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Previdência

- Publicada em 05 de Abril de 2017 às 01:20

Cálculo que mostra o superávit da Previdência é enganoso, diz ministro

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que aqueles que negam a existência de um déficit na Previdência usam um argumento "falacioso". "Se considerarmos só as despesas do INSS, aí sim você poderia indicar enganosamente um superávit. Mas se considerar todas as despesas relacionadas à seguridade social, o déficit é de R$ 150 bilhões", rebateu o ministro, após participar de evento em São Paulo organizado pelo jornal britânico Financial Times.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que aqueles que negam a existência de um déficit na Previdência usam um argumento "falacioso". "Se considerarmos só as despesas do INSS, aí sim você poderia indicar enganosamente um superávit. Mas se considerar todas as despesas relacionadas à seguridade social, o déficit é de R$ 150 bilhões", rebateu o ministro, após participar de evento em São Paulo organizado pelo jornal britânico Financial Times.
Meirelles afirmou que tem feito reuniões com parlamentares de partidos da base aliada do governo, "não da oposição", e disse que o debate é intenso. "Estamos bastante confiantes na aprovação da reforma", declarou.
Questionado sobre a retirada dos servidores estaduais e municipais da proposta de reforma enviada pelo governo, Meirelles reforçou a tese do governo de que a exclusão destas categorias foi uma tentativa de respeitar a autonomia dos entes da Federação, que, conforme disse, devem fazer as suas próprias reformas.
Em relação à idade mínima de 65 anos, o ministro saiu em defesa da regra ao argumentar que os mais pobres já se aposentam com essa idade, porque não conseguem o benefício por meio do tempo mínimo de contribuição, uma vez que, por serem menos escolarizados, têm menos acesso ao mercado de trabalho formal.
Além disso, Meirelles voltou a reforçar que a reforma da Previdência tenta garantir a estabilidade fiscal e evitar que as contas do governo federal cheguem à situação de calamidade financeira vivida pelo estado do Rio de Janeiro. "O importante é que todos tenham a garantia de que receberão a aposentadora", afirmou.
Henrique Meirelles declarou estar otimista com a aprovação da reforma da Previdência. Ele afirmou que, sem esta mudança, o orçamento público ficará cada vez mais ocupado com gastos previdenciários. "As possibilidades de aprovação são muito grandes, eu tenho feito trabalho intenso com parlamentares, incluindo com a bancada de todos os principais partidos", disse Meirelles, em São Paulo, após fazer palestra em evento do Bradesco, na qual também destacou parte importante do tempo para falar da Previdência.
"É necessário, primeiro para refletir a realidade do Brasil hoje, o brasileiro vive cada vez mais", disse Meirelles.
Além da Previdência, ele ressaltou que a agenda de reformas caminha normalmente e que a expectativa é que tudo esteja terminado ainda neste ano.
O ministro da Fazenda minimizou as mobilizações contrárias às reformas que têm ocorrido em vários pontos do País. Na avaliação dele, trata-se de um movimento normal, e o governo tem interesse em esclarecer as dúvidas que forem aparecendo.
"O governo tem muito interesse em esclarecer. O debate é normal, positivo, faz parte da democracia. Ainda bem! Imagine se não pudéssemos debater", disse Meirelles. "Agora, o que há é uma questão de que vivemos em um Estado de Direito, e houve uma decisão judicial vedando, em um primeiro momento, inclusive, a divulgação de números de dados da Previdência. Isso já foi abordado, e hoje está se começando a trabalhar de novo na divulgação intensa, que vai mostrar à população brasileira como um todo não só a necessidade da reforma, mas os efeitos positivos. Porque o que interessa a todos é emprego, inflação e renda", afirmou.
O ministro disse que, sem a aprovação de reformas estruturais, como a da Previdência, que melhorem as contas fiscais do Brasil, o País estaria fadado a um crescimento na casa dos 2,3% ao ano pelos próximos 10 anos, entre 2018 e 2028. Com a aprovação das reformas, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) poderia subir para a casa dos 3,5% a 4% ao ano no período.

Reforma pode ser alterada pelo Congresso, admite presidente Temer

O presidente Michel Temer afirmou, em evento em São Paulo, nesta terça-feira, que o Planalto já admite que a reforma da Previdência sofra alterações no Congresso para que seja aprovada com celeridade.
Segundo Temer, "o importante, simbolicamente, é aprovar uma reforma da Previdência". "Se é preciso fazer uma ou outra negociação, nós temos que realizar para aprová-la", afirmou durante o 4TH Bradesco's Brazil Investment Forum evento direcionado a investidores em São Paulo. Ele não detalhou quais seriam os ajustes que a reforma receberia.
"Nós mandamos uma reforma que nós entendemos que deva durar 30 anos, 25 anos. Agora, evidentemente o senhor dessa reforma é o Congresso Nacional, que está conversando conosco. O relator e os membros das comissões conversam comigo permanentemente e nós vamos fazendo adequações", disse.
"Não queremos ditatorialmente impor essa ou aquela regra. Queremos, sim, ter a compreensão da absoluta necessidade dessa reforma. Para desfazer muitas inverdades que são divulgadas em relação ao tema."
Depois, a jornalistas ele disse que espera que a votação da reforma seja feita até o meio do ano e que eventuais adequações estejam "em comum acordo com o governo".
Em discurso de meia hora, o presidente voltou a defender medidas aprovadas em sua gestão, como o teto para gastos públicos, e outras propostas que ainda tenta aprovar, como a reforma trabalhista.
Em relação às revisões na aposentadoria, houve forte defesa. Temer reforçou que há um déficit gigantesco na Previdência, que somou em 2016 mais de
R$ 150 bilhões e que tende a aumentar. "Negar o déficit na Previdência é recorrer à falsa contabilidade. Se nada for feito, em 10, 12 anos, só teremos verba para pagar a aposentadoria e a folha salarial", diz.

Votação na comissão sai até o fim do mês

A reforma da Previdência deverá ser votada na comissão especial que discute o tema somente no final de abril e depois encaminhada ao plenário da Câmara dos Deputados. Segundo o presidente da comissão, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), é possível que o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), entregue seu parecer depois do feriado da Páscoa, portanto na terceira semana do mês.
Marun disse que não vai pressionar o relator, que ainda precisa se reunir com as bancadas para negociar ajustes na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287. O governo também decidiu segurar um pouco o processo da tramitação para já incluir os senadores na discussão e tentar fechar um texto de consenso na Câmara e no Senado.
Na segunda-feira, Arthur Maia disse que a previsão era entregar o relatório na próxima quarta-feira (dia 12). Mas ele admitiu que o prazo para discutir a reforma novamente com as bancadas é curto, porque só pode fazer isso em dois dias nas semana, ontem e hoje.
Marun confirmou que o governo fará concessões ao texto original para facilitar a aprovação da reforma. Ele afirmou, no entanto, que a essência da PEC será mantida para assegurar seus efeitos nas contas públicas. "Não haverá grandes modificações. Vamos fazer adequações com a incorporação de algumas sugestões dos deputados e senadores", afirmou o deputado.
Ele mencionou que serão feitos ajustes para os trabalhadores rurais, nos benefícios assistenciais (pago a idosos e deficientes da baixa renda), na regra de transição e nas aposentadorias especiais (policiais federais), além da vedação ao acúmulo de benefícios (pensão e aposentadoria).