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Geral

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2017 às 22:10

Catadores querem continuar atuando nas ruas de Porto Alegre

Uso do carrinho é principal fonte de renda de centenas de famílias

Uso do carrinho é principal fonte de renda de centenas de famílias


JONATHAN HECKLER/JC
Igor Natusch
A situação indefinida dos catadores de resíduos sólidos foi tema, ontem, de uma reunião na Câmara Municipal de Porto Alegre. Os trabalhadores querem reverter a proibição de veículos de tração humana nas ruas, que pode entrar em vigor a partir do mês que vem.
A situação indefinida dos catadores de resíduos sólidos foi tema, ontem, de uma reunião na Câmara Municipal de Porto Alegre. Os trabalhadores querem reverter a proibição de veículos de tração humana nas ruas, que pode entrar em vigor a partir do mês que vem.
Originalmente, a lei proibindo a circulação de carroças e carrinhos na cidade, aprovada em 2008, entraria em vigor em 2016, depois de um período de transição dos catadores para outras atividades. No final do ano passado, foi aprovada a prorrogação do prazo por seis meses. Agora, o esforço da oposição na Câmara é ampliar novamente a data, jogando-a para 2022. A decisão, porém, precisa acontecer logo: a partir do dia 10 de março, a proibição de carrinhos já entra em vigor.
O vereador Marcelo Sgarbossa (PT), autor do projeto que ampliaria o prazo, considera a rápida tramitação do texto "possível", se houver interesse político. "O Programa Nacional de Resíduos Sólidos prevê a dispensa de licitação para a contratação de catadores pela prefeitura. Ou seja, poderiam contratar essas pessoas para o recolhimento de resíduos. Atualmente, a prefeitura está na contramão das políticas nacionais sobre o tema", critica.
Presidente da Associação de Reciclagem Ecológica da Vila dos Papeleiros, Antonio Carbonero chegou a fazer um dos cursos da prefeitura, o que o levou a um emprego na empresa Celulose Riograndense. No entanto, o projeto chegou ao fim cerca de um ano depois, e Carbonero, de 70 anos, voltou a trabalhar no carrinho. "É a nossa fonte de renda. É com o dinheiro do carrinho que colocamos os filhos no colégio, pagamos material escolar. O que vamos fazer sem ele? Quem vai dar trabalho para alguém com a minha idade?", questiona.
Na visão de Carbonero, a prorrogação é importante, mas o ideal é que a proibição deixe definitivamente de vigorar. "Se a prefeitura tivesse condições, deveria padronizar, nos contratar, dar carrinhos elétricos para nós. Mas não tem. Então, que nos deixe trabalhar. Todo carrinheiro é um pequeno ambientalista."
Alex Cardoso, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, afirma que o projeto traz um "preconceito de origem", ao encarar o trabalho dos catadores como algo indigno. "Não é simples tirar uma categoria inteira da rua. Há anos, carregamos o meio ambiente nas costas. Ao invés de sermos perseguidos, deveríamos ser pagos e valorizados pela prefeitura", diz Cardoso.
Coordenadora do programa Todos Somos Porto Alegre, promovido pela prefeitura para capacitação e reinserção profissional dos catadores, Denise Souza Costa garante que os programas terão continuidade, seja qual for a data limite. Ela também defendeu os resultados do projeto, rebatendo críticas que o consideram distante dos reais anseios da categoria. "Não temos a ilusão de dizer que, em um prazo de dois anos, conseguiríamos resolver um problema que é histórico. Mas criamos uma lógica que sai da assistência social, rumo ao fomento do trabalho e da emancipação. A ideia é que essas pessoas sejam autônomas, que não dependam do governo para sobreviver, mas que tenham oportunidades", reforça.
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