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- Publicada em 23 de Abril de 2017 às 18:53

Citadas na Lava Jato já demitiram 600 mil

Setor de óleo e gás foi afetado pelo recuo na cotação do petróleo

Setor de óleo e gás foi afetado pelo recuo na cotação do petróleo


/VANDERLEI ALMEIDA/AFP/JC
A recessão, a queda do preço do petróleo, a redução dos gastos do governo e a Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e agentes do governo, tiveram efeito devastador no emprego. Levantamento com 10 das maiores empresas citadas na Lava Jato mostra que, somente entre funcionários diretos e terceirizados dessas companhias, o corte de vagas entre o final de 2013 (antes da deflagração da Lava Jato, em março de 2014) e dezembro de 2016 foi de quase 600 mil pessoas. Analistas apontam que o efeito foi ainda maior quando se consideram as vagas indiretas.
A recessão, a queda do preço do petróleo, a redução dos gastos do governo e a Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, empreiteiras e agentes do governo, tiveram efeito devastador no emprego. Levantamento com 10 das maiores empresas citadas na Lava Jato mostra que, somente entre funcionários diretos e terceirizados dessas companhias, o corte de vagas entre o final de 2013 (antes da deflagração da Lava Jato, em março de 2014) e dezembro de 2016 foi de quase 600 mil pessoas. Analistas apontam que o efeito foi ainda maior quando se consideram as vagas indiretas.
Empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobras, foram afetadas pela redução da cotação do petróleo, que hoje está próxima de US$ 50. Já as grandes construtoras e incorporadoras tiveram de lidar com o alto endividamento da população, que deixou de comprar imóveis, e com a conclusão - ou interrupção - de projetos de infraestrutura, diante da deterioração das contas do governo.
A conta de 600 mil postos de trabalho fechados mostra um impacto considerável - equivalente a 5% do total de pessoas que entraram na fila do desemprego entre 2013 e 2016, que foi de 11,2 milhões. Segundo o IBGE, o total de desocupados no País era de 1,1 milhão em dezembro de 2013; no fim de 2016, o número havia crescido para 12,3 milhões. Após um período de longa bonança, as companhias envolvidas na Lava Jato vivem momentos de dificuldade e tentam se reestruturar. As construtoras Queiroz Galvão, Engevix, OAS e Mendes Júnior estão entre as que pediram recuperação judicial. A Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para a construção de sondas de petróleo, está na mesma situação.
Os cortes de vagas são impressionantes, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, porque muitos projetos de expansão se basearam em previsões pouco realistas. Pires afirma que, após a descoberta do petróleo do pré-sal, instalou-se um clima de euforia que levou à tomada de decisões de governo - e de negócio - sem sentido econômico.
Os efeitos colaterais da Lava Jato - o desemprego, a revelação de intricados esquemas de corrupção e o abalo à reputação de grandes companhias - levaram, pelo menos momentaneamente, a uma mudança no curso da economia. Hoje, diz o professor do Insper Sérgio Lazzarini, o lema é a redução de gastos públicos e a abertura de vários setores a investimentos externos, entre eles infraestrutura e companhias aéreas. A manutenção deste caminho não é garantida, na visão de Lazzarini. Ele acredita que ainda há risco de uma "guinada" populista no País como reação à crise. "Basta ver o que aconteceu nos EUA, com Donald Trump. Quando se olham os candidatos para a eleição presidencial de 2018, é muito difícil fazer uma previsão para onde vamos."

Petrobras concentrou seus cortes em profissionais terceirizados

Diante de prejuízos recordes e de um forte aumento em seu endividamento, a Petrobras substituiu, nos últimos anos, sua política expansionista do início desta década por um movimento de fortes cortes de custos. Isso inclui a redução do total de profissionais da companhia, com impacto bem maior no pessoal terceirizado.
Como os profissionais concursados têm direito à estabilidade no emprego, a companhia teve de recorrer a programas de desligamento voluntário para reduzir este contingente. Conseguiu diminuir, em três anos, seu quadro de contratados em 20%. No fim de 2013, a companhia tinha 86.111 funcionários no Sistema Petrobras, número que caiu a 68.829 em dezembro do ano passado.
Segundo a estatal, o Plano de Negócios e Gestão atual da companhia prevê o corte de gastos operacionais e a readequação de seus investimentos. A empresa também vem fazendo um programa de desinvestimentos. Em 2016, vendeu, por exemplo, seu negócio de gasodutos à canadense Brookfield, por US$ 5,2 bilhões. A petrolífera se prepara para se desfazer do controle da BR Distribuidora, dona de postos de combustíveis, e de outros ativos.
A empresa afirmou que seus programas de desligamento já resultaram na saída de 14.241 empregados, segundo dados atualizados até abril deste ano. "A redução do número de empregados está no contexto de ajustes que estão sendo feitos pela Petrobras para redução de seu endividamento, o maior entre empresas da indústria de petróleo e gás no mundo", explicou a companhia. "O contexto econômico mundial e do setor também reflete na estratégia da companhia. É incorreto associar a redução dos empregados direta e unicamente à Operação Lava Jato."

Após dispensar quase 17 mil colaboradores, Engevix agora controla até o uso de energia

Da época de bonança da Engevix, cujo portfólio era recheado de grandes projetos e faturamento acima de R$ 3 bilhões, sobrou pouco. Desde que os sócios do grupo foram presos pela Polícia Federal por envolvimento no escândalo, a empresa encolheu para menos de um terço do que era antes. Vendeu ativos importantes - como os aeroportos (Brasília e São Gonçalo do Amarante/RN) e a subsidiária de energia Desenvix - e pediu recuperação judicial de um dos maiores investimentos da companhia nos últimos anos, o Estaleiro Rio Grande.
"Relançada" recentemente como Nova Engevix, a empresa hoje é comandada por José Antunes Sobrinho, que comprou, no ano passado, a participação dos sócios Cristiano Kok e Gerson Almada por R$ 2,00 e absorveu uma dívida que beirava os R$ 2,5 bilhões. Desde a negociação entre os sócios, um amplo plano de reestruturação vem sendo colocado em prática dentro da companhia, que tem ações de improbidade em andamento.
Ex-executivos da empresa contam que, além da redução do quadro de empregados, a contenção de despesas tem sido rígida para todo mundo. Ate o consumo de energia elétrica passou a ser controlado com austeridade. Com a drástica queda no faturamento, a estrutura minguou. Dos 20 mil funcionários, diretos, indiretos e subcontratados, restam menos de 3 mil pessoas na companhia. O salário de quem ficou no grupo hoje está em dia.