"Está começando a melhorar." A declaração com entusiasmo contido, do presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Porto Alegre (Acomac), Tarcisio Pires Morais, demonstra a expectativa do setor para um ano ainda turbulento. Ele acredita que poderá haver um crescimento de vendas entre 2% e 4%, e baseia sua estimativa no fato de existir uma demanda reprimida que, aos poucos, começa a aparecer. Os obstáculos para um crescimento mais robusto, no entanto, ainda são o parcelamento do salário do funcionalismo estadual e o desemprego no varejo e na indústria.
O presidente da Acomac diz que o nível das vendas no ano passado foi praticamente o mesmo de 2014, mas que os negócios de lojas localizadas na zona Norte e periferia de Porto Alegre registraram desempenho ainda mais baixo, com quedas de 20% a 30%, o que acabou provocando também demissões. O comércio de areia, brita, ferro e cimento foi o que mais sentiu o impacto da crise. A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat) considera que o primeiro semestre ainda terá redução de vendas comparado a 2016, mas gradualmente com quedas menos intensas.
O presidente da entidade, Walter Cover, afirma que a venda de materiais de acabamento - tintas, cerâmicas, vidros, metais e louças sanitárias, fechaduras - tem caído menos, e alguns deles tiveram até ligeiro aquecimento. "Isso porque são mais utilizados nas reformas, que acontecem em maior intensidade que a construção de novas edificações. A crise, em particular o alto desemprego e os juros, tem afetado mais as construtoras, pela postergação da compra de decisões de maior vulto. Os materiais de base, como cimento, aço, tubos e conexões, também são afetados pela redução drástica das obras de infraestrutura."