Ricardo Gruner

"Acho que o brasileiro está se enxergando como latino como nunca antes tinha enxergado." A percepção é de César Casara, pianista da banda caxiense Yangos. Instrumental e dedicado a chacareras, tangos e milongas, o grupo é uma das atrações do El Mapa de Todos, evento que nesta semana chega à sétima edição. Voltado à aproximação entre a música nacional e a produzida nos países vizinhos, o festival acontece entre hoje e quinta-feira, no Theatro São Pedro (Pç. Mal. Deodoro, s/nº).  Ingressos custam entre R$ 10,00 e R$ 60,00 e são comercializados na bilheteria local ou pelo site www.maishows.com.

Entre artistas regionais, de outros estados e países, são sete shows em três dias. Com a chilena Violeta Parra como homenageada (em uma lembrança simbólica), a seleção tem como objetivo representar as vertentes sonoras desenvolvidas no continente.

No primeiro dia, por exemplo, sobem ao palco a Yangos e a Francisco, El Hombre (SP/México). A primeira está envolvida com o novo disco, Chamamé - cuja versão física tem lançamento em São Paulo no dia 19. "Nele nós vamos apresentar um pouco do folclore nordestino argentino, mas com uma pegada gaúcha e brasileira", avisa Casara - que, em cerca de 12 anos de banda, nunca viu tanta abertura à música latino-americana no Brasil quanto agora. Já a Francisco, El Hombre segue colhendo os frutos de Soltasbruxas, registro divulgado no ano passado. Com mensagens políticas, o grupo incorpora elementos de gêneros que vão de cumbia a maracatu.

Para amanhã, chega o cantor uruguaio Daniel Drexler, expoente que mantém conexões com a música produzida no Estado. O músico traz para a capital gaúcha o show Tres tempos - o qual foi transformado tanto em livro quanto em DVD ao vivo.

Na mesma noite, se apresenta Carmen Correa, gaúcha que recentemente se mudou para São Paulo em busca de novos espaços. No El Mapa de Todos, ela estreia uma versão minimalista do show do disco Do outro lado (2016). Acompanhada por Gabriel Sá, com quem também forma o projeto CasaDois, a compositora interpreta as canções com auxílio de loops - gravações e repetições - para contemplar diferentes elementos. "Dentro do que construo musicalmente, tenho um referência forte da sonoridade sulista, da estética do frio", adianta ela, admiradora de Vitor Ramil. "Isso é uma porta que se abre para todas possibilidades de som que existem além da nossa fronteira nacional", resume.

Para o último dia, foram escaladas três atrações. Natural de Pelotas, o rapper Zudizilla representa o Rio Grande do Sul. O músico já recebeu elogios de nomes como KL Jay, dos Racionais MC's, e colocou na praça seu disco de estreia no ano passado. Em seguida, é a vez da Romperayo, quarteto de destaque na cena colombiana. Percussão, sintetizadores, psicodelia: tudo tem espaço no trabalho do grupo, que, com apenas um álbum, já fez shows até na Europa.

A banda que fecha a programação de 2017 também tem experiência internacional - apesar do pouco tempo em atividade. Formada em Goiânia, a Boogarins lançou seu primeiro disco em 2013 e, desde então, vem cruzando fronteiras. O ao vivo Desvio onírico (2017), por exemplo, inclui quatro longas faixas, registradas em apresentações nos Estados Unidos, Canadá e Portugal. "Quando começamos a gravar, a ideia era captar as performances, já que as músicas soam bem diferentes de noite para noite", aponta o guitarrista Benke Ferraz.

Segundo ele, essa tônica na qual nem tudo é planejado e nem tudo é improviso deve guiar a apresentação em Porto Alegre. Pela segunda vez no "El Mapa", o grupo acredita que o Brasil ainda tem a aprender com os vizinhos. "No Chile, Argentina e Uruguai, a cena rock é muito estruturada. O El Mató a un Policía Motorizado, por exemplo, para nós é uma banda alternativa, mas lá na Argentina é bem conhecida, faz turnês gigantes", compara o músico.

Dia 2/5

21h - Yangos

22h - Francisco, el Hombre

Dia 3/5

21h - Carmen Correa

22h - Daniel Drexler

Dia 4/5

20h - Zudizilla

21h - Romperayo

22h - Boogarins