A China começou a ocupar de fato o espaço deixado pelos Estados Unidos na definição das regras comerciais, e na Organização Mundial do Comércio (OMC) apresenta propostas e faz reuniões para moldar a agenda diplomática em 2017. Na espera para saber qual será o posicionamento de Donald Trump em relação à entidade máxima do comércio, diplomatas e observadores consultados pelo Estado confirmaram uma "ofensiva silenciosa" por parte de Pequim desde a eleição de Trump.
Pequim apresentou aos membros da OMC uma proposta de liberalização do comércio eletrônico, o que foi considerado até mesmo por economias ricas como um "passo importante". O documento, obtido pelo Estado, pede a facilitação de negócios para o comércio eletrônico entre países, transparência nas políticas adotadas pelos governos nesse setor e ainda uma ajuda técnica aos países mais pobres para garantir que tenham condições de infraestrutura para fazer parte do fluxo de e-commerce.
Apenas em 2015, as empresas de comércio eletrônico na China, como a Alibaba, venderam quase US$ 600 bilhões em mercadorias. O salto foi de 33% em comparação a 2014. Nesse mesmo período, as empresas americanas aumentaram suas vendas em 14%, para US$ 341 bilhões.
Na semana passada, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente chinês, Xi Jinping, surpreendeu ao defender o livre-comércio. Num discurso que foi interpretado como um recado direto às intenções protecionistas de Trump, Xi apelou para que a comunidade internacional "continue comprometida com o desenvolvimento do comércio global e investimentos e que continue a dizer não ao protecionismo".
Os primeiros gestos políticos de Trump com relação aos acordos comerciais deixaram muitos, em Genebra, preocupados sobre qual será a prioridade que o presidente americano dará às negociações para a abertura de mercados. Se o que Trump fará com a OMC é ainda uma incógnita, a realidade nos corredores da entidade é que o governo americano hoje nem sequer tem um embaixador em Genebra.