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consumo

- Publicada em 30 de Janeiro de 2017 às 17:20

O efeito cascata do e-commerce

Queiroz diz que mobilidade facilita muito no atendimento

Queiroz diz que mobilidade facilita muito no atendimento


JONATHAN HECKLER/JC
A participação do e-commerce sobre as vendas do varejo é uma realidade, que vem tomando corpo de forma acelerada no Brasil e no mundo. O nicho já representa 3,5% de todo o faturamento do setor no País, sendo que, em determinadas categorias - como a de eletroeletrônicos -, este índice salta para 25% a 30%. E, para se ter ideia do potencial da internet no que se refere ao desempenho do comércio em geral, além do que é vendido diretamente pela rede, ainda há uma vasta gama de produtos que são adquiridos em lojas físicas sob a influência de pesquisas on-line.
A participação do e-commerce sobre as vendas do varejo é uma realidade, que vem tomando corpo de forma acelerada no Brasil e no mundo. O nicho já representa 3,5% de todo o faturamento do setor no País, sendo que, em determinadas categorias - como a de eletroeletrônicos -, este índice salta para 25% a 30%. E, para se ter ideia do potencial da internet no que se refere ao desempenho do comércio em geral, além do que é vendido diretamente pela rede, ainda há uma vasta gama de produtos que são adquiridos em lojas físicas sob a influência de pesquisas on-line.
A interferência da internet nas compras é muito maior do que este canal representa em volume de vendas em ambiente virtual, pontua o vice-presidente de Marketing e Relações Internacionais da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), José Roberto Resende. "Hoje em dia, é muito comum o consumidor se dirigir à loja física já tendo realizado uma pesquisa prévia sobre o produto", lembra o dirigente.
E se por um lado, o aumento de formalidade, a abertura de capital de empresas e a melhora nos graus de transparência, controle e governança das companhias amadureceram o varejo nacional, por outro, o crescimento real do comércio eletrônico no Brasil foi de 34% em 2010, 20% em 2011, 15% em 2012, 22% em 2013 e 18% em 2014, destaca o consultor Alberto Serrentino. "Isso revela a oportunidade de crescimento e penetração dos canais digitais", pontua o especialista.
Pesquisa realizada pela Varese Retail, em novembro de 2015, revelou que 51% dos consumidores brasileiros pretendiam fazer suas compras de Natal em lojas físicas e pela internet, e que outros 10% pretendiam comprar somente usando os recursos on-line. Esses índices sobem para 65% e 13,5% entre o público de classe A. "Os resultados da Black Friday, data que foi introduzida no Brasil pelas empresas de comércio eletrônico, reforçam as rápidas mudanças de hábito por parte dos consumidores e integração crescente entre canais físicos e digitais em seus processos de compras", reforça Serrentino.
Esta integração de canais, denominada omni-channel e que possibilita o consumidor cruzar compras em ambientes físicos e virtuais - via dispositivos móveis pela internet, televisão, rádio, mala direta, catálogos entre outros - também pode ser ferramenta de venda para lojas físicas. Neste sentido, a rede de lojas Magazine Luiza é a empresa mais avançada no Brasil em termos de ferramenta digital. A criação de produtos e serviços com foco no varejo, e que ofereçam aos clientes mais benefícios e uma melhor experiência de compra, ocorre no Laboratório de Tecnologia e Inovação Luiza Labs, iniciado no núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa. O objetivo é levar as informações digitais para dentro do ponto de venda, a partir do conceito de omni-channel.
Em Porto Alegre, algumas lojas físicas da Magazine Luiza já operam com esta novidade, implementada há um ano - e ainda funcionando como projeto-piloto, buscando otimizar tempo e agilizar as comercializações presenciais. Através de um dispositivo móvel - em geral smartphone - uma equipe de vendedores usa o aplicativo Mobile Vendas para atender os clientes, realizando toda a operação de forma híbrida (presencial, mas com acionamentos de estoque e caixa de via informações on-line).
"Funciona muito bem, e proporciona mais comodidade para o consumidor, pois sequer é preciso levá-lo a um terminal", comenta o gerente da unidade do Shopping Praia de Belas, Rodrigo Cardoso Queiroz. "Se consegue realizar a venda em qualquer ponto da loja, pois está tudo ali no celular." O pagamento é feito pelo cartão de débito ou crédito do cliente, que é logado de forma automática no Pin Pad, via aplicativo. "Depois de mostrar o produto e realizar a venda e cobrança on-line, o vendedor só passa no caixa para imprimir a nota fiscal", explica Queiroz. Com isso, o cliente ganha tempo precioso. A estimativa é de que os atendimentos realizados através do Mobile Vendas já representem uma economia de cerca de 25 minutos (diminuindo o tempo de 40 minutos para 15 minutos).

Conveniência conquista os consumidores

Prova de que investir em multicanais garante retorno positivo à empresa são os resultados alcançados pela rede de lojas Magazine Luiza, que teve as ações valorizadas em mais de 500% nos últimos dois meses. A empresa já havia dado um salto de 412% em outubro do ano passado, quando os papéis da rede foram os que tiveram o maior ganho percentual na BM&FBovespa, desde janeiro de 2016.
"Isso tem muito a ver com o que está sendo apresentado pela empresa em termos de soluções de internet dentro do ponto de vendas", avalia o vice-presidente de Marketing e Relações Internacionais da CDL-POA, José Roberto Resende. O omni-channel é muito conveniente para os consumidores, que podem "escolher compra na hora e da forma como quiserem", destacando que a experiência "afeta a emoção, enquanto a oferta afeta apenas o bolso".
Em evento recente realizado pela CDL-POA, na Capital, o sócio-diretor da BTR - Educação e Consultoria, Eduardo Terra, frisou a importância da renovação do comércio em tempos digitais. Ao traçar "um novo mapa" do varejo no mundo, listando as principais marcas no contexto internacional, Terra ressaltou que "engana-se quem pensa que estas modernidades irão demorar para chegar" no Brasil.
Tecnologias como os óculos virtuais (usados para compras a distância), a realidade aumentada (que simula, aos moldes do jogo Pokémon Go, a inclusão do produto no ambiente desejado) e os robôs (usados para intermediar o atendimento entre o cliente e o vendedor) já podem ser experimentadas em cidades como Seattle (Washington/EUA).

Experiência agradável é o que mais pesa na compra

Kichel diz que a evolução tecnológica diversificou os itens comercializados

Kichel diz que a evolução tecnológica diversificou os itens comercializados


SETA DIGITAL/DIVULGAÇÃO/JC
Cada vez mais lojistas adotam plataformas digitais para atrair público nos pontos de venda. Enquanto esses ambientes ainda representam 90% do mercado, contra os 10% das lojas on-line - há lojas físicas que já conseguem dividir o desempenho entre os dois canais de forma crescente. "Algumas somam 30% das vendas pela internet, contrapondo 70% comercializado em loja física", diz o CEO da Seta Digital, Vanderlei Kichel. Além dos eletroeletrônicos, artigos esportivos, tênis, calçados, bolsas e acessórios estão entre os mais cotados da web.
Há 20 anos, quando surgiram os primeiros e-commerces, os produtos mais procurados na rede de comunicação global eram livros e CDs. "Mas, com a tecnologia evoluindo, hoje é possível vender quase tudo, pois também se tem a alternativa de mostrar detalhes dos produtos ainda que de forma on-line", comenta Kichel.
Ao se analisar o ranking dos 50 maiores do e-commerce brasileiro da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), constata-se que o topo é dominado por empresas pioneiras que acreditaram no comércio eletrônico e acumulam sólida curva de experiência e evolução no mundo digital, como a B2W (Lasa), Cnova (GPA), Magazine Luiza, Saraiva e Fast Shop, destaca o consultor Alberto Serrentino. De outro lado, o ranking revela que apenas 14 das 50 maiores empresas de varejo no Brasil figuram entre os 50 maiores operadores de comércio eletrônico. "Isso mostra o quanto o mundo digital e o comércio eletrônico ainda estão distantes do grande varejo", pondera o especialista. Para Serrentino, o modelo que continuará relevante será aquele que reduzir os atritos (entre cliente e empresa) e proporcionar uma experiência de compra agradável.

Marketplace serve de recurso on-line para pequenos

Enquanto especialistas sinalizam que não há mais espaço para se trabalhar no mercado varejista sem oferecer experiências de compra com ferramentas digitais ou via e-commerce, é preciso considerar que a tecnologia embarcada nestes casos exige um investimento alto, destaca vice-presidente de Marketing e Relações Internacionais da CDL-POA, José Roberto Resende. Para empresas de médio e pequeno porte, o ideal é que se use o Marketplace, sugere o dirigente.
Trata-se de um portal de e-commerce colaborativo, uma espécie de shopping virtual com dois níveis de acesso, um para consumidores e outra para lojistas. Dependendo da proposta do Marketplace, pode-se vender produtos através de um espaço de terceiros - e o cliente, dentro de um só lugar, encontra produtos de diversos fornecedores e marcas.
Exemplo de negócio em território gaúcho, a Webcontinental é uma empresa que vende seus produtos online, mas também intermedia os negócios de terceiros (empresas fabricantes e parceiras que cadastram produtos no marketplace da marca e que se responsabilizam pelas entregas).
O gerente de e-commerce da Webcontinental, Douglas Melo, garante que consegue testar novas linhas de produtos "sem riscos". "Anunciamos os itens de terceiros, sem precisar adquirir um volume com grande quantidade, nem arcar com custos de armazenagem." Se a o produto tiver saída, aí sim vale investir e revender, explica Melo, calculando que atualmente a empresa oferece 10 mil itens online.
Outro tipo de Marketplace muito comum é o realizado por grandes bandeiras como Casas Bahia, Ponto Frio e Walmart, que vendem produtos próprios e de diversas lojas e fabricantes. Na avaliação de Melo, as vantagens de um negócio realizado de forma digital é que o empresário pode controlar quantos produtos são pesquisados, quantas vendas ocorrem efetivamente, qual horário e tempo de permanência na loja on-line para cada consumidor, entre outras. "São informações muito importantes para a estratégia de segmentação de comunicação e campanhas promocionais."
Ao contrário do que se pode imaginar, nem sempre a loja virtual é mais barata do que a física, pondera Melo. Enquanto uma tem custos com locação, luz, equipes, a outra precisa investir em mídia, armazenamento e logística, que, em geral, são operações caras.
"A mídia online é muito mais cara do que a tradicional", garante. Por outro lado, as vantagens não são poucas. Entre elas, hoje é possível que um consumidor compre uma marca, estando dentro da loja física de um concorrente. Basta chegar, comparar preços e decidir a compra, tudo em alguns minutos. "Um cliente de varejo hoje pode estar usando teu Wi-Fi para comprar de um concorrente, se achar produto semelhante mais barato por exemplo", reforça o gerente da Webcontinental.

Dicas de fácil implementação

  • Coloque na agenda de ações alguma iniciativa de e-commerce;
  • Melhore os perfis dos cadastros para qualificar a informação sobre o seu cliente;
  • Colaboradores e clientes são os melhores canais que o lojista tem. Converse com eles, peça sugestões;
  • Conheça os embaixadores da sua marca. São eles que vão defender o seu empreendimento e representá-lo;
  • Perca o medo de experimentar coisas novas. Não olhe para as tecnologias com distância, prepare a sua cabeça para elas;
  • Seja um pouco start-up, não se importe em errar. Execute suas ideias;
  • Acabe com os atritos, melhore os pequenos processos;
  • Eduque o seu consumidor. Crie espaços para sentar e ter uma boa experiência na sua loja;
  • Engaje as pessoas, os colaboradores e os clientes. Cada vez menos as pessoas vão às lojas por necessidade;
  • Observe toda a cadeia do seu negócio. Encontre maneiras para aproveitar e monetizar isso. Há grandes oportunidades que não são observadas;
  • Assuma o papel de embaixador da cultura do seu negócio. Fale, repita, trabalhe a cultura na cabeça das pessoas;
  • Ouça o seu cliente e teste. Preste atenção e veja o que ele quer.