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Empresas & Negócios

- Publicada em 09 de Março de 2017 às 14:47

Hemmer quer povoar prateleiras


DANIEL ZIMMERMAN /DANIEL ZIMMERMAN/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
É cada vez mais difícil andar pelos corredores de supermercados e não se deparar com algum produto com a marca Hemmer nas gôndolas. Nascida como uma produtora de chucrute, a catarinense se transformou, pouco mais de um século depois de sua fundação, em um dos maiores catálogos de alimentos do País.
É cada vez mais difícil andar pelos corredores de supermercados e não se deparar com algum produto com a marca Hemmer nas gôndolas. Nascida como uma produtora de chucrute, a catarinense se transformou, pouco mais de um século depois de sua fundação, em um dos maiores catálogos de alimentos do País.
De Blumenau, sede da companhia, saem hoje mais de 350 produtos diferentes entre conservas, molhos, xaropes e azeites - portfólio que não deve parar de aumentar. Para o presidente da Hemmer, Ericsson Luef, a diversificação é necessária para diminuir a dependência de produtos de consumo regional e, assim, conseguir adentrar as regiões Norte e Nordeste.
Quinta geração da família fundadora, o empresário teve um fim de ano complicado: Luef é também vice-presidente da Federação Catarinense de Futebol, e perdeu amigos pessoais na tragédia que vitimou a Chapecoense. "Foi um trauma para todos, qualquer ser humano sentiu. Mas vida que segue", comenta. Se seguir na mesma toada, pelo menos no lado empresarial, não haverá do que reclamar: mesmo com a retração no consumo, a Hemmer afirma ter crescido na casa dos 10% em 2016.
Empresas & Negócios - Qual a estratégia por trás da expansão do catálogo?
Ericsson Luef - A diversificação de produtos faz parte do crescimento de uma empresa. No nosso caso, saímos de uma empresa, a Hemmer das conservas, para a agora Hemmer Alimentos. Usamos o potencial da marca e nosso know how de produtores de alimentos há mais de 100 anos para expandirmos o portfólio e fabricarmos produtos com consumo não tão voltados aos descendentes de europeus, como acontece com o chucrute e o pepino em conserva. Diversificamos para conseguir atingir uma parcela maior do consumidor a nível nacional. E tem dado certo, com bons resultados em todos os lançamentos que fizemos.
Empresas & Negócios - Quais são os carros-chefes da Hemmer hoje?
Luef - Falando em categorias, nosso faturamento hoje está ancorado nos atomatados, azeitonas, pepinos, mostardas e palmitos. São essas cinco linhas que puxam as receitas.
Empresas & Negócios - Produzir tantos itens diferentes entre si traz alguma dificuldade?
Luef - Como temos esse know how de fabricantes de alimentos, não é difícil para nós aumentar o portfólio. Temos um departamento de desenvolvimento de produtos que trabalha em tempo integral apenas nisso. Aumenta nossa representatividade de mercado. Hoje, você vai no supermercado e encontra uma gama enorme de produtos com a nossa marca. Só nos traz pontos positivos.
Empresas & Negócios - Quais os principais mercados para a Hemmer?
Luef - Temos presença muito forte do Sudeste para baixo. Vendemos para Santa Catarina e São Paulo volumes parecidos, seguidos pelo Rio Grande do Sul, que é importantíssimo para a Hemmer. É um grande mercado consumidor de nossos produtos, e os supermercados gaúchos também são grandes parceiros nossos. Começamos, há pouco tempo, um trabalho mais forte para efetivarmos uma presença maior no Norte e Nordeste, que está dando resultado. A entrada mais agressiva nesses mercados também explica nosso crescimento. E temos mais itens para chegar nessas regiões, que são produtos que se consomem no Brasil inteiro.
Empresas & Negócios - A que tipo de produto se refere?
Luef - Produtos como a linha de atomatados, por exemplo, em que tínhamos presença modesta até quatro anos atrás. São ketchups e molhos prontos, uma categoria em que investimos muito e expandimos a linha. Também azeitonas e maionese, que não tínhamos há cerca de dois anos, são consideradas commodities, tanto o gaúcho quanto o maranhense consomem. Diferentemente do pepino em condimento suave, por exemplo, que é muito restrito ao Sul. Do Sudeste para cima, não é um produto com hábito alimentar muito grande, não existe demanda. Se você não tem um portfólio grande para chegar em uma região com produtos que aquela localidade tem o hábito de consumo, terá dificuldade. Por isso trabalhamos para ter um catálogo de alimentos cada vez mais completo.
Empresas & Negócios - E como aliar os dois campos, com produtos tradicionais e outros agora mais modernos?
Luef - O chucrute foi o embrião da Hemmer, de onde nasceu a empresa. Mas é extremamente direcionado ao público descendente de europeus, que tem esse hábito alimentar desde jovem. Mantemos esses produtos tradicionais na pauta, até para atender esse consumidor, que também tem o seu mercado, mas é mais restrito. Não se consegue alavancar a empresa tendo produtos que são muito direcionados a um pequeno nicho. Temos que oferecer itens que atendam a uma grande maioria. Mas o chucrute continua com sua importância na estratégia da empresa, e esse mix todo convive muito bem entre si.
Empresas & Negócios - A Hemmer utiliza muitos insumos importados (a empresa afirma ser a maior importadora de grãos de mostarda do País). Há alguma expectativa de nacionalizar a matéria-prima em algum momento?
Luef - Azeitonas e mostarda são 100% importadas. A semente de mostarda vem toda do Canadá, e na azeitona temos relação comercial com Argentina, Chile, Peru e Espanha. A curto prazo, não vejo o Brasil sendo grande produtor desses produtos, mesmo sabendo que há ensaios sendo feitos em algumas regiões no caso da azeitona. Até porque a própria oliveira demora a começar a produzir, não é uma agricultura rápida, e também pela questão climática. A gente monitora, porque, quando se trabalha com produto importado, sofre-se muita influência do câmbio. Mas isso atinge não só a Hemmer, como todos os produtores desses produtos.
Empresas & Negócios - Há cinco anos, a empresa mantém uma loja própria. A ideia é entrar também no varejo?
Luef - Nós criamos esse conceito, o Empório Hemmer, que está instalado no ponto mais visitado de Blumenau, o parque Vila Germânica. O objetivo foi primeiro identificar o feedback do consumidor, pois tínhamos só o feedback do supermercadista. Tendo essa ligação direta, começamos a ter informações relevantes sobre o que pensam dos produtos, se a expectativa foi atendida, se existe outras demandas. É um projeto criado também para apresentar a marca e os produtos para muita gente que vem a Blumenau, que é uma cidade turística e recebe pessoas de todos os locais. Recebemos muitos contatos sobre franquias, mas ainda estamos analisando. Talvez, mais para a frente, possamos criar outros pilotos em regiões onde não haja relação comerciais mais consolidadas. Pode ser uma válvula de escape para entrar onde não conseguimos acordos com as redes locais.
Empresas & Negócios - A Hemmer entrou agora no mercado de cervejas. Pode se tornar relevante para a empresa?
Luef - É um mercado em expansão. Já tínhamos uma ideia do mercado de uma parceria anterior com uma cervejaria, mas as coisas não andaram como pensávamos, e resolvemos partir para uma cerveja com a marca Hemmer. Fizemos agora uma formulação junto com a Cerveja Blumenau. O produto desenvolvido junto com a Hemmer, apenas envasamos na planta do parceiro. Temos já ciência do mercado, sabemos o volume, os números, e entramos para ficar com uma fatia dele.
Empresas & Negócios - Em relação ao consumo, o pior já passou?
Luef - Estamos aguardando o primeiro trimestre para ver como se comporta a economia. Depende muito da parte política, que tem que trabalhar muito. Nesses primeiros meses, fizemos metas mensais, e vamos esperar o primeiro trimestre para estipular as metas anuais. Mesmo com o cenário econômico, crescemos cerca de 15% em 2015 e mais 10% em 2016.
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