos de pagamento de vantagens indevidas a Palocci, principal interlocutor da Odebrecht na gestão Lula.
Entre os repasses informados por Marcelo no depoimento estão pagamentos feitos ao Instituto Lula para um prédio da entidade e também R$ 50 milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT) por meio do ex-ministro Guido Mantega.
A íntegra do depoimento está sob sigilo, assim como o acordo de delação dos executivos da empresa. O Instituto Lula disse que o ex-presidente nunca pediu valor indevido à Odebrecht.