Apoiado na redução da inadimplência e na queda das despesas contra possíveis calotes, o Itaú Unibanco lucrou R$ 5,8 bilhões no último trimestre de 2016, alta de 4% ante o período de julho a setembro e de 1,8% na comparação com o quarto trimestre de 2015. No ano, o lucro líquido foi de R$ 22,2 bilhões, queda de 7% na comparação com 2015.
Mas apesar da redução nos calotes, o maior banco privado do País não dá sinais de retomada nas concessões de crédito. A carteira total de empréstimos fechou dezembro em R$ 562 bilhões, recuo de 11,5% na comparação com o quarto trimestre de 2015 e de 1% ante o terceiro trimestre de 2016.
Para 2017, o Itaú projeta que os empréstimos possam cair até 2% ou avançar 2% no País. O banco foi conservador mesmo nos empréstimos com garantia, como o consignado, que recuou 2,2% entre o terceiro e o quarto trimestre, para R$ 44,64 bilhões. Essa linha vinha sendo explorada pelas grandes instituições financeiras para manter as concessões de crédito em um cenário de risco de inadimplência elevado.
O Itaú ofereceu mais crédito nas linhas de cartão de crédito e de financiamento imobiliário, a exemplo dos demais bancos. Houve alguma retomada, no entanto, nos empréstimos para pequenas e médias empresas, o segmento que mais sofreu com a crise. A carteira de crédito desse segmento terminou 2016 com R$ 61,6 bilhões, alta de 1,3% ante setembro. Na comparação com dezembro de 2015, a queda é de 10,8%.
A inadimplência acima de 90 dias em 4,2% considerando apenas os dados dos empréstimos no País, queda ante os 4,8% registrados no terceiro trimestre. O índice de calotes ainda é maior que o registrado no final de 2015, 3,9%.
As despesas do Itaú para cobrir eventuais calotes somaram R$ 5,8 bilhões no quatro trimestre, queda de 8,5% quando comparadas ao quarto trimestre de 2015. A redução nessas reservas indica que o banco espera maior pontualidade nos pagamentos daqui para frente.
A margem financeira, que é a receita a partir das operações de crédito e também das aplicações no mercado financeiro, somou R$ 17,3 bilhões, queda de 2,9% na comparação com o último trimestre de 2015.
Já as receitas com prestação de serviços (como de conta-corrente e cartão de crédito) avançaram 1,4% entre o último trimestre de 2015 e igual período de 2016, para R$ 7,98 bilhões. O crescimento foi menor que o registrado no Bradesco e no Santander e reflete o desempenho negativo dessas receitas em outros países. Os correntistas do Itaú pagaram R$ 1,7 bilhão em tarifas de conta-corrente no quarto trimestre, alta de 7,2% ante o último trimestre de 2015.
Além de esperar relativa estabilidade no crédito neste ano, o Itaú indicou que a margem financeira com clientes deve apresentar nova queda, entre 5% e 1,5% no País. A margem financeira com clientes é a receita gerada com empréstimos.
O resultado das despesas contra calotes, que considera os valores recuperados pelo banco após a inadimplência, deve ficar entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15 bilhões, intervalo menor que o de 2016. O banco também espera crescimento menor nas receitas com tarifas, com avanço de até 4% neste ano. No ano passado, o incremento foi de 5,9%.