O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto defendeu, nesta segunda-feira, a Operação Lava Jato e disse que a ação é irreversível. "O Brasil, a partir da Ação Penal 470 (o mensalão) deu um tranco na cultura da impunidade de pessoas postadas nos andares de cima da sociedade, e a Lava Jato segue nessa direção", disse ele, ao receber o Prêmio FGV de Direitos Humanos, na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV).
"Inflexão histórica de que a Ação Penal 470 (o mensalão) é verdadeiramente representativa, sequenciada pela igualmente necessária e emblematicamente irreversível Operação Lava Jato", afirmou.
Ao ser questionado sobre a indicação do então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o cargo de ministro do Supremo, Ayres Britto elogiou a atuação de Moraes, mas fez ressalvas.
"Do ponto de vista pessoal, me dou muito bem com ele, que tem livros publicados, é da área do Direito Constitucional. Porém, pela militância mais político-partidária, de ocupação de cargos, não como teórico, mas como ocupante de cargos do organograma estatal a partir de São Paulo, prefiro aguardar um pouco", disse o ministro aposentado do STF. O magistrado ressaltou que, como manda a Constituição, não pode faltar a um integrante do Supremo Tribunal Federal reputação ilibada e notável saber jurídico. "Além disso, coragem para assumir a própria independência perante os outros poderes e internamente para não se deixar manobrar, manipular por nenhum outro ministro da Casa", completou. "Como o ministro Teori (Zavascki) fazia, primando pela assertividade." O ministro Alexandre de Moraes foi indicado para o lugar de Zavascki, que morreu em janeiro em um acidente aéreo em Paraty (RJ).