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- Publicada em 16 de Abril de 2017 às 21:20

(In)segurança pública acelera negócios no Estado

Contratações de empresas de vigilância cresceram cerca de 30%

Contratações de empresas de vigilância cresceram cerca de 30%


/CLAITON DORNELLES/JC
Pense em alguma forma de se proteger de roubos, assaltos, furtos e até mesmo de latrocínio, e você lembrará de algum setor da economia que cresce juntamente com a (in)segurança pública. Do pequeno cadeado comprado na loja da esquina para reforçar o portão a complexos sistemas integrados de vigilância, passando por aulas de tiro e defesa pessoal e seguro de bens, tudo que remete a um pouco mais de proteção está em alta no mercado.
Pense em alguma forma de se proteger de roubos, assaltos, furtos e até mesmo de latrocínio, e você lembrará de algum setor da economia que cresce juntamente com a (in)segurança pública. Do pequeno cadeado comprado na loja da esquina para reforçar o portão a complexos sistemas integrados de vigilância, passando por aulas de tiro e defesa pessoal e seguro de bens, tudo que remete a um pouco mais de proteção está em alta no mercado.
É quase unanimidade entre empresários a avaliação de que quem está abrindo o bolso para se proteger é, normalmente, uma vítima recente ou quem tem no círculo de convivência uma história triste de violência ou prejuízos. A empresária Estela Maris Crestani, proprietária da Moto Encontro, loja de peças e acessórios para motocicletas na zona Norte da Capital, faz parte da estatística. A loja foi arrombada no ano passado. "O prejuízo total foi de R$ 150 mil, entre conserto do que foi quebrado e o que foi roubado, além do investimento em um melhor sistema de proteção privada. Hoje, vivemos quase presos aqui dentro, com grades protegendo a frente da loja. Ficou até feio, mas é necessário", lamenta Estela.
Grandes empresas do setor, como Rudder e STV, contabilizaram alta de cerca de 30% nos negócios em 2016. Para acompanhar a demanda dos clientes, as próprias empresas investem em equipamentos, veículos, tecnologia e pessoal. O diretor comercial da Rudder, Miguel Louzado, ressalta que, apesar dos avanços nas vendas e contratos de prestação de serviços, a empresa não comemora os dados, já que é uma conta dolorida para muitos cidadãos, já afetados pela crise.
"Apesar de estar crescendo, temos noção de que é um custo que o cidadão e empresas acabam tendo que arcar, incluindo aí muitos pequenos comércios e a indústria. A falta de segurança pública é um custo que a sociedade está sendo obrigada a absorver. A contratação do serviço de segurança privada normalmente é reativa, feita após a pessoa ou empresa ser vítima de crime", ressalta Louzado.
Gestor da unidade da STV em Porto Alegre, Sergio Monteiro estima que 70% da procura por orçamento tem origem em vítimas recentes, que querem evitar uma segunda perda ou ocorrência de nova violência. Além da aquisição maior de equipamento e serviço, Monteiro destaca a mudança sensível no comportamento dos clientes. "Antes, muitos clientes acionavam alarmes apenas quando iam sair ou viajar. Hoje, é usado todos os dias. Também há muito cliente que compra um kit de serviços muito acima do que ele precisa. Tentamos mostrar que, às vezes, há exagero; mas, no temor e ou por trauma, ele não quer reduzir o que já havia escolhido", diz Monteiro.
Os gaúchos também têm recorrido à "proteção" posterior. Seguros de vida, residência e automóveis crescem, apesar da crise. "Ainda que pequena, a expansão do número de venda de seguros para automóvel é significativa, porque há queda na venda de carros. A alta no Estado, apenas entre janeiro e fevereiro de 2017 ante o mesmo período de 2016, é de 5,2%. E o seguro de vida teve alta de 6,93%", ressalta o vice-presidente do Sindicato das Seguradoras no Estado (Sindseg-RS), Alberto Müller, lembrando que, com a violência maior, as seguradoras gastam mais com o pagamento de sinistros.

Procura crescente por proteção individual passa por armas e punhos

De volta ao Brasil, Marina buscou as aulas de krav magá de Silva

De volta ao Brasil, Marina buscou as aulas de krav magá de Silva


/FREDY VIEIRA/JC
Nos últimos dois anos, tem sido quase uma regra no Grupo Magaldi estar com suas turmas de tiro lotadas. São três turmas por mês, que exigem um investimento mínimo de R$ 900,00 por pessoa. "A procura cresce entre 30% e 40% ao ano desde 2015", diz Dempsy Magaldi, proprietário da empresa e consultor na área de segurança.
O grupo, que trabalha com ações que vão do treinamento à obtenção de porte, chegou a criar uma rede social para acolher os desabafos e relatos sobre a insegurança na cidade. E o número de depoimentos de clientes só aumenta. "Quem chega aqui diz que não aguenta mais se sentir caçado na rua, se sentido sempre alvo potencial de bandidos", diz Magaldi.
O consultor não revela números de treinamentos e clientes por questões de segurança, mas é um árduo defensor da ampliação da possibilidade de porte de arma, com o devido treinamento não apenas para o manuseio como de sua segurança como um todo. "Ninguém aqui prega que se tenha um tiroteio em cada esquina, mas o cidadão que deixa claro que está armado, que coloque a mão na arma, e de forma nítida deixe o bandido perceber que ele tem condições de revidar, vai inibir o ataque", defende Magaldi.
Cursos de defesa pessoal, como krav magá, são outra alternativa de defesa buscada por muitos. Ou muitas, já que as mulheres são a maioria entre os novos clientes nas aulas ministradas por André Silva, policial civil e professor de educação física.
"Nos dois últimos anos, a média foi de uma alta de 80% no número de alunos. São muitas mulheres, meninos e meninas adolescentes, que normalmente já sofreram algum tipo de violência ou têm pessoas próximas que passaram por isso", conta o professor, que indica para a proteção urbana a técnica israelense do krav magá, porque ensina até mesmo pessoas de pequeno porte a usar o corpo (seu e o do oponente) como arma para defesa contra golpes, agarramento e até mesmo ameaça armada.
O caminho da defesa pessoal atrai mulheres como Marina Araújo. De volta a Porto Alegre após 10 anos vivendo na Austrália, ela retornou em setembro do ano passado e logo percebeu a nova realidade. "Não me sinto nada segura nas ruas. Tenho receio de andar a pé, carregar celular, bolsa e até de colocar um tênis um pouco melhor pra caminhar. Já tinha feito outras lutas, mas senti falta de algo que fosse mais defesa pessoal, que me ajudasse inclusive com técnicas de como se portar na hora de um assalto e, antes, a evitar. Precisei reaprender a andar na rua", lamenta a Marina.
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