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Porto Alegre, quinta-feira, 12 de janeiro de 2017. Atualizado �s 21h34.

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cinema

Not�cia da edi��o impressa de 13/01/2017. Alterada em 12/01 �s 16h09min

Longa coreano estreia na tela do cinema

Elogiado pela cr�tica, estreia longa coreano A criada

Elogiado pela cr�tica, estreia longa coreano A criada


MARES FILMES/DIVULGA��O/JC
Ricardo Gruner
Chan-wook Park: o nome pode não ser dos mais conhecidos, mas é de um dos mais respeitados diretores sul-coreanos em atividade. É dele a chamada Trilogia da vingança, à qual pertence Oldboy (2004) - daqueles raros exemplos de sucesso tanto de crítica quanto de público. Após uma produção em Hollywood sem grande destaque (Segredos de sangue, 2013), o cineasta volta à sua melhor fase com A criada, thriller erótico rodado em seu país de origem.
Exibido no Festival de Cannes no ano passado, quando concorreu ao Palma de Ouro, o longa-metragem entra em cartaz definitivamente neste fim de semana, após um período em sessões de pré-estreia. O enredo é baseado no livro Na ponta dos dedos, da escritora galesa Sarah Waters, e adaptado à realidade asiática.
O panorama é a Coreia dos anos 1930, então ocupada pelos japoneses. Sooke (Tae-ri Kim) é uma batedora de carteiras que vê a chance de mudar de vida quando um vigarista (Jung-woo Ha) lhe faz uma proposta. Ele se apresentará como conde para tentar conquistar uma rica herdeira nipônica, Hideko (Min-hee Kim), e ficar com o dinheiro dela. Cabe a Sooke o papel de entrar, como criada, no casarão onde a moça vive e ajudar a convencê-la de que o golpista é um bom partido. Entretanto, a relação entre as duas evolui para uma espécie de romance.
A menção aos episódios seguintes a essa apresentação pode estragar a narrativa para o espectador. A criada possui cerca de duas horas e meia de duração, período suficiente para uma série de surpresas, cenas de sexo, reviravoltas, um ar hitchcockiano e pitadas de um humor particular. O que se pode dizer é que são três capítulos que incluem pontos de vista diferentes capazes de ressignificar os acontecimentos encenados.
Conforme o próprio diretor, o longa-metragem é uma produção que busca ser feminista, mas o roteiro não se restringe ao empoderamento das mulheres. A farsa cotidiana, por exemplo, é um tema latente. O longa-metragem poderia ser usado como exemplo preciso para descrever a máxima de que as aparências enganam. Seja por motivos mesquinhos, segundas intenções ou insegurança, o ser humano conta com uma aptidão natural para atuar - na tentativa de se adaptar a um contexto ou realizar seus desejos.
Chan-wook Park compreende essa condição e a utiliza para valorizar a revelação dos mistérios, pouco a pouco. Por isso, ao mostrar a mesma cena de sexo duas vezes, a produção não soa como perversão, e sim como um artifício narrativo capaz de apresentar traços diferentes dos mesmos personagens.
Repleto de camadas, o filme ainda conta com sensibilidade na fotografia - em quadros que valorizam a observação e olhares desencontrados - e na direção de arte. O casarão onde a trama se passa também ajuda na beleza dos planos, é verdade. A arquitetura reflete a admiração do dono da mansão pelo Japão e pela Inglaterra, algo ressaltado explicitamente nos diálogos e ligado a aspirações sociais. Os personagens - especialmente os masculinos - buscam imitar os nipônicos como uma forma de denotar superioridade, em mais uma peça do quebra-cabeças sobre aparências.
Sensual, intenso e por vezes violento, A criada talvez não seja um filme de fácil digestão para todos os públicos, mas é certamente um exemplo da força do cinema coreano atual - de realizadores como Sang-soo Hong (Certo agora, errado antes) e Joon-ho Bong (Memórias de um assassino). Entre os críticos, o título vem colecionando prêmios: a produção foi considerada a melhor obra em língua estrangeira por associações em Austin, Boston, Chicago e Los Angeles. No Brasil, o longa-metragem ainda venceu o prêmio de melhor filme internacional pelo voto popular na 40ª edição da Mostra de São Paulo.
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