Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de novembro do ano passado acendeu um alerta entre os estados que são credores da União pelas desonerações decorrentes da Lei Kandir.
A partir de ação movida pelo governo do Pará, o STF estabeleceu prazo de um ano para que o Congresso Nacional aprove algum dos projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados ou no Senado para compensar financeiramente os estados. Terminado o período, caso não se tenha regulado a matéria, caberá ao Tribunal de Contas da União (TCU) fixar regras para esse repasse.
A Lei Kandir, de 1996, regulamentou a cobrança do ICMS pelos estados e instituiu a isenção do imposto sobre as exportações de produtos primários e semielaborados.
À União cabe ressarcir os estados das perdas de arrecadação em decorrência da lei. Contudo isso nunca aconteceu, e a discussão que se dará é se o ressarcimento será retroativo à criação da lei ou passará a valer a partir da aprovação de algum dos projetos em tramitação.
O assunto entrou em discussão no início deste ano, com uma declaração do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), sobre a decisão do STF. Em entrevista, ele defendeu que se pratique um encontro de contas entre a dívida do estado com a União e o que teria a receber pela Lei Kandir. Caso seja praticado com a dívida retroativa a 1996, afirma Pimentel, Minas Gerais passaria a ser credora da União.
Aqui no Rio Grande do Sul, o deputado estadual Luís Augusto Lara (PTB) apresenta a mesma linha de defesa de encontro de contas. Ontem, ele tratou do tema em audiência com o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Marco Peixoto.
Presidente da Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia Legislativa, Lara propôs a formação de um grupo que sugira ao governo do Estado o ingresso de pedido de encontro de contas no STF. Na opinião do deputado, a dívida do Rio Grande do Sul poderia ser renegociada a partir da compensação com as perdas da Lei Kandir.