Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Lava Jato

- Publicada em 06 de Fevereiro de 2017 às 16:58

Moro descarta ações de 'motivação política'

Sérgio Moro fez elogios ao ministro Edson Fachin, atual relator no STF

Sérgio Moro fez elogios ao ministro Edson Fachin, atual relator no STF


AGÊNCIA SENADO/JC
"Não há ações de motivação política na Lava Jato", afirmou nesta segunda-feira, o juiz federal Sérgio Moro, em palestra na Columbia University, em Nova Iorque. O magistrado se contrapôs a reclamações de críticos da Lava Jato que apontam a ação da Justiça com foco exclusivamente político. "Alguns reclamam e dizem que a operação provoca a criminalização da política. Mas não é adequada esta avaliação. O problema é quem cometeu crimes", destacou.
"Não há ações de motivação política na Lava Jato", afirmou nesta segunda-feira, o juiz federal Sérgio Moro, em palestra na Columbia University, em Nova Iorque. O magistrado se contrapôs a reclamações de críticos da Lava Jato que apontam a ação da Justiça com foco exclusivamente político. "Alguns reclamam e dizem que a operação provoca a criminalização da política. Mas não é adequada esta avaliação. O problema é quem cometeu crimes", destacou.
A palestra de Moro teve um atraso de 12 minutos em razão de protestos contra seu trabalho na Lava Jato. Com cartazes às mãos, duas mulheres gritaram palavras de ordem e interromperam o início da fala do magistrado. Elas o acusaram de ser parcial na condução dos processos e foram vaiadas pelas outras pessoas presentes.
De acordo com Moro, as avaliações dos promotores e juízes que atuam na Lava Jato são baseadas em evidências e não em avaliações pessoais ou políticas. Ele apontou que a operação permitiu o julgamento e condenação de executivos de construtoras e isso também aconteceu com alguns ex-parlamentares, mas em primeira instância.
"Contudo, graças ao STF não precisamos mais esperar a condenação do acusado por um longo tempo", disse Moro.
Na avaliação do juiz, a Operação Lava Jato "é uma grande oportunidade para combater o crime de pessoas poderosas" no Brasil.
Ele observou que antes da Lava Jato, normalmente o sistema de Justiça do País não trabalhava bem com casos complexos relativos a pagamento de propinas e corrupção. "Acusados poderosos conseguem postergar ações judiciais", comentou.
Para Moro, o foro privilegiado de autoridades perante o Supremo Tribunal Federal "muitas vezes funciona como um escudo para proteção".
"Mas o Supremo atuou contra poderosos no caso do Mensalão", apontou. Moro afirmou ainda que "talvez a Lava Jato deu ao Brasil a oportunidade para superar a prática vergonhosa de corrupção". Segundo ele, no longo prazo o País "será mais competitivo e os custos de contratos baixarão".
Na avaliação do magistrado, a Lava Jato trará mais estabilidade para decisões de investimento no Brasil. "Se não fizermos o combate a crimes, baixará a confiança na lei e na democracia", disse. "Temos que ser otimistas. O que fizemos até agora com a Lava Jato é muito importante", apontou. "Talvez em alguns anos o combate à corrupção será motivo de orgulho para os brasileiros", o que fortalecerá o sistema democrático do País.
O juiz indicou que "não tem autoridade" para falar sobre ministros do Supremo Tribunal Federal. Fontes de Brasília apontam que o presidente Michel Temer poderá escolher o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para ocupar a vaga deixada pelo juiz Teori Zavascki, que morreu em um acidente de avião. "Estou longe do Brasil e não vi notícias sobre o Supremo", apontou. "Se o presidente escolher o ministro da Justiça, boa sorte. Mas não tenho comentários."
Moro atribuiu os boatos espalhados na internet de que seria um agente da CIA (órgão de inteligência do governo norte-americano) a uma "teoria da conspiração", que busca tirar do centro do debate político os efeitos positivos das investigações.
Moro fez elogios ao ministro Edson Fachin, atual relator da Lava Jato no STF. "É um grande jurista. Ele teve importantes decisões mostrando que trabalha de forma independente."
Quanto ao substituto de Teori Zavascki na Corte, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o juiz desejou "boa sorte". "Não tenho opinião para compartilhar agora", disse o magistrado.

Grupo de manifestantes tenta impedir a palestra

Um grupo de manifestantes tentou impedir uma fala do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, em uma palestra na Universidade Columbia, em Nova Iorque, Estados Unidos, nesta segunda-feira.
Moro é um dos convidados do evento para discutir governança e combate à corrupção no Brasil, que tem encerramento previsto para esta terça-feira. O procurador da Lava Jato Paulo Roberto Galvão e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, também estão na lista de palestrantes. A ministra não confirmou sua participação. O protesto contra Moro começou logo que ele entrou no auditório da universidade. Da plateia uma mulher começou a gritar acusando o juiz de ser "enviesado". Com faixas, um grupo a acompanhou com vaias e grito de "bias" (viés, em inglês).
Antes de o evento começar, cerca de 10 estudantes e professores protestaram com cartazes na frente da universidade. O grupo afirma que o evento mostra apenas um lado da situação política brasileira atual. "Sugerimos outros nomes (de palestrantes), que também se posicionam contra a Lava Jato, mas eles não aceitaram", diz Luiza Nassif, 29, estudante de economia da New School, que também organiza a palestra em parceria com a Universidade de Columbia.