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Fontes Fósseis

- Publicada em 18 de Abril de 2017 às 21:47

Empresas investem em complexo carbonífero

Evento reuniu representantes do setor para debater as novas perspectivas do uso sustentável do carvão

Evento reuniu representantes do setor para debater as novas perspectivas do uso sustentável do carvão


JONATHAN HECKLER/JONATHAN HECKLER/JC
Com dificuldade para emplacar novos projetos na área de geração de energia elétrica, os investidores do setor carbonífero buscam alternativas. Dentro desse cenário, a gaúcha Copelmi e a sul-coreana Posco firmaram parceria para desenvolver um complexo carboquímico no Rio Grande do Sul através da gaseificação do carvão. Uma oportunidade vista pelos empreendedores é o fim do contrato de fornecimento de gás natural boliviano que abastece o Estado (o que ocorrerá em 2019) e as alterações na regulamentação do mercado de gás, que o tornam mais aberto.
Com dificuldade para emplacar novos projetos na área de geração de energia elétrica, os investidores do setor carbonífero buscam alternativas. Dentro desse cenário, a gaúcha Copelmi e a sul-coreana Posco firmaram parceria para desenvolver um complexo carboquímico no Rio Grande do Sul através da gaseificação do carvão. Uma oportunidade vista pelos empreendedores é o fim do contrato de fornecimento de gás natural boliviano que abastece o Estado (o que ocorrerá em 2019) e as alterações na regulamentação do mercado de gás, que o tornam mais aberto.
Se tudo transcorrer dentro dos planos das companhias, as obras do complexo se iniciam no final do próximo ano. Entre as vantagens dessa atividade, em relação à simples queima do mineral por uma termelétrica, estão a minimização da geração e liberação dos gases de efeito estufa e agregar valor na operação com subprodutos. Poderiam ser produzidos ainda amônia, ureia (ambas aproveitadas na produção de fertilizante para o agronegócio) e metanol (usado na cadeia do biodiesel ou como aditivo químico da indústria moveleira).
O diretor de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria, informa que agora será contratada uma empresa para realizar o projeto de engenharia do empreendimento. A perspectiva é de que a operação comece em 2021. Para a iniciativa ser bem-sucedida, é essencial a venda dos produtos a serem gerados. Faria adianta que estão sendo mantidas conversas com a Sulgás sobre a compra do gás. Contudo outros clientes, como grandes indústrias, podem ser consumidores do insumo também, já que o governo federal está elaborando uma legislação que pretende tornar o setor menos engessado e mais atraente para os fornecedores de gás. A expectativa é de que seja enviado, em meados deste ano, o projeto de lei que disciplinará o segmento ao Congresso.
O investimento na implantação da estrutura carboquímica é estimado em US$ 1,7 bilhão, para uma geração de cerca de 2 milhões de metros cúbicos ao dia de gás oriundo do carvão. Faria destaca que esse volume é próximo ao consumido hoje no Rio Grande do Sul. A demanda de carvão será na ordem de 3,5 milhões de toneladas ao ano. O executivo detalha que o processo produtivo é semelhante ao que se verifica na indústria petroquímica. O insumo é minerado e depois colocado em um reator para propiciar um gás de síntese. O mineral que será aproveitado na gaseificação será retirado no entorno de Eldorado do Sul e Charqueadas, aproveitando a mina do Guaíba, que possui reservas avaliadas em cerca de 200 milhões de toneladas. "Mas a área toda tem mais de 3 bilhões de toneladas, ali seria o foco para fazer o desenvolvimento da carboquímica", aponta. Na planta de gaseificação e na mineração, mais de mil empregos diretos deverão ser criados. A região da exploração está situada em uma posição estratégica, pois, com a construção de uma ligação de cerca de 18 quilômetros até o polo petroquímico de Triunfo, seria possível ter uma conexão com a rede existente de gasodutos.
O presidente da Fiergs, Heitor Müller, enfatiza que o Rio Grande do Sul verifica baixa oferta de gás natural no mercado interno. Além disso, o dirigente adianta que o Estado deverá importar em 2020 mais de 1 milhão de toneladas em ureia. "Ora, esse produto pode perfeitamente ser produzido a partir do carvão, a exemplo do que faz a China", sustenta. A Fiergs foi o local em que se realizou ontem o seminário "As novas perspectivas para o uso sustentável do carvão".

Questão ambiental da gaseificação é vista como possível empecilho

Apesar de a gaseificação ser abordada como uma ação de menor impacto do que a termeletricidade, na reunião de ontem, o público, composto basicamente por empresários, pesquisadores e políticos da Região Carbonífera, questionou se a questão ambiental não poderia ser um obstáculo para a iniciativa. O secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, admite que esse é um debate que será travado e que é importante difundir as informações para se ter um melhor conhecimento sobre o assunto.
Lemos salienta que o projeto da Copelmi e da Posco é o mais adiantado nessa área dentro do Estado. No entanto o secretário defende que, havendo um "empreendimento-âncora", outros logo poderão ser desenvolvidos também. Ele cita entre as empresas que planejam investir nesse campo a TransGas e a Vamtec.
Apesar do trabalho com a gaseificação, a Copelmi também está envolvida em um projeto de uma termelétrica de cerca de 1 mil MW a ser construída no Estado, com aporte próximo a
US$ 2 bilhões. O presidente da empresa, Cesar Faria, adianta que os testes realizados demonstraram que o carvão gaúcho pode ser utilizado pela usina, que empregará a tecnologia Ultra Super Critical (USC) coal-fired, que aumenta a eficiência da planta, reduzindo as emissões de poluentes. Essa ação tem a participação de um grupo de empreendedores japoneses, liderados pela companhia Tepco e que conta ainda com PwC Japan e IHI. Entretanto é necessário que o projeto vença algum leilão de energia promovido pelo governo federal para comercializar sua geração e sair do papel.