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Trabalho

- Publicada em 16 de Abril de 2017 às 20:36

Parecer sobre Previdência será lido amanhã

Presidente reuniu-se no Palácio da Alvorada com ministros e partidos da bancada do governo no Congresso

Presidente reuniu-se no Palácio da Alvorada com ministros e partidos da bancada do governo no Congresso


MARCOS CORRÊA/MARCOS CORRÊA/PR/JC
O presidente Michel Temer recebeu ontem, no Palácio da Alvorada, os líderes dos partidos da bancada governista no Congresso Nacional. O principal tema do encontro foi a reforma da Previdência, que tramita na Câmara.
O presidente Michel Temer recebeu ontem, no Palácio da Alvorada, os líderes dos partidos da bancada governista no Congresso Nacional. O principal tema do encontro foi a reforma da Previdência, que tramita na Câmara.
O parecer do relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), deve ser lido amanhã na comissão especial criada para analisar a proposta enviada pelo governo. No último dia 6, Maia anunciou que recebeu aval de Temer para alterar cinco pontos do texto original. A expectativa do governo é que a flexibilização do teor do projeto diminua as divergências entre os parlamentares e facilite a aprovação do texto.
No sábado, em entrevista à TV Bandeirantes, Michel Temer disse que a previsão de redução de déficit da Previdência passou de R$ 800 bilhões para um valor entre R$ 550 bilhões e R$ 600 bilhões em 10 anos, após as concessões que o governo fez no projeto original da reforma o setor. "Da forma que estávamos fazendo, o projeto original daria para reduzir R$ 800 bilhões do déficit da Previdência durante 10 anos. Do jeito que está, talvez reduza em R$ 600 bilhões, R$ 550 bilhões", destacou.
No final de março, Temer cedeu a pressões políticas e autorizou mudanças no texto original para não mais incluir a revisão das regras da Previdência para servidores estaduais e municipais. Na entrevista, o presidente disse que a decisão foi fruto de uma negociação com o Congresso e criticou a imprensa, que chamou o movimento de "recuo".
Segundo Temer, foi enviado primeiramente um projeto "pesado" para a reforma da Previdência. "O Congresso fez observações que precisam ser levadas em conta. As mudanças não são um recuo, estamos ouvindo o Congresso", reiterou. "É melhor ter uma redução de R$ 600 bilhões ou nenhuma redução?", questionou o presidente, argumentando que, sem a redução do déficit da Previdência, em algum tempo, "não teremos programas sociais, nem investimentos".
A pauta da reunião de Temer também incluiu a repercussão da divulgação da relação de políticos e autoridades que serão investigadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Operação Lava Jato e da liberação do conteúdo das delações dos ex-diretores da Odebrecht. A oposição acredita que as denúncias de corrupção vão comprometer a tramitação e a aprovação da reforma da Previdência e de outras propostas de interesse do governo no Congresso. Já a base aliada aposta que a abertura dos inquéritos pode acelerar o processo de votação e garantir o argumento da importância da retomada do crescimento promovida pela reforma para atenuar os efeitos das denúncias.
 

Regra de transição para servidores públicos deverá ter idades mínimas maiores

As idades mínimas iniciais dos funcionários públicos na regra de transição da reforma da Previdência devem ser maiores do que para o restante dos trabalhadores. Isso porque hoje as servidoras já são obrigadas a se aposentar só depois dos 55 anos, enquanto os servidores, só após os 60 anos. Esses serão os pontos de partida na "escada" da transição do funcionalismo até as novas exigências, que incluirão a idade mínima de 65 anos.
Para os trabalhadores da iniciativa privada, vinculados ao INSS, a regra de transição prevê idades mínimas de 50 anos para mulheres e 55 para homens. Não foi possível usar o mesmo modelo para o funcionalismo, porque é preciso conciliar com as leis já existentes. A diferença foi confirmada por um integrante da equipe econômica e três outras fontes que participam das negociações.
Segundo uma fonte, usar o ponto de partida de 50/55 para os servidores públicos elevaria o custo de forma significativa no curto prazo, pois permitiria a solicitação do benefício a pessoas que hoje ainda não preenchem os requisitos mínimos, ou seja, aceleraria o número de pedidos de aposentadoria. "Do ponto de vista fiscal, seria o pior dos mundos. O jeito é igualar na saída, porque hoje as regras são muito diferentes", comentou uma fonte.
O tempo de duração da transição dos servidores também pode ser diferente, mas esse ponto ainda não é consenso na equipe que formula o texto da reforma. Por enquanto, a tese mais defendida é que o período seja de 10 anos, mas há quem queira uma transição igual à dos demais trabalhadores, de 20 anos. Segundo um dos negociadores, não faz sentido tornar a regra dos servidores pior, levando a categoria à idade mínima de 65 anos em 2028, uma década antes do restante da população.

Ideia da nova legislação previdenciária é estabelecer períodos de vigência

A ideia central da nova regra de transição é estabelecer "períodos de vigência" das idades mínimas, levando em conta o princípio de manter inicialmente uma diferença de cinco anos entre homens e mulheres. Para saber em qual idade mínima se encaixa, o trabalhador deve contabilizar o tempo de contribuição que falta segundo as regras atuais e acrescentar o "pedágio", de 30%.
Se, por exemplo, restarem sete anos de contribuição após a soma do pedágio, o trabalhador deverá observar qual é a idade mínima prevista daqui a esses sete anos, ou seja, em 2025 (considerando que as regras passem a valer em 2018). Essa idade passa a ser um direito adquirido, ou seja, o trabalhador que completar o tempo de contribuição após 2025 preservará aquela idade mínima mesmo que entre em vigência um número maior. Por outro lado, ele terá de esperar a idade caso complete antes o período de contribuição.
A proposta original previa que homens acima de 50 anos e mulheres acima de 45 anos deveriam pagar um "pedágio" de 50% sobre o tempo restante de contribuição. A regra foi considerada muito brusca por condenar trabalhadores, por um único dia de diferença no nascimento, a contribuir por um tempo muito maior.
Com a nova regra, policiais e professores também terão idades mínimas iniciais diferenciadas, de 45 anos para mulheres e de 50 anos para homens. A previsão da redução em cinco anos consta na ata de uma reunião realizada na no dia 12 no Palácio do Planalto. A adaptação foi necessária, porque o governo assentiu em diminuir a "linha de chegada" das categorias, uma idade mínima de 60 anos.