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agronegócios

- Publicada em 22 de Janeiro de 2017 às 22:26

Safra da uva deve superar em 10% a média histórica

Variedade niágara é a mais procurada por comerciantes e cantineiros

Variedade niágara é a mais procurada por comerciantes e cantineiros


GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/CIDADES
A produção de uvas na serra gaúcha deve registrar um crescimento de 160% em relação ao volume colhido no ano passado, quando foram retirados dos parreirais 304 mil toneladas da fruta. A previsão, segundo a Emater-RS, é de um volume de 790 mil toneladas em 2017. Este número representa também uma safra 10% superior em produtividade do que a média histórica para a região.
A produção de uvas na serra gaúcha deve registrar um crescimento de 160% em relação ao volume colhido no ano passado, quando foram retirados dos parreirais 304 mil toneladas da fruta. A previsão, segundo a Emater-RS, é de um volume de 790 mil toneladas em 2017. Este número representa também uma safra 10% superior em produtividade do que a média histórica para a região.
A expressividade da produção, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater-RS Enio Ângelo Todeschini, é fundamentada no clima favorável e no manejo adequado realizado pelos produtores. "A quantidade e a qualidade do frio foram muito boas para a produção deste ano", explica. Ele conta que, de abril a setembro, foram 530 horas com temperaturas de 7,2°C, ideal para o desenvolvimento das plantas. A média da temperatura nos últimos 35 anos, de acordo com a Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, é de 410 horas. No ano passado, somente por 145 horas essas temperaturas ideias foram registradas. Todeschini comenta que, exatamente essas condições impediram uma maior produção na safra passada.
"Este ano, tivemos uma boa fecundidade, e a maioria das gemas brotaram", explica o técnico, que ainda lembra que o número de cachos foi bastante expressivo. Até mesmo as geadas ocorridas em outubro e novembro passado não afetaram a produção. O agrônomo argumenta que, naquele momento, as plantas já estavam estabelecidas e preparadas para condições climáticas adversas ao período do plantio.
No entanto, a qualidade das uvas precoces acabou sendo desfavorecida pelas chuvas que aconteceram nas três semanas do final de 2016 e início de 2017. "Isso fez com que essas uvas não atingissem o potencial de sanidade e o seu teor de açúcar", alega Todeschini, que lembra que as frutas colhidas posteriormente têm todas as condições, até o momento, de recuperar a qualidade.
As variedades de uva bordô e isabel representam quase 60% dos 40 mil hectares semeados para esta safra. As duas espécies registram produções acima da média. Já a niágara, por outro lado, é a mais buscada por comerciantes e cantineiros no momento. Isso dada a baixa produção da uva branca neste ano. Todeschini conta que a variedade, que faz parte da plantação precoce, estava em fase de floração nas geadas da segunda semana de setembro. Nas duas últimas safras, a variedade havia apresentado produção relevante.
A partir desta semana, a maioria dos produtores inicia suas colheitas. A Emater-RS alerta que esta fase deve ser direcionada ao tratamento dos cachos. "Sempre observando a carência de nutrientes e a preferência por produtos da linha biológica", sugere Todeschini, que lembra que esses produtos são menos agressivos. O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) divulgou, em seu endereço eletrônico, a expectativa de 600 mil toneladas colhidas na safra deste ano, ante a quebra de 57% da colheita na última safra. A diferença de valores se dá pelo recorde utilizado pela Ibravin, que avalia apenas uvas processadas em vinhos, espumantes e derivados.

Programas de orientação mudam cenário da viticultura na Serra

Para esta safra, 95% dos 40 mil hectares de plantados de uva não utilizaram herbicidas, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater-RS, Enio Ângelo Todeschini. O motivo para o baixo percentual de utilização é a cultura orientada pela instituição.
Nos últimos 18 anos, os produtores da Serra são incentivados a praticar a cobertura de solo. "Demos início ao programa contra tudo e contra todos, sofrendo muitas críticas, e hoje é uma bandeira que está passando os limites do Brasil", comenta Todeschini. Com este tipo de plantio, o engenheiro argumenta que não há perdas de fertilidade ou erosão. "É menos veneno para as pessoas e para o meio ambiente", conclui.
O produtor Edivaldo Taglian, que cuida da propriedade familiar em Fagundes Varela, conta que semeou aveia e azevém para recompor o solo. Essas não foram as únicas orientações recebidas. Ele lembra que as medidas de insumos utilizadas, por diversas vezes, estavam equivocadas. "Colocávamos duas vezes por ano uma alta quantia de fertilizantes", recorda.
Este ano, através do programa de adubação implementado em 2015, o produtor realizou a análise do solo antes do plantio. "Alguns nutrientes tínhamos a mais, e outros faltavam. A gente jogava fora o dinheiro e não sabia", conta Taglian. Sua colheita teve início na quinta-feira passada, e a expectativa era de recuperação das perdas da safra passada.
O engenheiro agrônomo da Emater-RS Leandro Ebert explica que o programa teve início com o diagnóstico de que os viticultores estavam encontrando dificuldades com a adubação. "O milho responde bem, alguns acreditavam que a uva responderia da mesma maneira", explica Ebert, ao lembrar que as parreiras costumam repassar nutrientes às suas folhas, e não aos frutos.
Outra questão envolvida, já apontada por Taglian, são os gastos desnecessários. "Além de prejudicar o solo, eles gastavam muito", explica o agrônomo. O programa foi iniciado em 2015 e está surtindo efeito apenas nesta safra. "A videira tem metabolismo lento, temos resultados em dois anos", recorda Ebert. Outros cultivos também receberam estas orientações. Jandir Tizatto, produtor de Caxias do Sul, comenta que sua terra está excelente. "Nunca tínhamos feito essa adubação verde na propriedade, usávamos muitos herbicidas", afirma o produtor, que está animado com a cobertura de solo que realizou este ano.