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Geral

- Publicada em 18 de Abril de 2017 às 21:54

Medicamentos e cirurgias oferecem qualidade de vida a pacientes com Parkinson

Enfermidade é mais frequente entre pessoas com idade a partir de 65 anos

Enfermidade é mais frequente entre pessoas com idade a partir de 65 anos


ANTONIO PAZ/JC
Suzy Scarton
O diagnóstico de uma doença incurável sempre é recebido com choque pelo paciente. No entanto, o avanço da medicina permite que, hoje, esse tipo de notícia não seja sinônimo de uma sentença de morte. No caso do Mal de
O diagnóstico de uma doença incurável sempre é recebido com choque pelo paciente. No entanto, o avanço da medicina permite que, hoje, esse tipo de notícia não seja sinônimo de uma sentença de morte. No caso do Mal de
Parkinson, cuja primeira descrição completa foi feita há 200 anos pelo médico inglês James Parkinson, medicamentos e cirurgias permitem que a pessoa leve uma vida relativamente normal, dependendo da idade em que é diagnosticada. O aniversário do médico, dia 11 de abril, também ficou conhecido como o Dia Mundial de Conscientização à Doença de Parkinson.
Em 2014, o Ministério da Saúde estimava cerca de 200 mil pessoas com Parkinson no Brasil. Tal condição é mais comum acima dos 65 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1% da população mundial nessa faixa etária tem a doença. Há casos em que a síndrome se manifesta antes dos 60 anos.
São quatro os sintomas cardinais da enfermidade: tremor, rigidez, acinesia (perda total ou parcial do movimento do corpo) e instabilidade postural. Conforme descreve o neurologista André Dalbem, o tremor, por exemplo, possui características peculiares.
"A pessoa balança bastante a mão, principalmente o polegar e o indicador, e é um tremor assimétrico, mais intenso de um dos lados", explica. O núcleo do cérebro afetado é chamado de substância negra, uma porção heterogênea do mesencéfalo responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido em processos como o controle de movimentos, do aprendizado, do humor, das emoções, da cognição e da memória. A desregulação do neurotransmissor está relacionada, portanto, a transtornos como Parkinson e esquizofrenia.
Existem cerca de 28 remédios usados mundialmente para o tratamento da doença. Os mais novos são a rotigotina, um adesivo que o paciente coloca diariamente, e a rasagilina, com suposto efeito neuroprotetor. De acordo com Dalbem, este medicamento ainda não foi liberado no Brasil, mas já é usado no Hemisfério Norte. Quando os remédios não funcionam a pleno, a alternativa é cirúrgica. "Não esperamos que o paciente piore a ponto de estar restrito ao leito para falar em cirurgia. O objetivo é reduzir o uso de medicações, uma vez que altas doses podem causar efeitos colaterais intensos", explica.
A intervenção cirúrgica, chamada de Terapia de Estimulação Cerebral Profunda, consiste na inserção de dois pequenos eletrodos no cérebro, conectados a um marca-passo instalado na região torácica. "Eles passam uma estimulação contínua, como se fosse uma rede elétrica. Não é cura e não retarda a doença, mas se consegue ajustar a estimulação, ou seja, é possível aumentar a dose, sintonizando conforme a evolução da doença", afirma Rubens Cury, neurologista dos hospitais Samaritano e Sírio Libanês, de São Paulo.
A regulação dos estímulos, chamada de neuromodulação, é feita a partir de uma espécie de controle remoto. Depois que os eletrodos são instalados, não é necessário intervir no cérebro - somente a bateria do marca-passo precisa ser trocada. "A cirurgia vem crescendo nos últimos sete anos no Brasil e é utilizada também no tratamento de outras doenças. Começou na França, em 1987, mas é uma terapia relativamente nova, feita em poucos centros do País", diz Cury. Pacientes com suspeita de demência e em idade avançada não são bons candidatos ao procedimento.
O neurologista salienta que os remédios devem continuar sendo usados, aliados à cirurgia. A opinião é compartilhada por Dalbem, que aponta que há estudos de novas medicações em fase pré-clínica que podem, no futuro, oferecer alternativas. "Quando não tinha tratamento medicamentoso, a sobrevida dos parkinsonianos era bem reduzida. Geralmente, iam a óbito por quadros infecciosos secundários e por imobilismo. Hoje, não é uma doença que reduz a sobrevida, mas pode gerar um grau de incapacidade que não gostaríamos. Perde a independência para dirigir, para andar... É uma doença muito motora", descreve Cury.
Para Dalbem, a perspectiva é positiva. "Não se pode dizer ao paciente que não há o que fazer, sempre há. Pode ser um conjunto de medidas sintomáticas que traz um bem-estar grande - não para o ciclo, mas pode puxar o freio de mão na evolução da doença."
 
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