Nelson Marchezan Júnior (PSDB) já é o prefeito de Porto Alegre. Em seu primeiro discurso como prefeito, o mais jovem que já assumiu o posto, Marchezan preveniu que o foco das ações não está dentro das estruturas do governo e da própria Câmara de Vereadores, palco da posse na tarde deste domingo (1), em Porto Alegre. O tucano pregou que a capacidade de ação deve estar focada no lado de fora, onde está "a vida real". O agora prefeito, aos 45 anos, também garantiu que projetos e iniciativas que estão em vigor e que mostraram resultados.
No final do dia, o tucano recebeu o cargo em ato de transmissão feito pelo prefeito que sai José Fortunati (PDT), no Largo Glenio Peres, Centro Histórico da Capital. Na Câmara, o agora prefeito abriu a manifestação avisando que deixaria de lado o discurso que havia preparado, e passou a falar de improviso. Marchezan lembrou que, a cada quatro anos, renova-se a esperança, vinculando com o governo que começa. O tucano aproveitou para inserir os vereadores que foram também empossados na mensagem para o futuro. Além disso, o prefeito apontou que a disputa da eleição ajudou no seu amadurecimento, seja no confronto com adversários - citou Luciana Genro, derrotada pelo PSOL - e na busca de "uma vida melhor aos porto-alegrenses".
"Me permita dizer que não é aqui que está a vida real. Espero que nossas atividades burocráticas, regimentais, partidárias, ideológicas, jamais retirem a capacidade de intervir no que ocorre lá fora, na vida real", provocou o prefeito estreante. "Estamos dispostos a caminhar ao lado dos senhores (vereadores). Estarei junto se estiver em linha com o interesse público", condicionou.
Boa parte do discurso foi usado para alertar para a necessidade de mudança na atuação de segmentos corporativos - públicos e privados, sindicais e partidários na relação com interesses coletivos. O tucano chegou a sugerir que nem sempre o interesse de partidos, sindicatos e até segmentos empresariais atende à dimensão coletiva. E ainda advertiu que a transformação da cidade é "de responsabilidade de cada morador".
Sobre a atual estrutura e programas, o tucano garantiu que o que implantado e gerou benefício público será mantido e prolongado. "Tudo que foi plantado e gerou benefício público será regado, utilizado, ampliado e muito bem tratado", definiu o prefeito. Ao comentar a crise econômica, com reflexos na situação financeira do município, Marchezan avalia que há uma face que gera oportunidade.
Sobre temas que vão pautar os primeiros dias, a questão de arrecadação e pagamento de despesas como folha do funcionalismo, o tucano evitou emitir opinião sobre atrasos em pagamento. "Se o prefeito que sai atrasa salário e adianta receita (caso do desconto do polêmico IPTU), há grande risco, sim, da possibilidade de atrasar salários." Sobre o tamanho do déficit orçamentário, Marchezan disse que avaliou apenas a situação para 2017 e que vai adotar medidas ainda nesta semana para se adequar. A respeito da gestão de 2016 e pendências, o prefeito disse que fará análise "simples e objetiva para apresentação de números e menu de soluções". "Mas como já disse não serão soluções fáceis, mas reais."