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conjuntura internacional

- Publicada em 18 de Janeiro de 2017 às 19:15

'Brasil pode tirar proveito da globalização'

Henrique Meirelles, Minister of Finance of Brazil and Ilan Goldfajn, Governor of the Central Bank of Brazil and Georg Schmitt, Media Lead, Corporate Affairs and Foundations, World Economic Forum speaking at the Annual Meeting 2017 of the World Economic Forum in Davos, January 18, 2017..Copyright by World Economic Forum / Walter Duerst

Henrique Meirelles, Minister of Finance of Brazil and Ilan Goldfajn, Governor of the Central Bank of Brazil and Georg Schmitt, Media Lead, Corporate Affairs and Foundations, World Economic Forum speaking at the Annual Meeting 2017 of the World Economic Forum in Davos, January 18, 2017..Copyright by World Economic Forum / Walter Duerst


WORLD ECONOMIC FORUM/DIVULGAÇÃO/JC
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acredita que o Brasil poderá tirar proveito da globalização depois que fizer suas reformas e ampliar sua produtividade. Ao lado do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, ele avaliou que o País está num estágio diferente perante países avançados e não consegue aproveitar tanto o ganho de uma integração global.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acredita que o Brasil poderá tirar proveito da globalização depois que fizer suas reformas e ampliar sua produtividade. Ao lado do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, ele avaliou que o País está num estágio diferente perante países avançados e não consegue aproveitar tanto o ganho de uma integração global.
Meirelles comentou que a classe média dos países mais ricos está incomodada em relação à percepção de que não estão dividindo os ganhos da globalização. "No Brasil, agora o desafio é fazer as reformas. O mais importante para o Brasil agora é criar empregos", afirmou. No debate mais cedo, Meirelles, avaliou que a globalização é um fenômeno que, para o mundo como um todo, trouxe benefícios, tirando mais gente da pobreza e levando para a classe média.
"Evidentemente que a globalização trouxe pessoas da classe baixa para a classe média. Isso é extremamente positivo", considerou, acrescentando que este é um debate que gira mais em torno das economias desenvolvidas. Durante sua fala, ele citou que, nos últimos 25 anos, a classe média dobrou no Brasil. Disse também que, nos últimos anos, o País passou por uma recessão, mas que agora voltará a crescer. O ministro da Fazenda brasileiro avaliou também que a globalização tem gerado vencedores e perdedores. Para muitos especialistas, é o movimento dos perdedores que vem gerando inquietação da classe média.
O assunto foi colocado em pauta depois de algumas surpresas, principalmente políticas, vistas no ano passado e que foram basicamente capitaneadas pela classe média. A decisão pela saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), a vitória do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a vitória do não na Itália num referendo que propunha a maior reforma constitucional do país nos últimos 70 anos e a ascensão do populismo em várias regiões do globo.
O ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, resumiu, durante sua fala no painel, o que foi visto nos últimos meses: "A classe média está desiludida com o futuro, não enxerga a possibilidade de um mercado de trabalho para todos, para seus filhos, e optou por dizer não às propostas sugeridas por seus líderes". Padoan, inclusive, era um dos mais cotados para ser o primeiro-ministro italiano depois que Matteo Renzi renunciou ao cargo ao perder no referendo de dezembro.
Para Meirelles, é preciso deixar clara a diferença entre problemas que surgem de algumas reações à globalização versus reações mais populistas que se aproveitam da situação. Ele citou como exemplo o que ocorreu depois da Primeira Guerra Mundial, quando a Europa passava por um período de consequências negativas e movimentos populistas se aproveitaram da situação para emergirem.
Questionado sobre se os Bancos Centrais do mundo podem ser considerados também culpados pela crise da classe média atual, com a disponibilidade de recursos muito baratos, Meirelles disse que "são". Ele lembrou que essas instituições percorrem diferentes caminhos ao longo do tempo e considerou que a situação atual pode ser avaliada como "calma". "Os BCs agora não têm que lidar com crise de liquidez e de crédito, mas com inflação baixa", considerou.

Brasileiros defendem regime de câmbio flutuante como linha de defesa da economia

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, defenderam, em Davos, o regime de câmbio flutuante no País. "Temos um regime de câmbio flutuante no Brasil", afirmou Goldfajn. "O câmbio flutuante é amortecedor e a primeira linha de defesa da economia", continuou.
O presidente do BC lembrou que, desde as eleições norte-americanas, a moeda brasileira se depreciou e agora está em um processo de reversão. Ele citou também que a força do dólar vem da percepção de crescimento dos Estados Unidos, com a perspectiva de que o aumento da questão fiscal pode gerar um crescimento maior da economia.
Meirelles, por sua vez, disse que o regime de câmbio flutuante é o melhor para o Brasil. Ele comentou, porém, que os fatores domésticos estão se sobrepondo às questões internacionais e que isso tem ajudado na tendência do câmbio. "Estamos em uma situação específica hoje que (o câmbio) não nos preocupa", comentou.
Segundo Goldfajn, o início do aperto monetário nos EUA faz parte de um processo normal. Em dezembro de 2016, o Federal Reserve, o BC americano, aumentou, depois de muita sinalização, sua taxa de juros pela primeira vez e anunciou que mais três altas estavam previstas para este ano. "Este é um processo normal, deve ser gradual e isso é um bom sinal", avaliou.
Goldfajn afirmou que o BC tem usado leilões de swap cambial para manter a liquidez no mercado doméstico e citou que o nível das reservas internacionais é elevado. Já Meirelles enfatizou que o governo não vê uma fuga de capitais que o obrigue a usar as reservas para segurar a cotação do câmbio. Além disso, disse que o balanço de pagamentos doméstico "vai bem". O ministro relatou ainda que, nos encontros durante o Fórum Econômico Mundial, as empresas dizem que vão investir "substancialmente mais" no Brasil.
Goldfajn disse que uma redução de 0,75 ponto na taxa básica é o "novo ritmo" de condução da política monetária brasileira. Segundo ele, o governo tomou essa decisão porque a inflação perdeu fôlego e as expectativas do mercado estão ancoradas. Isso, no entanto, pode ser revisto a qualquer momento. "Entramos num novo ritmo. O 0,75 ponto é o nosso novo ritmo. Mas, como se sabe, um novo ritmo pode mudar e, se mudar, é por causa de expectativas de inflação, as nossas expectativas, e não apenas as do mercado, do nível de atividade e de fatores de risco, externos e domésticos. Tudo isso será levado em consideração", afirmou.