"A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão" (Chico Buarque). Senhores e senhoras "dirigentes" das entidades carnavalescas de Porto Alegre e "autoridades municipais", não sei se vocês permaneceram na cidade ou não, nos dias de Carnaval, mas saibam que vocês conseguiram transformar o Carnaval em dias melancólicos e tristes, para dizer menos, sem o desfile das escolas de samba no Porto Seco. Dias de silêncio, dias sem graça.
Talvez, os senhores e senhoras digam que o problema foi meu que não tive recursos financeiros de ir à praia ou para SP, RJ ou SC, onde ocorreram desfiles. Pode ser. Entretanto, saibam que quem está perdendo mais é o Carnaval de Porto Alegre, com a decepção e a tristeza dos amantes e participantes dos desfiles. A ideia de que isso trará mais público ao desfile temporão, pode não se realizar, e vocês terem dado tiro no próprio pé, seja porque as pessoas vão criar alternativas nos próximos anos, seja porque elas vão se convencer que os Carnavais de SP, RJ e SC são mais atrativos mesmo, e que é melhor viajar para aqueles locais ou ficar assistindo a transmissão pela telinha.
O Carnaval de Porto Alegre, senhoras e senhores, data de 1830, originário do Entrudo, que passou por liberações e proibições. Por volta de 1870, o Entrudo perde espaço para as Sociedades Esmeralda e Venezianos, que predominaram no Carnaval até 1900, que somente em 2006 foi declarado patrimônio histórico cultural. Portanto, estão a desrespeitar uma história de 187 anos. Depois, não adiantará reclamar quando forem acusados de terem matado o Carnaval de Porto Alegre.
Economista e carnavalesco