"Nem recatada, nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar", gritavam as mais de 2 mil pessoas, a maioria mulheres, que se reuniram no fim da tarde de ontem na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, em mais uma atividade alusiva ao Dia Internacional da Mulher. A frase faz referência à primeira-dama Marcela Temer, que, no início da gestão do presidente Michel Temer (PMDB), foi tema de uma entrevista enaltecendo suas qualidades por ser "recatada e do lar".
A resposta transformou-se uma frase de impacto e dividiu o ato com palavras de ordem contra as reformas da Previdência e trabalhista, e denúncias da violência física e psicológica sofridas por mulheres e meninas todos os dias. O ato também registrou uma intervenção em que mulheres tiraram a roupa e, quando estavam nuas, queimaram as vestes.
Já no início da noite, o grupo saiu em caminhada, passando pelo Palácio Piratini, se manifestaram contra o governador José Ivo Sartori (PMDB), e encerraram o protesto no Largo Zumbi dos Palmares.
Do início até o fim do dia, mulheres participaram de diversos atos e utilizaram a referência da data para protestar contra pautas políticas em andamento na esfera federal. No início da manhã, mulheres ligadas à Via Campesina e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) saíram em caminhada da ponte do Guaíba em direção à agência central do INSS em Porto Alegre.
Tanto nessa caminhada quanto na realizada no fim do dia, a principal bandeira levantada pelas manifestantes era de contrariedade à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 287/2016, que prevê a reforma da Previdência.
Com o argumento de que serão as principais prejudicadas com as mudanças propostas, como a equiparação da idade mínima para aposentadoria de mulheres e homens e o fim da aposentadoria especial para trabalhadores rurais, centrais sindicais e movimentos sociais realizaram dois seminários sobre o tema.
Reivindicações por direitos das mulheres também foram registradas em cidades do interior, como Santa Cruz do Sul, Pelotas, Erechim, Caxias do Sul, Santa Maria e Bagé, todas tendo como foco principal as reformas propostas pelo governo federal.