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Indústria

- Publicada em 05 de Março de 2017 às 21:16

Produtos mais baratos são aposta para a Páscoa

Ovos grandes deverão sofrer uma queda de 9,8% na comercialização

Ovos grandes deverão sofrer uma queda de 9,8% na comercialização


ARCOR /DIVULGAÇÃO/JC
Um dos principais símbolos da Páscoa, o ovo de chocolate deverá perder espaço nos corredores neste ano. Com o desemprego em alta, a expectativa é de que os brasileiros priorizem produtos de menor valor agregado em 2017. Nessa linha, barras, bombons e mesmo ovos mais simples são a aposta de indústrias e supermercados para evitar que se repita a frustração nas vendas do doce vista no ano passado - a queda em volume, em 2016, chegou a 27%.
Um dos principais símbolos da Páscoa, o ovo de chocolate deverá perder espaço nos corredores neste ano. Com o desemprego em alta, a expectativa é de que os brasileiros priorizem produtos de menor valor agregado em 2017. Nessa linha, barras, bombons e mesmo ovos mais simples são a aposta de indústrias e supermercados para evitar que se repita a frustração nas vendas do doce vista no ano passado - a queda em volume, em 2016, chegou a 27%.
A indústria ainda evita fazer previsões. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), como a produção não está encerrada, ainda é cedo para determinar o volume de chocolate que sairá das fábricas. "Cremos que 2017 será um ano bem melhor do que 2016 para o nosso setor e, portanto, esperamos voltar a crescer", comenta o presidente da entidade, Ubiracy Fonseca. O objetivo é ultrapassar as 14,3 mil toneladas vendidas na Páscoa do ano passado.
Sobre os tipos de produtos que devem ganhar as gôndolas, Fonseca argumenta que cada empresa possui uma estratégia diferente. O portfólio, segundo o presidente, é renovado todos os anos, justamente para oferecer opções que atendam às demandas de momento dos brasileiros. "Para 2017 temos cerca de 120 lançamentos, com diversas alternativas de preços e que atendem os gostos de cada consumidor", afirma Fonseca.
Tudo leva a crer, porém, que a maior saída será mesmo a dos produtos mais baratos. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as encomendas do setor para a data devem crescer apenas nas caixas de bombons ( 4%), barras e tabletes ( 4%) e bombom bola ( 2,1%). Já entre os ovos, há queda considerável nos até 150g (-5,9%), mas uma redução ainda maior nos mais pesados do que isso (-9,8%). Como os ovos são tradicionalmente responsáveis pela maior parcela das vendas, a previsão da Abras é de queda nominal de 4,9% no valor a ser faturado na Páscoa.
No Rio Grande do Sul, pesquisa divulgada no mês passado pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) já apresentava a mesma tendência. A queda na venda de ovos no Estado, segundo a entidade, deve chegar a 12%. Barras ( 11,6%) e caixas de bombons ( 3,6%), porém, farão o caminho inverso. O presidente da Agas, Antonio Cesa Longo, argumenta, entretanto, que os ovos continuarão sendo a preferência dos gaúchos, ainda que a procura seja majoritariamente por itens menores e mais baratos.
O sentimento é o mesmo que vem da produção. Uma das principais fábricas de chocolate do País, a Arcor remodelou o seu mix de produtos para a Páscoa deste ano justamente com essa tendência em mente. "Para 2017, adaptamos o nosso portfólio para nos adequarmos ao mercado. Vamos oferecer ovos com menor desembolso e com excelente custo-benefício", defende o gerente de marketing da empresa, Anderson Freire. Os valores dos ovos variam entre R$ 19,90 e R$ 40,00. A expectativa da Arcor é de crescer 5% em relação ao ano passado.
Com os ovos de chocolate em baixa, quem deve se beneficiar neste ano é quem não tem esse tipo de produto na sua carteira. A gaúcha Neugebauer, por exemplo, há muitos anos optou por sair da disputa por esse mercado, estratégia que já se mostrou positiva em 2016, ano com tendência parecida à esperada para 2017. "Superamos as expectativas em 2016, atingindo aumento de 50% nas vendas, o maior volume da história da Neugebauer", conta o diretor comercial da empresa, Sérgio Copetti. O bom resultado abriu portas para a marca, que, na esteira disso, prevê novo crescimento, dessa vez na faixa dos 20%, para 2017.

Vagas temporárias para a data diminuíram nas fábricas

Se nas vendas a expectativa é por tentar igualar ou melhorar os resultados de 2016, na criação de empregos temporários para a Páscoa o resultado já é conhecido - e negativo. As indústrias de chocolate criaram, em 2017, 25 mil vagas para a data, ante as 29 mil de 2016. "É importante pontuar que 25 mil empregos temporários é um número expressivo e em linha com anos anteriores a 2016. O ano passado foi um ano atípico", destaca o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca.
A maior parte das vagas será distribuída no esforço de venda, tentando convencer os clientes nos pontos de venda. "As ações com promotores são sempre bem recebidas pelo público, tanto para degustação como para tirar dúvidas sobre os produtos", analisa o gerente de marketing da Arcor, Anderson Freire. A empresa contratou 1,3 mil temporários para a promoção de vendas, e outros 200 para as fábricas.
Entre quem vende fora dos supermercados, a geração foi maior. A Cacau Show, por exemplo, afirma ter criado 6,6 mil postos neste ano, ante os 6 mil anunciados no ano passado. A rede projeta crescimento de 14% nas vendas. Já o Grupo CRM, responsável pelas lojas Kopenhagen e Brasil Cacau, empregou novos 500 trabalhadores sazonais, na esperança de repetir as vendas de 3 milhões de ovos do ano passado.
Principal polo do chocolate artesanal no Brasil, as chocolaterias de Gramado também foram na contramão da indústria tradicional neste ano. Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Chocolate de Gramado (Achoco), Altanísio Ferreira de Lima, as empresas aproveitaram a incomum oferta de mão de obra na região, causada pelas demissões nos outros setores econômicos da cidade. "Ao contrário de outros locais, em Gramado sempre tivemos dificuldade de mão de obra, então nesse ano fomos buscar esse pessoal e há tendência de muitos serem efetivados", comenta Lima.
O presidente comenta que a entidade não calcula o total de temporários nas empresas. Na Chocolate Gramadense, empresa onde Lima é diretor, entretanto, o quadro dobrou com os sazonais, de 15 para 30 funcionários. A expansão é justificada pela esperança de maiores vendas. Primeiro, porque a Páscoa neste ano cai em 16 de abril, mais próxima da temporada de frio. Além disso, a recém-revitalizada entidade coorganiza nas semanas anteriores a Páscoa em Gramado, evento que deve ocupar a lacuna deixada pela extinta Chocofest. São esperadas 600 mil pessoas na cidade, que devem reverter também em aumento nas vendas.