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Fraude

- Publicada em 02 de Abril de 2017 às 17:53

Carne brasileira é barrada na Eslováquia

O governo da Eslováquia informou que retirou toneladas de carne de frango brasileiro de seu mercado, depois que o produto foi alvo de exames que detectaram salmonela e outros problemas. O anúncio foi feito às vésperas de uma reunião marcada para hoje, entre ministros de Agricultura da Europa para avaliar se devem ou não tomar medidas contra os produtos brasileiros depois da eclosão da Operação Carne Fraca. Os testes foram realizados depois que as autoridades de Bruxelas instruíram cada um dos 28 governos do bloco a manter vigilância sobre os produtos brasileiros.
O governo da Eslováquia informou que retirou toneladas de carne de frango brasileiro de seu mercado, depois que o produto foi alvo de exames que detectaram salmonela e outros problemas. O anúncio foi feito às vésperas de uma reunião marcada para hoje, entre ministros de Agricultura da Europa para avaliar se devem ou não tomar medidas contra os produtos brasileiros depois da eclosão da Operação Carne Fraca. Os testes foram realizados depois que as autoridades de Bruxelas instruíram cada um dos 28 governos do bloco a manter vigilância sobre os produtos brasileiros.
A decisão do governo eslovaco já havia sido tomada na sexta-feira, enquanto o recolhimento dos produtos foi realizado neste fim de semana. "A carne brasileira foi importada para a Eslováquia pela Holanda e Polônia", confirmou a ministra de Agricultura do país, Gabriela Matecna, indicando que o volume chegaria a 21 toneladas. "Nossos veterinários imediatamente ordenaram que a carne fosse retirada do mercado, já que ela tinha sido distribuída a 54 restaurantes", disse, em um comunicado.
O governo optou por suspender imediatamente as vendas de carnes brasileiras no país. Desde o caso da fraude no Brasil, já foram examinados 341 produtos vindos, dos quais 17 estavam fora dos padrões. "Vamos continuar a fazer as inspeções, focadas em especial em armazéns que são postos de comercialização para consumidores e restaurantes", disse o chefe do serviço veterinário da Eslováquia, Jozef Bires.
"Os exames mostraram que dois produtos de origem brasileira e que estavam implicados no escândalo foram importados, mesmo depois das garantias da União Europeia (UE) de que esses produtos não entrariam em nossos mercados", disse a ministra.
De acordo com ela, dos 66 testes sensoriais realizados, 10 não foram aprovados e envolviam carne de frango.
O caso eslovaco foi identificado depois que a Europa ordenou que 100% das importações de carnes brasileiras fossem controladas nas fronteiras. Bruxelas quer garantias ainda de que o sistema de controle sanitário no Brasil seja independente.
Depois de reuniões em Brasílias, a Comissão Europeia informará nesta segunda-feira o que ouviu das autoridades brasileiras. O tema será um dos principais entre os ministros de Agricultura. A reportagem apurou que não se espera uma decisão. Mas os comentários dos 28 governos devem ser fundamentais para que a Comissão examine um embargo total.
Por enquanto, apenas as 21 empresas citadas na Operação Carne Fraca estão impedidas de exportar.
No plenário do Parlamento Europeu, o tema também será tratado nesta segunda-feira. Deputados vão questionar a Comissão Europeia sobre as medidas adotadas. Bruxelas admite que deve sofrer pressões por parte de deputados, principalmente de representantes de países exportadores de carne e que competem com o Brasil.
De acordo com documentos obtidos pela reportagem, entre janeiro de 2016 e março de 2017, 55 carregamentos de carnes brasileiras foram detectados com problemas sanitários na Europa.

Polícia Federal prepara indiciamentos dos alvos da operação e alerta sobre esquema

A Polícia Federal (PF) considera ter reunido elementos para indiciar na próxima semana os 37 alvos da Operação Carne Fraca, por supostos crimes de corrupção, advocacia administrativa e fraudes em fiscalizações federais e vai individualizar os apontamentos de supostos crimes à saúde pública e contra o consumidor. Os investigados são funcionários do Ministério da Agricultura, executivos e donos de frigoríficos e empresas de alimentos processados, entre elas JBS e BRF, alvos das prisões e buscas do dia 17 de março, realizadas em São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
Comandada por três delegados da PF, em Curitiba, a equipe tem convicção de ter descoberto um esquema criminoso de indicações políticas, em cargos chaves do Ministério da Agricultura, em especial no Paraná e Goiás, que tinha como contrapartida a obrigação de arrecadar propinas para PMDB, PP e PDT com empresários do setor de carnes e embutidos.
O delegado Maurício Moscardi Grillo - que trabalha junto com os delegados Roberto Biasoli e William Tito - iniciou o relatório parcial de indiciamento dos alvos para apresentar ao juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal, em Curitiba, até o dia 17 - dos alvos, 26 estão presos preventivamente.
Os policiais trabalham na conclusão do cruzamento de dados das quebras de sigilos bancários e fiscais dos investigados - ainda não tornadas públicas - e dos 13 mil grampos telefônicos e telemáticos feitos em 2016, com o material apreendido nas buscas.
O relatório de indiciamento deve trazer as análises de alimentos produzidas pelo Ministério da Agricultura, nas 21 empresas alvos da Carne Fraca, que apontam adulteração em produtos e os grampos que revelam tratativas dos empresários com os fiscais para liberar cargas de produtos enviados para China, Espanha e Itália.
A suspeita da polícia é que o esquema descoberto envolvendo fiscais do Paraná, Goiás e Minas Gerais, pode ter sido espelhado nas demais superintendências do Ministério da Agricultura, nos estados, e nos serviços de inspeção de produtos de origem animal (Sipoas). Nas duas últimas semanas foram ouvidos depoimentos de produtores rurais, agentes públicos e outras testemunhas que indicaram nomes de fiscais, políticos que seriam os responsáveis por suas indicações e fatos específicos de fraudes. O material será enviado aos estados de origem dos fatos, para abertura de novas investigações.
"É como se fosse uma Lava Jato da área de Agricultura", afirmou um investigador, com acesso aos inquéritos. O ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, apontado na Carne Fraca como um dos líderes do esquema e preso desde o dia 17, iniciou negociação com a polícia para fazer um acordo de delação premiada e pode ampliar o foco da Carne Fraca.
O impacto da operação no mercado internacional provocou um efeito devastador nas vendas de carnes e embutidos nacionais. Nas últimas duas semanas, as exportações despencaram, fruto de embargos dos países compradores.
A JBS informou, por meio de assessoria de imprensa, que "opera de acordo com a legislação e mantém rígidos padrões e processos para garantir a qualidade dos seus produtos" e que "não compactua com qualquer desvio de conduta de seus funcionários e tomará as medidas cabíveis".
A BRF informou que "não compactua com práticas ilícitas. "Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário." Informou ainda que "todas as medidas tomadas pela empresa e seus técnicos estão plenamente de acordo com os mais elevados níveis de governança e compliance e de forma nenhuma ferem qualquer preceito ético ou legal do Brasil e dos países para os quais ela exporta seus produtos".
O PMDB afirmou que não autoriza ninguém a falar em nome do partido e que está à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento.