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Porto Alegre, ter�a-feira, 07 de mar�o de 2017. Atualizado �s 23h31.

Jornal do Com�rcio

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artes c�nicas

Not�cia da edi��o impressa de 08/03/2017. Alterada em 07/03 �s 19h05min

�i N�is Aqui Traveiz apresenta Caliban

Personagem Caliban simboliza a resist�ncia ao neo-colonialismo

Personagem Caliban simboliza a resist�ncia ao neo-colonialismo


EUGENIO BARBOZA/DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, atenta e atuante às causas políticas, sociais e humanas, coloca em cena Caliban, peça baseada em A tempestade, do dramaturgo e teórico brasileiro Augusto Boal (1931 - 2009). Escrita pelo autor no exílio em 1974, em um momento marcado por ditaduras na América Latina, a peça é uma resposta ao texto original de William Shakespeare.
O grupo realiza um ensaio aberto hoje, às 16h, na Praça da Alfândega. A pré-estreia ocorre no próximo domingo, também às 16h, no Parque da Redenção - haverá sessões, ainda, no dia 14 de março, na Praça da Alfândega, e dia 16 de março, no Largo Glênio Peres.
A história é vista pela perspectiva do oprimido Caliban (o atuador Roberto Corbo), metáfora dos seres humanos originários da América que foram dizimados pelos invasores colonizadores representados pelo personagem Próspero.
Na peça de Shakespeare, Próspero é visto como o herói. A Terreira inverte essa lógica e traz Próspero representando a violenta dominação colonial e cultural - Caliban, por sua vez, encarna a resistência. "Vivemos um período colonial e seguimos hoje, agora chamado de neocolonialismo", diz Paulo Flores, fundador do grupo.
A ideia surgiu em 2015, segundo Flores, "no momento que estava se armando essa tempestade no Brasil", conta ele, fazendo referência ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Comemorando 39 anos de trajetória, o Ói Nóis traça na encenação um paralelo entre a situação que Boal vivou na década de 1970 com o momento atual político nos países Latinos Americanos a exemplo do Brasil.
"Nos anos de 1960 e 1970, os países ganhavam uma certa autonomia. Logo os movimentos sociais latino-americanos sofriam uma grande derrota frente ao imperialismo estadunidense, no momento tinham essa roupagem de golpe militar, mas por trás havia o projeto norte-americano. Me parece que estamos vivendo algo muito próximo", afirma Flores.
Na trajetória do grupo, marcada por espetáculos de rua e de vivência, esse é o terceiro espetáculo livremente inspirado na obra de Boal - o primeiro foi A história do homem que lutou sem conhecer seu grande inimigo (1988), baseado no texto Revolução na América do Sul; seguido de A heroína da Pindaíba (1996), inspirado no texto O homem que era uma fábrica.
O trabalho mais recente do Ói Nóis é Medeia Vozes (2013), espetáculo que tinha como palco o espaço da Terreira da Tribo - agora, Caliban estará nas ruas. "Neste momento, é necessário estarmos na rua para denunciar esse desmonte da cultura, retrocesso e fechamento dos espaços públicos. A peça fala muito do que estamos vivendo, a tempestade que está caindo sobre nós", relata Flores.
A peça foi contemplada com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/2015 e circulará pelo Brasil ao longo do ano. Também integra o projeto Caliban - Apontamentos sobre O Teatro de Nuestra América, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural.
A montagem terá sua estreia dia 29 de março, na cidade de Campina Grande, na Paraíba, durante o lançamento do 20º Palco Giratório Sesc, que nesta edição comemorativa tem a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz como grupo homenageado. Em maio, o espetáculo do grupo gaúcho estará no Rio de Janeiro e em Paraty, chegando a São Paulo em agosto.  
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