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Empresas & Negócios

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2017 às 13:15

Anprotec quer que inovação dos parques transborde para cidades


JONATHAN HECKLER/JC
Patricia Knebel
Conhecedor como poucos dos ecossistemas de inovação espalhados pelo mundo, Jorge Audy é uma daquelas cabeças pensantes diferenciadas que o Brasil tem a sorte de ter. É um defensor contumaz da transformação a partir do estímulo das novas ideias, da criatividade, da tecnologia e dos jovens. Ao mesmo tempo em que teme a crise moral e a perda da ousadia que abala a sociedade brasileira, é daquelas pessoas que, ao começar a falar, mostra acreditar na construção de um futuro melhor. Foi um dos idealizadores e o principal condutor da criação do Parque Científico e Tecnológico da Pucrs, o Tecnopuc, eleito no ano passado o melhor do Brasil. No final dos anos 1990, enquanto fazia o doutorado na cidade de Lexington (EUA), conheceu a forma de interação entre empresas e universidades. Voltou para Porto Alegre convencido de que esse era um modelo vencedor, apresentou a ideia para a Pucrs e hoje o parque se tornou uma referência da América Latina. Durante 12 anos, ocupou o cargo de Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Pucrs. Agora, está à frente da Assessoria da Reitoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da universidade, onde seu principal desafio será conduzir o planejamento estratégico do parque para os próximos 15 anos. Na nova função, espera ter mais tempo para se dedicar a outras iniciativas, como a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), entidade que preside desde 2016. Casado com Rejane, que foi sua colega na Faculdade da Análise de Sistemas, gosta de viajar, esquiar e colecionar comics como do Star Wars, TinTim e Thunderbirds. "Em casa, metade do meu escritório é de revistas e metade de coisas profissionais", brinca.
Conhecedor como poucos dos ecossistemas de inovação espalhados pelo mundo, Jorge Audy é uma daquelas cabeças pensantes diferenciadas que o Brasil tem a sorte de ter. É um defensor contumaz da transformação a partir do estímulo das novas ideias, da criatividade, da tecnologia e dos jovens. Ao mesmo tempo em que teme a crise moral e a perda da ousadia que abala a sociedade brasileira, é daquelas pessoas que, ao começar a falar, mostra acreditar na construção de um futuro melhor. Foi um dos idealizadores e o principal condutor da criação do Parque Científico e Tecnológico da Pucrs, o Tecnopuc, eleito no ano passado o melhor do Brasil. No final dos anos 1990, enquanto fazia o doutorado na cidade de Lexington (EUA), conheceu a forma de interação entre empresas e universidades. Voltou para Porto Alegre convencido de que esse era um modelo vencedor, apresentou a ideia para a Pucrs e hoje o parque se tornou uma referência da América Latina. Durante 12 anos, ocupou o cargo de Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Pucrs. Agora, está à frente da Assessoria da Reitoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da universidade, onde seu principal desafio será conduzir o planejamento estratégico do parque para os próximos 15 anos. Na nova função, espera ter mais tempo para se dedicar a outras iniciativas, como a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), entidade que preside desde 2016. Casado com Rejane, que foi sua colega na Faculdade da Análise de Sistemas, gosta de viajar, esquiar e colecionar comics como do Star Wars, TinTim e Thunderbirds. "Em casa, metade do meu escritório é de revistas e metade de coisas profissionais", brinca.
Empresas & Negócios - Quais são os caminhos para o Brasil e o Estado darem a volta por cima na crise?
Jorge Audy - Precisamos de políticas que valorizem a cultura empreendedora e a criação de ambientes de inovação de classe mundial, visando atrair e reter talentos e realizar projetos globais, que gerem benefícios locais. Estimular a criação de startups e outros empreendimentos, que transformem em riqueza o conhecimento que geramos no nosso Estado, é o caminho. Isso precisa acontecer logo, pois perdemos o bonde da história. Estamos surfando nas ondas da economia do século 19, da sociedade industrial. Isso nos obriga a acelerar os processos de avanço para século 21, para a sociedade do conhecimento onde a inovação e a criatividade tem um papel central no processo de desenvolvimento econômico e social. Precisamos transformar a nossa matriz de desenvolvimento. A crise dificulta as coisas, mas também abre oportunidades para novos atores e abordagens e até tem efeito benéfico de aceleração de processo de mudança. Mas realmente não é fácil, especialmente, porque vivemos uma crise de lideranças que sejam capazes de catalisar os movimentos que existem na sociedade rumo a uma mudança para melhor.
Empresas & Negócios - Como essa falta de lideranças afeta a capacidade de o País avançar?
Audy - É tão complexo que quando encontramos políticos com essa visão de transformação, eles não conseguem convencer as lideranças empresariais a fazer parte desse movimento. O ambiente político tem uma imagem tão contaminada que essas pessoas capazes de conduzir a mudança preferem colaborar por meio das suas próprias empresas e instituições, e não entrando para a vida pública. Aí vemos que a roda emperrou. A juventude com capacidade de transformar o mundo vai transformar o mundo, mas não aqui. Eles estão indo morar em outros países. Há um desencanto cada vez maior com o Brasil e esse é o lado mais perverso da crise, o que de fato precisa ser superado. É a crise da motivação, a que reduz a ousadia das pessoas, a que te encosta em um canto, te sufoca e faz com que você se apequene. É a crise que nos afeta o moral, o ímpeto e a ousadia. E se você não tem ousadia, nada acontece. Temos que lutar com essa apatia gerada pela crise que o meio político e econômico trouxe para a sociedade.
Empresas & Negócios - Como superar essa realidade?
Audy - Não nos falta inteligência, visão e nem exemplos no Brasil do que fazer. Temos que fomentar as ilhas de ousadia que existem na esperança de que elas contagiem o resto, transformar as ações positivas em regra geral, pois não vamos transformar o Brasil com exceções. Para dar esse salto, é preciso ampliar esses bons exemplos, o que requer um arranjo da sociedade e do estado brasileiro, e não de governos específicos. Em Porto Alegre, temos diversas oportunidades de fazer isso, como no caso do 4º Distrito e do Cais do Porto. Aliás, o Cais do Porto é um monumento a nossa incompetência. Um espaço em que poderíamos criar algo envolvendo tecnologia, entretenimento e inovação, mas que está parado esperando pelas forças políticas que só sabem brigar e discutir passado, que não querem construir futuro. São projetos que poderiam ajudar a mudar Porto Alegre em três ou quatro anos. E se olharmos bem, vamos encontrar possibilidades em quase todas as cidades brasileiras, mas todas padecem do mesmo problema: um meio político que não olha para o futuro.
Empresas & Negócios - Onde estão esses bons exemplos?
Audy - Como Anprotec, vemos coisas maravilhosas acontecendo. No Norte, temos o parque tecnológico da Universidade Federal do Amazonas com projetos de transformação a partir da Floresta Amazônica e toda a sua flora e fauna. O mesmo acontece em Recife e Campina Grande, sem falar nos exemplos fantásticos que temos em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. São 96 parques em operação e em fase de projeto no Brasil, sendo 15 de porte já em funcionamento. Se tivéssemos 40 ou 50 atuando com robustez, teríamos um movimento com mais força. O bom é que hoje existem as aceleradoras e co-working, o que também ajuda a mexer com esse ambiente e nos fazer acreditar nos avanços.
Empresas & Negócios - Qual é o futuro dos ecossistemas de inovação?
Audy - O futuro passa por fazermos com que todo esse ecossistema formado pelos parques, incubadoras, co-working e aceleradoras transbordem para as cidades, tornando-as mais inteligentes. Sou um fervoroso defensor do que acontece nos ambientes de inovação. Temos que apostar mais nisso. Não podemos nos fechar. Quando você entra em um parque tecnológico e nas empresas ali instaladas se sente vivo, a energia pulsa. Essa é a Porto Alegre que funciona, de gente otimista, que acredita no futuro. São ambientes de indivíduos com cabeça diferente e isso precisa transbordar para as cidades. Se conseguirmos avançar com o projeto do 4º Distrito, por exemplo, já será fantástico porque a tendência é que os bons exemplos acabem se alastrando. Foi isso que aconteceu no Oriente, por exemplo, países como Coreia, Filipinas, Malásia e China estavam destruídos há 50 anos. E olha a pujança hoje.
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