O juiz Sérgio Moro disse, neste fim de semana, em um evento na Universidade Harvard, em Boston, que o caixa-2 de campanha é uma "trapaça, um atentado à democracia" e é "pior" do que a corrupção praticada para benefício próprio. "Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral", afirmou. "Para mim, a corrupção para fins de financiamento de campanha é pior que o de enriquecimento ilícito."
Moro exemplificou seu argumento dizendo que pegar uma propina e colocar em uma conta na Suíça é crime, mas o dinheiro "não estará fazendo mal a mais ninguém naquele momento". "Agora se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível. Eu não estou me referindo a nenhuma campanha eleitoral específica, estou falando em geral", disse, na Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros em Harvard.
A jornalistas, depois de sua fala, Moro disse que a tipificação do crime de caixa-2 hoje é "imperfeita" e defendeu pena maior para esse crime. "(É preciso) uma melhor descrição do crime (de caixa-2) e precisa de uma elevação da pena, que não seja tanto quanto corrupção, mas precisa ser maior do que a prevista hoje." Ao chegar no auditório lotado, no qual esteve menos de duas horas antes a ex-presidente Dilma Rousseff, Moro foi aplaudido de pé por praticamente toda a plateia.