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Consumo

- Publicada em 23 de Janeiro de 2017 às 08:34

Papelarias tentam segurar os preços do material escolar

Boeira criou uma logística para atender aos pedidos de consumidores

Boeira criou uma logística para atender aos pedidos de consumidores


FREDY VIEIRA/JC
Em tempos de bolsos vazios, não há melhor forma de atrair consumidores do que prometendo preços mais baixos. É no que apostam as papelarias que tentam salvar o "Natal" do setor com a proximidade do início do ano letivo e o consequente aumento na demanda por material escolar. A estratégia é resposta, também, à crescente preocupação dos clientes com a pesquisa de preços dos itens das listas fornecidas pelas escolas. São justamente os pedidos de orçamentos, aliás, que respondem por grande parte do fluxo de clientes nas papelarias até agora.
Em tempos de bolsos vazios, não há melhor forma de atrair consumidores do que prometendo preços mais baixos. É no que apostam as papelarias que tentam salvar o "Natal" do setor com a proximidade do início do ano letivo e o consequente aumento na demanda por material escolar. A estratégia é resposta, também, à crescente preocupação dos clientes com a pesquisa de preços dos itens das listas fornecidas pelas escolas. São justamente os pedidos de orçamentos, aliás, que respondem por grande parte do fluxo de clientes nas papelarias até agora.
Na unidade da Livraria Cervo do Centro de Porto Alegre, por exemplo, são encaminhadas de 15 a 20 listas por dia. "Criamos até uma logística própria para isso, de pegar uma cópia da lista e fazer o orçamento no fim do expediente, para conseguir atender", comenta o gerente da loja, Ben-Hur Boeira. O maior fluxo de compras, em janeiro, se concentra nos shoppings, que tem público mais voltado às escolas particulares e cujas aulas iniciam-se mais cedo. Já nas lojas de rua, o grande movimento é esperado para fevereiro e início de março, com o retorno das famílias das férias e o início das aulas na rede pública.
Para que as pesquisas se transformem em vendas, porém, é necessário que os preços correspondam às expectativas dos clientes - com reajustes abaixo, pelo menos, da inflação em relação ao ano passado. "Nos produtos básicos, ou o preço não mudou ou mudou muito pouco. O momento econômico está assim, não tem como fugir disso", justifica Boeira.
O sentimento é corroborado por Deoclides Rosset, gerente de uma unidade da Papelaria Brasil, também no Centro, que cita mochilas e cadernos como produtos em que os preços chegaram a baixar. A absorção do impacto, porém, não é apenas das lojas. "A queda é fruto de negociação com os fornecedores", garante o gerente, lembrando que o verão é o período de "colheita" de toda a cadeia. As duas lojas esperam crescimento nas vendas em relação a 2016 - no caso da Cervo, a previsão é de pelo menos 10% de alta.
Pesquisa do Procon da Capital em diversos estabelecimentos na primeira semana de janeiro encontrou vários itens até com deflação. "Não houve aumento exacerbado em itens de maior consumo. Comerciantes não repassaram os custos até porque os pais estão reaproveitando produtos do ano anterior", analisa o diretor executivo da entidade, Cauê Vieira. Ele lembra, porém, que os preços podem subir em fevereiro, com o aumento da demanda.

Feira do Material Escolar começa na próxima quarta-feira

Edição atraiu 140 mil pessoas e vendeu 2,7 mil kits no ano passado

Edição atraiu 140 mil pessoas e vendeu 2,7 mil kits no ano passado


FREDY VIEIRA/JC
Para quem está à procura de preços, outra opção é a Feira do Material Escolar, tradicional evento realizado pela Prefeitura de Porto Alegre. A feira começa na quarta-feira na Praça da Alfândega. A promessa também é de produtos mais em conta, com os kits básicos custando R$ 14,40. "O reajuste foi de apenas 3%, ou seja, abaixo da inflação (o IPCA variou 6,29% em 2016). Representa um desconto em torno de 30% do praticado no mercado", diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ricardo Gomes.
Outro atrativo é a reunião de diversas lojas no mesmo local, o que facilita a comparação dos valores. A dificuldade financeira das famílias, nesse caso, tende a aumentar a movimentação no evento, que, em 2016, alcançou 140 mil pessoas e vendeu 2,7 mil kits. "A ideia é pelo menos repetir os números neste ano, mas, com a situação econômica mais difícil, é possível que mais pessoas acudam à feira", explica.

Valores dos produtos chegam a variar 1.500% no varejo em Porto Alegre

A importância da consulta de preços se explica ainda mais pela discrepância nos valores entre as lojas. Pesquisa do Procon da Capital feita em 15 estabelecimentos encontrou, por exemplo, preços com variação de até 1.500% em alguns itens. "Apesar disso, são variações relativamente normais na medida em que se encontram em itens de menor valor", analisa o diretor executivo da entidade, Cauê Vieira, citando apontadores, com preço mínimo encontrado de R$ 0,20, como exemplo.
Além disso, Vieira lembra que os produtos nem sempre são os mesmos, pois são avaliadas apenas as opções mais baratas e mais caras encontradas em cada estabelecimento. Em uma loja, portanto, pode ser encontrado um apontador simples, enquanto, em outra, a opção mais barata seja um item com mais atrativos e, consequentemente, mais caro. De acordo com o diretor, a metodologia é essa porque as listas pedidas pelas escolas precisam ser genéricas para evitar direcionamento na compra. "A pesquisa, assim, precisa ser genérica também", argumenta Vieira.
Isso não quer dizer, porém, que a grande diferença não precise ser levada em conta. A orientação da entidade é que a consulta seja feita, preferencialmente em itens de maior valor nominal. "Sugerimos pesquisar profundamente itens como cadernos, livros e dicionários, que, mesmo com variações percentuais menores, fazem mais diferença no cômputo geral", recomenda Vieira. A maior atenção dos pais neste ano é também apontada como motivo para a inexistência, até agora, de reclamações de abusos das escolas nas listas, que teriam se preocupado mais em seguir corretamente as regras.