Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Operação Lava Jato

- Publicada em 26 de Janeiro de 2017 às 17:40

Foragido, Eike Batista é procurado pela Interpol

 Ordem de prisão contra Eike Baatista foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas

Ordem de prisão contra Eike Baatista foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas


Agência Brasil/JC
O nome do empresário Eike Batista foi incluído na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional) - índex dos mais procurados em todo o mundo. A Polícia Federal não encontrou Eike na manhã desta quinta-feira, em sua residência, no Rio de Janeiro. O empresário é formalmente declarado foragido.
O nome do empresário Eike Batista foi incluído na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional) - índex dos mais procurados em todo o mundo. A Polícia Federal não encontrou Eike na manhã desta quinta-feira, em sua residência, no Rio de Janeiro. O empresário é formalmente declarado foragido.
A Interpol funciona, na prática, como uma rede que mantém conexão com as polícias de quase 200 países. Os nomes dos procurados abastecem o cadastro da Interpol.
A ordem de prisão contra Eike foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, no âmbito da Operação Eficiência - desdobramento da Calicute e da Lava Jato que mira o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Investigação apontou que o esquema de Cabral ocultou cerca US$ 100 milhões em diversas contas em paraísos fiscais no exterior. O MPF conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões por meio de colaboradores que assinaram delação premiada. Os procuradores dizem que a remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando o ex-governador acumulou US$ 6 milhões, e que, em 10 meses (de agosto de 2014 a junho de 2015), a organização criminosa movimentou R$ 39,7 milhões, o que daria uma média de aproximadamente R$ 4 milhões por mês.
Na Operação Eficiência, foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e quatro de conduções coercitivas. Entre os principais alvos com mandados de prisão está Eike Batista.
As investigações apontam também o pagamento de propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador por Eike e Flávio Godinho, usando a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá. Esse valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista em 2010 e, para dar aparência de legalidade a operação, foi realizado em 2011 um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai, em nome de terceiros, mas à disposição de  Cabral, de acordo com o MPF.

Em depoimento voluntário, Eike não citou o peemedebista

As empresas de Eike Batista foram alvo da 34ª fase da Lava Jato, a Arquivo X, deflagrada em setembro passado, que investiga propinas pagas pelo consórcio Integra, que reunia a OSX e a construtora Mendes Júnior, deflagrada em setembro passado. Meses antes, em maio de 2016, Eike havia procurado a força-tarefa da Lava Jato para prestar um depoimento voluntário, mas não falou sobre pagamentos ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Na época, o empresário contou ter feito pagamento de
US$ 2,35 milhões, a pedido do ex-ministro Guido Mantega, ao casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura. O valor seria destinado a pagar dívidas do PT.
Moro acabou revogando a prisão temporária de Mantega porque ele foi localizado pela Polícia Federal (PF) num hospital de São Paulo, acompanhando a mulher, durante um tratamento contra câncer. Depois de solto, Mantega chegou a acusar Eike de ter mentido.
Na Operação Arquivo X, a PF apreendeu documentos na sede OSX e em endereços de pelo menos quatro empresas que teriam sido usadas para repassar propina vinculada a um contrato do Consórcio Integra com a Petrobras. O Integra, que tinha como parceiros a OSX e a Mendes Junior, venceu licitação para fazer as plataformas P-67 e a P-70 e acabou repassando o contrato aos chineses da Offshore Oil Engenieering Corporation em 2015.
Ouvido pela PF do Paraná, Luiz Eduardo Carneiro, que presidiu as empresas OSX e OGX, do grupo de Eike Batista, entre 2009 e 2013, afirmou que logo depois que o consórcio Integra venceu a licitação foi chamado a uma reunião na EBX por Flávio Godinho, assessor de Eike, com a presença de Sérgio Mendes, da Mendes Júnior. Segundo ele, Godinho lhe disse que uma terceira empresa entraria no consórcio, com percentual entre 3% e 5%. Carneiro disse ter discordado e ouvido de Godinho que aquele era um "compromisso do Eike" com o ex-ministro José Dirceu (PT).
Carneiro disse que, à revelia dele, a empresa Tecna-Isolux acabou entrando com participação de 10%. O contato entre o consórcio e a Isolux teria sido feito por Júlio César Oliveira Silva, que atuou como diretor de novos negócios da Isolux de 2010 a 2015. A mulher dele, Antonieta Assis Silva, é amiga de infância de Evanise Santos, ex-mulher de Dirceu, e trabalhou na presidência da República de 2010 a julho de 2016 como coordenadora de relações públicas na Casa Civil.

Flávio Godinho é preso no Rio de Janeiro

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Flávio Godinho, foi preso nesta quinta-feira durante mais uma etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Ele é acusado por Renato Chabar, operador do mercado financeiro e delator da Operação Eficiência, de ser o responsável por toda engenharia financeira para viabilizar o pagamento de propina a Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, que também está detido. Godinho é sócio do megaempresário Eike Batista, que também teve pedido de prisão decretado pela Justiça Federal, e vice-presidente do Grupo EBX.
Ainda na manhã desta quinta-feira, após a prisão de Godinho, o Flamengo soltou comunicado oficial para dizer que tomou conhecimento do fato, que julga ser "de cunho pessoal". "Por prezar pela transparência em sua gestão e incentivar que este valor seja aplicado em todas as esferas da sociedade, o Flamengo espera que todos os fatos sejam apurados e esclarecidos", diz a diretoria.
Godinho, homem forte do futebol do Flamengo, perdeu seu cargo. O departamento de futebol segue sob comando de Rodrigo Caetano e, segundo o clube, mantém o planejamento inalterado.

'Melancia' era senha para esquema no Uruguai

O esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) - investigado na Operação Eficiência - era tão grande que o peemedebista se viu obrigado a buscar apoio de um operador fixado em Montevidéu para lavar dinheiro sujo.
Cabral já tinha uma fortuna de US$ 6 milhões, escondida no exterior, em 2007, quando assumiu o governo fluminense. Desde então, com o volume de propinas tendo alcançado "valores surreais", como afirma o Ministério Público Federal, teve de pedir ajuda a um doleiro internacional para lavar o dinheiro.
Foi neste momento que o esquema ganhou um novo personagem, ainda misterioso para os investigadores: "Juca Bala", um operador brasileiro que vive em Montevidéu, no Uruguai. Dele, os irmãos Renato e Marcelo Hasson Chebar, os delatores da Operação Eficiência, sabem apenas que se chama Vinícius Claret, conforme mencionado em entrevista coletiva na quinta-feira. Sem ele, Cabral não teria viabilizado transferências ilegais que somaram
US$ 100 milhões.
Até 2007, Renato e Marcelo usavam operações dólar-cabo (entrega de valores em reais no Brasil para que fossem creditados recursos em dólar no exterior) usando a própria clientela.
Com o gigantismo do esquema comandado por Cabral, foram obrigados a procurar outro doleiro que possuísse maior porte e estrutura para as operações. Foi assim que "Juca Bala" passou a gerenciar do Uruguai o esquema de lavagem.
Uma vez definidos os valores, uma equipe composta normalmente por um liquidante e dois seguranças, que se dirigiam ao escritório dos delatores e usavam uma senha, como, por exemplo, "melancia", para retirar os valores que deveriam ser posteriormente creditados no exterior. Havia outra senha para identificar também o nome do portador dos valores.