Atualizada às 8h de 29/04/2017.
Sem nenhum ônibus coletivo circulando em Porto Alegre nesta sexta-feira (28), a população buscou alternativas para conseguir se deslocar em dia de greve geral contra as reformas propostas pelo governo Temer. O deslocamento foi feito com lotações, vans escolares e até 'transporte de turismo', conforme se referiam pessoas nas paradas de ônibus. A EPTC liberou o transporte escolar, cerca de 200 carros, para levar outros tipos de passageiros. A passagem foi estipulada em R$ 5,00, enquanto as lotações custam R$ 6,00. Os ônibus e metrô só voltariam a circular no sábado (29).
Muitas pessoas foram às calçadas para esperar chefes passarem de carro particular ou da empresa para levar ao trabalho, caso de Cláudio da Silva, que é atendente de um restaurante no Shopping Praia de Belas. Em frente, em uma parada de ônibus na avenida Bento Gonçalves, Teresinha Gomes aguardava também um dos chefes para poder ir até a região do bairro Moinhos de Vento. "Pego sempre o T9, da Carris, mas nem fui na parada hoje. Não sei como será a volta, mas quero carona", diz Teresinha.
Silva aguardou carona do chefe na calçada na Bento Gonçalves. Fotos: Patrícia Comunello/Especial/JC
A desempregada Luane Gós reclamou do valor da lotação frente ao do ônibus, de R$ 4,05. "Já não tenho trabalho, não vou de lotação, vou ver se pego o 'ônibus de turismo' que é R$ 5,00", disse Luane, sem ideia de quando o transporte alternativo passaria. A EPTC nega que tenha liberado outros tipos de veículos, além do escolar para atender a demanda nesta sexta-feira. "Estamos incentivando a carona solidária", disse a assessoria de imprensa da empresa pública.
Lotação dirigida por Assis acabou parando em bloqueio no corredor de ônibus
Com maior demanda, as lotações foram liberadas para trafegar com maior número de passageiros. Muitas circularam com pessoas em pé e até superlotadas. No microonibus dirigido por Davis de Assis, a maioria dos passageiros indicou que usaria ônibus em vez da lotação. Para Assis, que declarou apoio à greve, o dia de paralisação e sem ônibus vai garantir mais ganhos a ele. O motorista, que antes foi cobrador de ônibus, recebe 15% do valor da tarifa por passageiro transportado. A média normal de um dia de semana seria de 90 pessoas. Nesta sexta, ele esperava levar 50% mais ou um total de 135 passageiros. Em vez de R$ 81,00 em um dia, Assis deve receber, se confirmar a previsão, R$ 121,50.