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Opinião

- Publicada em 24 de Março de 2017 às 15:28

Fraquezas da carne

Pois há ocorrências na já longa temporada da crise brasileira, em que parece estarmos obrigados a aplaudir extravagâncias. Como a mostrada aos olhos do mundo pelas TVs na madrugada das prisões dos mafiosos da carne. Aquela exposição de força policial bem que poderia ser apenas mais uma caravana abrindo caminhos para o necessário combate à corrupção nossa de cada dia. Mas aos seus atores faltou, no mínimo, a cautela do "roupa suja se lava em casa". Especialmente quando ela também se destina ao consumo externo, colocá-la no varal com a estridência da exposição midiática internacional acrescenta dificuldades na preservação de um mercado conquistado a duras penas e concorrências, e que levou no mínimo 30 anos para se consolidar.
Pois há ocorrências na já longa temporada da crise brasileira, em que parece estarmos obrigados a aplaudir extravagâncias. Como a mostrada aos olhos do mundo pelas TVs na madrugada das prisões dos mafiosos da carne. Aquela exposição de força policial bem que poderia ser apenas mais uma caravana abrindo caminhos para o necessário combate à corrupção nossa de cada dia. Mas aos seus atores faltou, no mínimo, a cautela do "roupa suja se lava em casa". Especialmente quando ela também se destina ao consumo externo, colocá-la no varal com a estridência da exposição midiática internacional acrescenta dificuldades na preservação de um mercado conquistado a duras penas e concorrências, e que levou no mínimo 30 anos para se consolidar.
No início, os investigadores trabalharam discretamente no exclusivo interesse da eficácia das apurações. Foram dois anos de extrema competência - como lhes é próprio - para desfiar mais uma teia de relações promíscuas entre o público e o privado. Mas ao se tornarem os atores principais daquelas imagens instantaneamente mostradas no exterior, logo vocalizadas com a estridência própria da mídia internacional, acabaram todos por erguer um monumento global à desconfiança geral e irrestrita no mais nobre produto nacional de exportação. E que pela perversa generalização inevitavelmente respinga nos produtores, nas cooperativas, nos exportadores honestos. Enfim, nos elos bons que garantem a solidez e a credibilidade do Brasil no mercado internacional.
O diabo deve saber como ninguém que a carne - não a que exportamos, mas a de que somos feitos -, sim, é fraca. E por saber também que a vaidade é o nosso pecado preferido, não poupa nem os agentes das instituições democráticas mais sólidas e respeitadas. E quando, como no caso, eles sucumbem à tentação daquele vício capital, não há carne que resista. Na prática, faltou-lhes separar a proteína boa do osso ruim, e agora estamos todos condenados a roê-lo.
Jornalista, subprocurador-geral da República aposentado
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