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fraude

- Publicada em 23 de Março de 2017 às 09:59

Teste aponta adulteração de sete marcas de azeites de oliva

Sete marcas foram consideradas impróprias para consumo, mas cinco puderam ser divulgadas

Sete marcas foram consideradas impróprias para consumo, mas cinco puderam ser divulgadas


VAGNER RIBAS/Arte/JC
Na semana em que os consumidores ainda estão confusos em relação à qualidade da carne brasileira, um novo teste da Proteste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, constatou adulteração em diversas marcas de azeite de oliva, algumas delas consideradas impróprias para consumo in natura.
Na semana em que os consumidores ainda estão confusos em relação à qualidade da carne brasileira, um novo teste da Proteste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, constatou adulteração em diversas marcas de azeite de oliva, algumas delas consideradas impróprias para consumo in natura.
A entidade avaliou 24 marcas. Sete apresentaram fraudes por conterem misturas de óleos vegetais e animais. "São produtos não indicados para o consumo, por exemplo na salada ou no pão", afirma o diretor da Proteste, Henrique Lian. Uma das marcas não é extra virgem, embora a informação conste no rótulo. As marcas adulteradas, segundo a entidade, são Tradição, Figueira de Foz, Torre de Quintela, Pramesa e Lisboa, todos importados e boa parte delas envasadas no Brasil.
Duas outras marcas têm liminares da Justiça impedindo a divulgação de seus nomes. No site da Proteste, os azeites que não atendem aos padrões mínimos de qualidade ou representa um risco à segurança do consumidor são identificados como "eliminado" do teste. O azeite Beirão extravirgem aparece com "qualidade ruim", e não é recomendado para consumo pela proteste. Acesse o teste de cada uma das marcas com divulgação liberada. 
"Não dá para saber se a fraude vem da origem ou se ocorreu no processo de envasamento", informa Lian. Segundo ele, o teste foi feito em laboratório de Portugal, credenciado pelo Ministério da Agricultura e pelo Conselho Oleícola Internacional (COI). As marcas escolhidas são as mais vendidas no mercado.
Essa é a sexta edição da avaliação. As anteriores ocorreram em 2002, 2007, 2009, 2013 e 2016. Alguns dos produtos, como o Tradição, o Pramesa e o Figueira da Foz são reincidentes na reprovação. Lian explica que o Ministério da Agricultura já emitiu multas a produtores ou importadores de produtos adulterados, mas problemas persistem.
"O Ministério refaz os testes e, muitas vezes, quando confirma o problema e pede a retirada do lote, o produto já foi vendido", diz o diretor da Proteste, organização não governamental que promove avaliação de vários produtos, inclusive de automóveis, no quesito segurança.

Em 2016 oito marcas foram reprovadas no teste

Lian ressalta que houve melhora em relação ao teste de 2016. No ano passado, de 20 marcas avaliadas, oito foram reprovadas, sendo quatro por fraudes na fórmula e quatro classificadas erroneamente, já que eram apenas virgens (e não extra virgem, que é o azeite feito com o esmagamento de azeitonas a frio).
Foram considerados de excelente qualidade os azeites O-live, Andorinha e Carbonell. Na lista de produtos com qualidade e melhor custo benefício estão O-live, Carrefour Portugal, Qualitá e Filippo Berio. Também foram aprovados no teste os azeites Borges, Cardeal, Cocinero, Gallo, La Española, La Violetera, Taeq, Serrata, Renata e Broto Legal Báltico.
Em nota, a empresa Olivenza, envasadora do azeite Torre de Quintela, informou que irá "analisar o lote deste produto e verificar o ocorrido". A empresa informa ainda já estar trabalhando para que este tipo de imprevisto não ocorra e que vai se adequar à legislação brasileira "afim de oferecer um produto de qualidade."
Representantes do Tradição, Figueira de Foz, Pramesa, Lisboa e Beirão não foram localizados pela reportagem. Como há muita burocracia no procedimento adotado pelo Ministério para comprovar as fraudes, Lian sugere aos consumidores ficarem atentos aos testes e a "boicotarem os produtos reprovados". 
Com informações da Agência Estado.

Como é feito o teste


FREEIMAGES.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Segundo a Proteste, os azeites extravirgens das principais marcas do mercado foram comprados anonimamente nas lojas para serem testados. A entidade informa em seu site que não aceita amostras grátis de fabricantes.
Os laboratórios que fazem as análises são acreditados pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pelo Conselho Oleícola Internacional (COI) – para manter a independência de nossos testes, não revelamos seus nomes. Baseamos o teste nas normas nacionais ou internacionais que melhor retratam os interesses do consumidor.
O que é avaliado:
  • Rotulagem: é verificado se os rótulos contêm todas as informações exigidas pela legislação, além de outros dados importantes para sanar as dúvidas do consumidor.
  • Acidez: saber a acidez é um indicativo do estado de conservação do produto. É calculada a quantidade de ácidos graxos livres (expressa em porcentagem de ácido oleico).
  • Conservação: para calcular o estado de conservação dos azeites, examina-se o índice de peróxido, o qual verifica a oxidação inicial do azeite e sua deterioração. Também é feita uma análise espectrofotométrica, que avalia a absorção da radiação ultravioleta em determinado comprimento de ondas, para ver se há a presença de dienos e trienos conjugados (compostos que podem ser formados durante a estocagem, fornecendo informações sobre a conservação).
  • Qualidade: para medir a qualidade do azeite, analisa-se a presença de umidade, impurezas (sujidades e outras substâncias estranhas), metais e ésteres metílicos e etílicos (verificamos a formação desses compostos e suas interações com o azeite de oliva extravirgem). Além disso, a análise espectofotométrica, citada assim, também informa sobre a identidade do azeite e as mudanças causadas durante o processamento.
  • Fraudes: para avaliar possíveis fraudes, utiliza-se diversas análises. Entre elas, a quantidade de ceras (ésteres que estão presentes na pele das azeitonas e indicam a genuinidade de um azeite), estigmastadieno (detecta a presença de azeites vegetais refinados em azeites de oliva extravirgem), eritrodiol e uvaol (indicadores do tipo de extração do óleo), além da composição em ácidos graxos e esteróis (mostram se houve a adição de outros óleos ou gorduras).
  • Análise sensorial: realizada com degustadores treinados pelo COI para identificar a qualidade das amostras a partir da cor, do sabor e do odor, diferenciando os azeites em relação à composição e qualidade. Os profissionais têm capacidade de detectar eventuais problemas graves, como fraudes. Eles receberam as amostras de forma padronizada, com a mesma quantidade para cada marca, apenas identificada com um código aleatório.
Fonte: Proteste