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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Janeiro de 2017 às 14:46

Boa Sorte e bom aprendizado

As aulas dadas vão além do estudo de francês, gerando um grande intercâmbio cultural com os participantes

As aulas dadas vão além do estudo de francês, gerando um grande intercâmbio cultural com os participantes


ALECSANDER PORTILIO/DIVULGAÇÃO/JC
Camila Silva
"Liberté, egalité, fraternité." O lema da Revolução Francesa, que em português significa liberdade, igualdade e fraternidade, respectivamente, define bem o projeto Bonne Chance - ou Boa Sorte - aula com refugiados. Quantas vezes estamos andando na rua sem percebemos o que está acontecendo a nossa volta? Foi esta percepção que influenciou Ana Emília Cardoso, jornalista e socióloga, no final de 2015, a pensar em formas de ajudar pessoas de outros países que escolheram o Brasil como lar. Caminhando por uma avenida de Porto Alegre, ela observou um vendedor ambulante falar "Bom dia" em francês para um senhor, enquanto vendia seus produtos. "Boujour", disse o vendedor. Ele é um dos muitos refugiados que vivem no Rio Grande do Sul, em busca de um futuro melhor do que tinham em seu país de origem.
"Liberté, egalité, fraternité." O lema da Revolução Francesa, que em português significa liberdade, igualdade e fraternidade, respectivamente, define bem o projeto Bonne Chance - ou Boa Sorte - aula com refugiados. Quantas vezes estamos andando na rua sem percebemos o que está acontecendo a nossa volta? Foi esta percepção que influenciou Ana Emília Cardoso, jornalista e socióloga, no final de 2015, a pensar em formas de ajudar pessoas de outros países que escolheram o Brasil como lar. Caminhando por uma avenida de Porto Alegre, ela observou um vendedor ambulante falar "Bom dia" em francês para um senhor, enquanto vendia seus produtos. "Boujour", disse o vendedor. Ele é um dos muitos refugiados que vivem no Rio Grande do Sul, em busca de um futuro melhor do que tinham em seu país de origem.
Pensando em formas de ajudar essa parte da população - que, muitas vezes, é invisível aos olhos da sociedade -, Ana desenvolveu o Bonne Chance, que, diferentemente de projetos que buscam integrar os refugiados na cultura brasileira, oportuniza que eles dividam um pouco da cultura africana com os gaúchos. Isso acontece por meio de aulas de francês, nas quais os professores são os refugiados e os alunos, os brasileiros. Muito mais do que o conteúdo da língua francesa, os encontros têm como propósito o intercâmbio cultural, por meio de temas como geografia, música e religião. Em determinados momentos, os professores compartilham experiências pessoais com os alunos. Segundo Ana, o resultado são aulas extremamente emotivas.
Inicialmente, a ideia era apenas reunir pessoas próximas - que, assim como Ana, já falavam francês - para um grupo de estudos, no qual um refugiado lhes orientaria. Ao divulgar o projeto em uma rede social, a jornalista se surpreendeu com o número de interessados - cerca de 600 pessoas curtiram a postagem feita por ela. Para isso, ela contou com a ajuda da relações públicas e professora de inglês Marjorie Hattge. Foi então que criaram uma FanPage para reunir essas pessoas, que totalizaram cerca de três mil.
As aulas semanais se iniciaram em outubro de 2016, na Associação Cultural Vila Flores, com quatro professores e 160 alunos, divididos por 16 turmas. Dos professores, a maioria é senegalesa e teve a educação baseada nos valores muçulmanos. "Eles têm uma cultura extremamente rígida e rigorosa, só que o público que eles encontraram aqui é exatamente o oposto", explica ela. Por isso, foi necessário um processo preparatório para que eles pudessem comandar as aulas, considerando que também não dominavam a língua portuguesa. Ana Emília, Marjorie e a coordenadora pedagógica Paola Guimarães Salimen - parceira no projeto - foram responsáveis pelo treinamento dos refugiados.
"Eu não sei nem como te dizer a grandeza disso tudo", é assim que Luciane Raphael, protética, define o Bonne Chance. Ela conheceu o projeto por meio de uma rede social, mas conta que já tinha interesse em estudar francês e que sempre simpatizou com os refugiados. Sendo assim, encontrou na iniciativa a forma perfeita de unir seu desejo de estudar a língua à sua vontade de ajudá-los. Sobre as aulas, Luciane conta que é uma grande oportunidade de estudar por um preço acessível e também aprender um pouco da cultura africana. "Eu já era curiosa, o curso me deixou mais ainda, tenho muita vontade de conhecer o Senegal", comenta.
O costa-marfinense Loua Pacom, músico, conheceu, em Cabo Verde, um grupo de brasileiros que o convidaram para vir ao Brasil. Há 11 meses, ele aceitou o convite e, apenas há 3 meses, depois de viajar por diferentes regiões do país, se mudou de Florianópolis para a capital gaúcha. Assim que chegou em Porto Alegre, o refugiado conheceu, por meio de uma rede social, o projeto. Após entrar em contato com as idealizadoras, foi selecionado para ser professor e, em seguida, treinado, já que não falava o português com fluência. "É muito bom dar aulas, com o dinheiro que recebo, complemento minha renda. Estou aprendendo uma nova profissão, falo sobre a cultura africana e conheço um pouco mais sobre a brasileira", avalia Pacom.
A intenção do projeto não é ser uma iniciativa assistencialista, mas sim ajudar os refugiados de forma permanente, resgatando conhecimentos, vivências dos seus países de origem e combatendo a invisibilidade e vulnerabilidade. Isto é possível, porque, além de ser uma ocupação para eles, o trabalho valoriza a história e o passado de cada um e, de certa forma, devolve a eles as suas identidades.
Neste ano, de 7 a 23 de fevereiro, o curso realizará um extensivo de verão com duas turmas, sempre às terças e quintas-feiras, no turno da manhã e da noite. As inscrições podem ser feitas pela internet, até o dia 10 de fevereiro. De mudança para Curitiba (PR), Ana planeja implementar, ainda em 2017, o projeto na capital paranaense. Pessoas de diversas partes do País entraram em contato com ela para replicar a ideia do projeto. "Basta uma ideia que mobilize as pessoas para você perceber quantas estão dispostas a fazer algo", revela.
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