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Responsabilidade Social

- Publicada em 10 de Abril de 2017 às 16:40

Feiras de autoestima

Empresas & Negócios -Projeto Camaleão - Divulgação

Empresas & Negócios -Projeto Camaleão - Divulgação


PROJETO CAMALEÃO/PROJETO CAMALEÃO/DIVULGAÇÃO/JC
A arquiteta Flavia Maoli, 30 anos, chama as pessoas atendidas por ela e sua equipe de "pacientes". Criadora do blog Além do Cabelo e diretora-presidente do Projeto Camaleão, que busca melhorar a autoestima de quem enfrenta o câncer, ela provavelmente adotou o termo pela rotina de seus atendidos, que envolvem sessões de quimioterapia e visitas regulares a hospitais.
A arquiteta Flavia Maoli, 30 anos, chama as pessoas atendidas por ela e sua equipe de "pacientes". Criadora do blog Além do Cabelo e diretora-presidente do Projeto Camaleão, que busca melhorar a autoestima de quem enfrenta o câncer, ela provavelmente adotou o termo pela rotina de seus atendidos, que envolvem sessões de quimioterapia e visitas regulares a hospitais.
Mas não é errado dizer que essas mesmas pessoas, além de pacientes de médicos, com o perdão da redundância, também são pacientes dela quando estão em alguma das atividades do projeto, criado em 2014, quando Flavia e dois sócios (Leon Golendziner e Bruno Kautz) viram no blog uma oportunidade bacana para projeto social.
Nas clínicas gaúchas, o tratamento é contra o câncer. Já nas atividades do projeto, são tratadas as pessoas e os familiares de quem convive com a doença - que, muitas vezes, não fazem ideia de como lidar com o assunto. "Baixar a autoestima é reduzir a imunidade, e isso, para quem tem câncer, é vital", defende ela.
A principal ação do Projeto Camaleão são as chamadas "feiras de autoestima", geralmente realizadas por meio de financiamento coletivo ou em parceria com empresas locais. Foram nove edições até hoje, sempre abertas ao público. Elas geralmente começam com uma palestra de Flavia, que enfrentou o câncer duas vezes, falando de sua experiência de maneira bem-humorada.
A primeira vez que Flavia enfrentou o câncer foi em 2011, enquanto ainda frequentava as salas de aula da Ufrgs e descobriu um Linfoma de Hodgkin. A estimativa é de que surjam 2.470 novos casos desse tipo por ano no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na época, o médico disse a ela que tinha grande chance de cura. "Eu pensava: é, mas não é", conta.
Quando a doença voltou, em 2013, ela começava o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que tratava de um hotel para pacientes com câncer - ideia que surgiu após conhecer homens e mulheres que vinham de muito longe até a Capital, todos os dias, para fazer sessões de quimioterapia, que duravam minutos. Volta e meia, Flavia pensava que morreria jovem. O ponto de virada foi quando imaginou o que as pessoas fariam se soubessem quando seriam seus últimos dias de vida. "Elas não ficariam trancadas no quarto, jogadas na cama. Fariam bungee jump, iriam viajar, saltar de paraquedas. Por que não aproveitar?"
E esta é justamente uma das metas do projeto: fazer com que os participantes experimentem e aprendam coisas novas. Essas pessoas têm dinâmicas de grupo com um psicólogo e recebem consultorias de imagem, que incluem uso de perucas, lenços, maquiagem, acessórios. "Elas brincam de camaleão, e o nome veio disso, da adaptação para continuar vivendo", conta Flavia. "As pessoas se enxergam no outro, veem que é difícil, mas não impossível, superar a doença."
Outra ação do grupo foi o "Natalenço", campanha de arrecadação e doação de lenços para pacientes em hospitais e ONGs - foram distribuídos mais de 5 mil desde 2014. O lenço é escolhido pelos pacientes em um envelope transparente, que também conta com um cartão de Natal escrito por quem doa. E também foi lançado, no ano passado, o calendário "Camaleoas contra o câncer 2017", em que 13 participantes do projeto posam mostrando suas diferentes personalidades.
O projeto tem hoje 10 pessoas diretamente envolvidas, entre diretores, médicos, advogados, psicólogos, além dos voluntários que fazem trabalhos periodicamente, como fotógrafos e maquiadores. O grupo estima ter atendido presencialmente mais de 250 pacientes, além do público engajado em campanhas em Facebook, Instagram e outros meios digitais.
Agora, o Projeto Camaleão tenta arrecadar R$ 37 mil em campanha virtual para construção de sede própria: a Casa Camaleão, que servirá para prestar assistência contínua e diversificada, com grupos de encontro, cursos, banco de acessórios, apoio nutricional, atividade física, voluntariado, entre outras atividades. O financiamento coletivo ocorre até 6 de maio. As doações são pelo site catarse.me/casacamaleao.

Campanha por sede própria

O Projeto Camaleão lançou campanha virtual para arrecadar R$ 37 mil para a construção de sede própria: a Casa Camaleão, que servirá para prestar assistência contínua e diversificada, com grupos de encontro, cursos, banco de acessórios, apoio nutricional, atividade física, voluntariado, entre outras atividades. O financiamento coletivo ocorre até 6 de maio. As doações são pelo site catarse.me/casacamaleao.

Duas lutas

A primeira vez que Flavia Maoli enfrentou a doença foi em 2011, enquanto ainda frequentava as salas de aula da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ela descobriu na época que tinha Linfoma de Hodgkin, uma forma de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, um conjunto composto por órgãos e tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células pelo corpo. A estimativa é de que surjam 2.470 novos casos desse tipo por ano no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na época, o médico disse a ela que tinha grande chance de cura. "Eu pensava: é, mas não é", conta.
Mas quando a doença voltou, em 2013, a situação era diferente. Ela estava começando o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que tratava de um hotel para pacientes com câncer - ideia que surgiu após conhecer homens e mulheres que vinham de muito longe até a Capital todos os dias para fazer sessões de quimioterapia que duravam minutos. Volta e meia, Flavia pensava que morreria jovem. O ponto de virada foi quando imaginou o que as pessoas fariam se soubessem quando seria seus últimos dias de vida. "Elas não ficariam trancadas no quarto, jogadas na cama. Fariam bungee jump, iriam viajar, saltar de paraquedas. Por que não aproveitar?".
Foi no meio disso tudo que ela criou o blog Além do Cabelo, que alimentava nas horas vagas com textos sobre alimentação, saúde, moda e entretenimento direcionado a quem também passava pelo câncer ou tinha familiar em tal situação. "Câncer não é escolha, bom humor é" foi o lema adotado por ela, que meses depois realizou um transplante de medula óssea e superou a doença, pouco depois da formatura na universidade. "Comemoro dois aniversários: um é o de nascimento e o outro é o do transplante de medula. Hoje, tenho 3 anos e 6 meses de transplante", brinca a arquiteta. "E quero tudo que tenho direito: presentes, mensagens no Facebook."
O Projeto Camaleão começou em 2014, quando ela e dois sócios (Leon Golendziner e Bruno Kautz) viram no blog uma oportunidade bacana para projeto social. "Foi uma versão prática do blog", resume Flavia. O projeto tem hoje 10 pessoas diretamente envolvidas, entre diretores, médicos, advogados, psicólogos, além dos voluntários que fazem trabalhos periodicamente, como fotógrafos e maquiadores. O grupo estima ter atendido presencialmente mais de 250 pacientes, além do público engajado em campanhas em Facebook, Instagram e outros meios digitais.

5 conselhos do projeto para quem enfrenta a doença

1. Aceitar a situação
Flavia Maoli diz que conheceu pessoas que não falavam a palavra câncer de jeito nenhum, usavam eufemismos, como "aquela doença" ou "CA" (sigla médica). "É preciso entender que não é um castigo ou algo feio. Quanto mais se fala, mais se aceita e melhor se lida", aconselha.
2. Ter paciência, com os outros e consigo mesmo
O tratamento e a própria doença exigem muito do corpo. É essencial ser compreensivo com problemas menores, como um atraso do médico ou um familiar que não entende a doença. Além disso, é preciso estar ciente que nem todos os dias se estará disposto. "Em alguns dias, ela pode fazer o que quiser, em outros, terá que fazer o que é possível. E não há problema nenhum nisso", defende Flavia.
3. Encarar a vida com bom humor
A pessoa não escolhe ter câncer, mas escolhe como lidar com ele: essa é a máxima do Projeto Camaleão. Alguns momentos serão inevitavelmente difíceis, mas não é positivo que isso dure mais de três dias seguidos. "Alimentar a tristeza enfraquece o corpo", diz Flavia.
4. Procurar ajuda 
Para tratar o câncer, dificilmente alguém sente vergonha em procurar um oncologista. Da mesma forma, as pessoas não deveriam ter receio de procurar amigos, psicólogos, ONGs e de conhecer outras pessoas com histórias parecidas.
5. Aproveitar o hoje
Algo que serve tanto para quem enfrenta a doença como para quem não está nessa situação.