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Logística

- Publicada em 16 de Março de 2017 às 21:49

Fraport arremata aeroporto Salgado Filho

Novo administrador terá a concessão do local por prazo de 25 anos

Novo administrador terá a concessão do local por prazo de 25 anos


FREDY VIEIRA/JC
Com a chegada de um novo administrador, a expectativa é de que uma série de obras (previstas no contrato de concessão) sejam desencadeadas no aeroporto Salgado Filho, sendo a principal delas a expansão da pista de aterrisagem e decolagem em mais 920 metros (hoje, a estrutura possui 2.280 metros). O vencedor do leilão do complexo gaúcho, realizado nessa quinta-feira pelo governo federal, foi a Fraport AG Frankfurt Airport Services, da Alemanha.
Com a chegada de um novo administrador, a expectativa é de que uma série de obras (previstas no contrato de concessão) sejam desencadeadas no aeroporto Salgado Filho, sendo a principal delas a expansão da pista de aterrisagem e decolagem em mais 920 metros (hoje, a estrutura possui 2.280 metros). O vencedor do leilão do complexo gaúcho, realizado nessa quinta-feira pelo governo federal, foi a Fraport AG Frankfurt Airport Services, da Alemanha.
O grupo irá pagar um total de R$ 382 milhões, montante 211% superior ao valor mínimo de outorga (R$ 123 milhões). Também foi atingido um ágio 835% superior ao previsto para o lance mínimo de oferta inicial (R$ 31 milhões). A grande diferença deve-se, em parte, pelo fato de terem sido feito oito lances pelo terminal de Porto Alegre, com a disputa entre a empresa alemã e o grupo Zurich. Com isso, detalha o advogado Rômulo Mariani, do escritório Souto Correa, a Fraport precisará pagar R$ 290 milhões de forma imediata e mais R$ 92 milhões ao longo da concessão.
A vice-presidente executiva sênior da Fraport, Aletta von Massenbach, explicou que o forte interesse em Porto Alegre está relacionado ao potencial da região como "centro de negócios". Segundo ela, a análise econômica sobre as especificidades deste mercado fez com que a companhia olhasse essa concessão. Tanto no caso de Fortaleza como da capital gaúcha, Aletta salientou que a operadora conta com o crescimento das operações das companhias aéreas nos terminais, mas minimizou a importância de atração de empresas estrangeiras. "Se são internacionais ou não, não interessa, não faz diferença, isso é uma questão de que tipo de destinações vão servir, e o mercado de aviação é muito bom, então achamos que temos um número de players suficiente e com os quais podemos desenvolver", comentou.
Sobre o empreendimento no Rio Grande do Sul, Mariani considerou o resultado como muito positivo, apesar de apenas duas companhias terem participado da concorrência pelo Salgado Filho (além da Fraport, o grupo suíço Zurich disputou o complexo). Mesmo que leilões anteriores tenham registrado maior procura, dessa vez, conforme o advogado, houve um ganho de qualidade.
Os certames foram encabeçados por grandes empresas, operadores com experiência no setor aeroportuário, em vez de empreiteiras. A Fraport dirige nove aeroportos pelo mundo, entre os quais os de Frankfurt e Hannover, na Alemanha; Jorge Chavez, de Lima, no Peru; e aeroportos na Eslovênia, Rússia, Turquia, China e Índia. Um ponto ressaltado por Mariani é que o grupo também arrematou o de Fortaleza, o que sinaliza a meta de manter atividade sólida no Brasil.
O advogado aponta como principal atrativo o valor mínimo de outorga (R$ 123 milhões), considerado baixo. "O governo fez uma avaliação conservadora como estratégia para o leilão dar certo."
O prazo de concessão do aeroporto gaúcho é de 25 anos, podendo ser prorrogado uma única vez por cinco anos. A contrapartida em investimentos previstos é da ordem de R$ 1,9 bilhão.
Se não houver empecilhos, a convocação para celebração do contrato de concessão acontecerá em 28 de julho. Para Mariani, a maior dificuldade que o concessionário irá enfrentar quanto ao Salgado Filho é a questão fundiária para a ampliação da pista. Como eventuais desocupações para fazer a expansão poderão depender do Judiciário, isso aumenta o risco para o empreendedor, que será responsabilizado por atrasos na obra.
O consultor em aeroportos Fernando Bizarro também ficou satisfeito com o desfecho do leilão. O especialista reitera a experiência do grupo Fraport como um dos maiores ganhos para a administração do aeroporto gaúcho. Bizarro considera a ampliação da pista como uma obra fundamental e espera que não ocorram problemas com a retirada de alguma família para concretizar o empreendimento, já que a maior parte dessas realocações já foi feita. Sobre os rumores de que a consistência do terreno não seria a melhor para fazer a expansão, o consultor salienta que a pista atual foi construída na mesma área. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a partir da validação do contrato, o prazo para realização da ampliação da pista é de 52 meses.
Apesar das expectativas de melhorias, Bizarro sustenta que nada impede de continuarem sendo analisadas alternativas de novos aeroportos na Região Metropolitana para atender a demandas futuras. O consultor prevê que, mesmo com as obras projetadas, o Salgado Filho deve ter sua capacidade esgotada por volta de 2050.
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Entidades destacam ganho de competitividade de empresas com aumento da pista

Os reflexos da passagem do controle do Salgado Filho das mãos da Infraero para o grupo Fraport deverão refletir muito além do complexo aeroportuário. A ampliação da pista, por exemplo, repercutirá na competitividade do setor industrial gaúcho, adianta o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.
Com uma pista capaz de permitir aeronaves de maior porte, com capacidade em torno de 100 toneladas, exportadores do Estado não precisarão transportar seus produtos até São Paulo para despachá-los para o exterior, encarecendo o frete e provocando perdas de clientes. "Se o Brasil não tem condições de melhorar a sua infraestrutura, precisa deixar quem tem capacidade e dinheiro fazer. Ou aceitamos isso, ou não criamos infraestrutura", afirma Müller.
O vice-coordenador do Fórum de Infraestrutura da Agenda 2020 e vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Paulo Menzel, também está feliz com o resultado do leilão. "E a expansão da pista tem que ser a obra primordial", sustenta. De acordo com Menzel, as perdas anuais, principalmente com a limitação do transporte de cargas aéreas devido às atuais medidas da pista, somam R$ 13,3 bilhões.