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- Publicada em 25 de Janeiro de 2017 às 12:34

Capítulo inédito da História

Octavio, O civil dos 18 do Forte de Copacabana (Editora Quatro Projetos, 144 páginas, www.quattroprojetos.com.br), de Afonso Licks, advogado, jornalista de rádio, jornal, TV, agência de notícias, assessoria de imprensa política e empresarial, atual secretário-geral do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, acima de tudo apresenta um capítulo da História do Brasil que nunca foi contado. Um civil estava à frente quando 18 manifestantes enfrentaram oito mil militares. Tudo aconteceu na calçada mais famosa do mudo, no bairro de Copacabana, em 1922.
Octavio, O civil dos 18 do Forte de Copacabana (Editora Quatro Projetos, 144 páginas, www.quattroprojetos.com.br), de Afonso Licks, advogado, jornalista de rádio, jornal, TV, agência de notícias, assessoria de imprensa política e empresarial, atual secretário-geral do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, acima de tudo apresenta um capítulo da História do Brasil que nunca foi contado. Um civil estava à frente quando 18 manifestantes enfrentaram oito mil militares. Tudo aconteceu na calçada mais famosa do mudo, no bairro de Copacabana, em 1922.
A primeira edição da obra foi em 2016. Poucos meses depois, o livro mereceu uma segunda edição, fato incomum no mercado editorial rio-grandense. A narrativa que tomou por base a investigação de documentos escassos, escritos de jornais, livros e depoimentos, depois amalgamados pela ficção, mostra, através de uma narrativa ágil e envolvente, como o sangue dos 18 do Forte tingiu a Praia de Copacabana na tarde de 6 de julho de 1922. Mostra como a carga cruel das baionetas contra os corpos caídos na areia não foi o final do massacre.
Massacre que continuou com a vitória do presidente Epitácio Pessoa mandando prender jornalistas, impondo censores aos jornais e revistas e decretando o mais longo período de estado de sítio a que nosso País já foi submetido, com o objetivo de encobrir perseguições políticas a qualquer simpatizante com os conspiradores.
O governo tratou de impor sua versão e impedir o sentimento popular pelas vítimas massacradas por uma força de cerca de 8 mil homens. Os 18 do Forte obtiveram grande vitória moral, e a velha República do Café com Leite não teve mais paz e foi varrida pela Revolução de 1930. Esta obra resgata Octávio Corrêa, o personagem real e aventureiro que tinha desaparecido nas sombras. Ele foi muito mais que um simples engenheiro, advogado, capitalista e maluco que desceu a Serra de Petrópolis com um cobertor enfiado no pescoço como se fosse um poncho, para morrer numa briga que não era sua.
Deve prevalecer a imagem de homem elegante e sereno, que, entre os líderes da marcha para a morte, deixou para os pósteros um perfil de homem surpreendente. Meio bárbaro, meio xucro e valente como os gaúchos que lutaram por nossas fronteiras e meio civilizado, refinado e culto, circulando pelos salões do Rio e de Paris, Octávio também frequentava um cabaré do canto da praia e, provocativo conspirador, foi a síntese de um tempo que acabava. O tempo dos homens que colocavam a honra acima da própria vida, vida que ofereciam no altar das suas convicções. Foram 36 anos de uma vida emocionante.
A obra de Afonso Licks deve ser saudada por sua sedução narrativa, por seu embasamento, por nos mostrar um grande personagem real e por nos trazer um importante capítulo da História que ainda estava por ser contado.

lançamentos

  • Caminho de Santiago - de Portugal até o fim do mundo - Caminho português, da jornalista, fotógrafa e caminhante Andréa Prestes (Edição da autora, 136 páginas), em bela edição encadernada, apresenta textos e fotos em cores da viagem de Andréa de Santiago de Compostela até Porto e de Muxia a Santiago. Mais de 200 fotos emocionantes dão vontade de pôr o pé na estrada.
  • Livro de memórias (Imprensa Livre, 96 páginas), de Maria Cristina Cachapuz Berleze, médica geriatra e gestora de serviços de geriatria, com ilustrações de Clarissa Motta Nunes, é uma simpática obra que estimula o leitor a escrever suas próprias memórias. Reconhecendo, reconstruindo e registrando o passado e as várias lembranças, o leitor poderá projetar o futuro com mais alegria e confiança.
  • O mar não está mais (Editora Penalux, 110 páginas), do médico, diplomata e grande poeta croata Drago Stambuk, apresenta poemas ambientados em várias civilizações e cidades como Nova Delhi, Sacara, Cairo e, segundo Antonio Skarmeta, na apresentação, o encanto de sua linguagem trabalhada com rigor para conseguir a pureza do essencial nunca perde a emoção do espontâneo.

Menos Face, mais Book

Levei um bom tempo para entrar na internet, no Face, em outras redes sociais e em outros lances eletrônicos. Não chego a me arrepender de ter entrado nem me arrependo de não ter ingressado antes na web. Entrei nela porque dizem que senão eu não existiria mais. Será? Ouço este silêncio dessas três e meia dessa tarde de sol que sugerem um daqueles velhos cafés da tarde, com pão quente direto da padaria, manteiga ou patê, bolinhos de chuva, geleia de uva de Bento, queijo, salame, mortadela, presunto e outras gostosuras e fico pensando que não se deve deixar de ouvir o silêncio. Ele ainda tem muito a dizer. Diz umas coisas que a gente não sabia que sabia e traz umas vozes e revelações lá de dentro que a gente pensa que não tinha ou tinha esquecido. Pois é, o silêncio anda meio escasso, mas ainda existe. Faça parte da Confraria do Silêncio. Sozinho, fique em silêncio alguns minutos por dia, fazendo nada. Uns minutos, eu disse. Se der umas horas, melhor para você, que poderá atingir um nirvana indo-baiano e se tornar pós-graduado na ciência do nadismo.
Mas disse lá em cima: menos Face e mais Books. Não é coisa original, mas é bom de repetir. Estou com mais de 2.600 amigos no Face. Nada perto do 1 milhão de amigos que o Rei queria e que hoje devem ser uns 80 milhões, mas fico pensando que talvez seja uma overdose de amizade. Não consigo falar com todos. Para uns, respondo, para outros, não. Curto aqui, não curto ali. Uns dizem que sou esnobe, que não respondo. Outros que respondo, comento e curto muito demais. Têm dias que respondo ansioso, apressado, querendo ser inteligente e engraçado. Outros, me comunico mais básico. Outros dias estou fora. Sei lá qual a quantidade ideal de horas diárias. Quem sabe? No fundo, estou meio dependente deste lance de estar sozinho e junto com 2.600 e poucos amigos. Nesta tarde, depois de ouvir o silêncio e escrever estas linhas sem destino, pé e cabeça para meus desavisados leitores, acho que preferia uns contatos presenciais com o planeta e com os terrestres. Ou até com extraterrestres, especialmente se os extraterrestres forem parecidos ou iguais a gente. Seria interessante.
Menos Face, mais Books, recomenda o colunista de livros do JC, meio suspeito para isso. Mais contato presencial, usar os cinco sentidos e as percepções extrassensoriais, andar pelas ruas, dar de cara com o vento, a chuva, o ar, o calor e o frio. Dar de cara com as caras de verdade concretas das pessoas ao vivo, sem photoshop, montagem e sorrisos Colgate todo tempo. Imaginar, inventar e reinventar em cima de pessoas, cores e objetos de pegar com as mãos e tocar com o corpo. O mundo eletrônico-virtual é, às vezes, meio insosso e inodoro. E colorido, barulhento e palavroso demais. Não temos ouvidos, olhos e cérebro suficientes para tanta palavras, imagens, sons, notícias, mentiras e histórias mil.

a propósito...

Volta e meia, sério, é preciso dar uma parada, ouvir o silêncio, olhar as nuvens, esquecer a parafernália eletrônica e fazer de conta que está num antigo veraneio, nos anos 1950, num hotel de madeira de Santa Terezinha. Aí você vai sair caminhando na noite imaginária, pés na areia, olhos nas estrelas e na lua e vai recolher uns mariscos na beira do mar. Com os mariscos, você vai fazer um risoto real, concreto, de pegar com as mãos e comer de joelhos. Coisa básica, simples, receita da nonna lá da Itália. No dia seguinte, depois do almoço, alguém do aviãozinho teco-teco vai jogar o fardo com jornais na duna e aí, com calma e preguiça, você vai ler as notícias velhas. Mas ouvindo só a canção das ondas do mar e as conversas monossilábicas das gaivotas.