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Operação Lava Jato

- Publicada em 14 de Dezembro de 2016 às 16:19

Odebrecht confirma que Temer pediu dinheiro

Marcelo Odebrecht prestou novo depoimento, mas não deu detalhes

Marcelo Odebrecht prestou novo depoimento, mas não deu detalhes


HEULER ANDREY/AFP/JC
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora que leva seu nome, confirmou, em sua delação, a versão do ex-executivo da empreiteira Cláudio Melo Filho sobre pagamento de R$ 10 milhões a pedido do presidente Michel Temer (PMDB).
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora que leva seu nome, confirmou, em sua delação, a versão do ex-executivo da empreiteira Cláudio Melo Filho sobre pagamento de R$ 10 milhões a pedido do presidente Michel Temer (PMDB).
Odebrecht prestou novo depoimento nesta segunda e terça-feira em Curitiba. O ex-presidente da Odebrecht confirmou o episódio do jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, com a presença do então vice-presidente Temer e de Eliseu Padilha. Neste evento, segundo os delatores, foi acertado o pagamento de R$ 10 milhões para a campanha peemedebista.
De acordo com Melo Filho, a entrega do dinheiro saiu do caixa-2 da empresa e foi repassada a Padilha. Marcelo Odebrecht não deu detalhes sobre os trâmites do caminho do dinheiro.
O ex-executivo da Odebrecht delatou que o hoje ministro da Casa Civil pediu que parte dos recursos fosse entregue no escritório de José Yunes, assessor e amigo de Temer, em São Paulo. O patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, também iniciou seu depoimento no acordo de delação premiada e foi à sede da Procuradoria-Geral da República (PGR) em Brasília na terça-feira, segundo o jornal.
Ontem, o jornal o Estado de S. Paulo noticiou que o Palácio do Planalto está preocupado com o fato de Melo Filho ter dito à Lava Jato possuir elementos de prova, como ligações telefônicas, sobre suposto pedido de dinheiro por Temer.
Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, citou recursos repassados a diversos líderes peemedebistas em sua delação, de acordo com vazamentos do conteúdo.
A revista Veja teve acesso à íntegra dos anexos de Claudio Melo Filho, que se tornou delator do petrolão depois de trabalhar por 12 anos como diretor de Relações Institucionais da Odebrecht. Em 82 páginas, ele conta como a maior empreiteira do País comprou, com propinas milionárias, integrantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo. O relato atinge o presidente Temer, que pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht em 2014. Segundo o delator, esse valor foi pago em dinheiro vivo.
A revista também publica a lista dos que, segundo Melo Filho, receberam propina da empreiteira. São deputados, senadores, ministros, ex-ministros e assessores da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A clientela é suprapartidária. Para provar o que disse, o delator apresentou e-mails, planilhas e extratos telefônicos. Uma das mensagens mostra Marcelo Odebrecht, o dono da empresa, combinando pagamentos a políticos importantes. Eles estão identificados por valores e apelidos como "Justiça", "Boca Mole", "Caju", "Índio", "Caranguejo" e "Botafogo".
Michel Temer, Padilha e Yunes negam ter praticado qualquer tipo de irregularidade.
 

Jucá diz que Yunes 'pediu para sair', mas seguirá ajudando

Líder do governo no Congresso Nacional, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou ontem que o agora ex-assessor presidencial José Yunes "pediu para sair" diante de um assunto que pode "constranger" o Planalto, mas que ele continuará colaborando no processo político.
"Na hora em que surge qualquer assunto que pode constranger o governo ou o presidente, como ele (Yunes) tem posição de independência, pediu para sair, mas continuará ajudando", disse Jucá após participar de almoço com o presidente Michel Temer (PMDB).
Yunes pediu demissão após ter seu nome envolvido na delação de um ex-executivo da Odebrecht, que afirma que o amigo de Temer recebeu dinheiro em seu escritório em São Paulo, em 2014, após um acerto com o PMDB que traria benefícios à empreiteira.
Após o pedido de demissão de Yunes, Temer convocou uma reunião no Planalto com Jucá e seus dois principais auxiliares, Moreira Franco (PMDB), secretário de Parcerias e Investimentos, e Eliseu Padilha (PMDB), ministro da Casa Civil. Os três também foram citados na delação do ex-executivo da Odebrecht e, assim como Yunes, negam ter cometido qualquer irregularidade.
Jucá, porém, afirmou que a reunião não teve caráter emergencial para tratar da crise em que se encontra o governo e que o assunto tratado foi o calendário de votações. Ainda de acordo com o senador, Padilha e Franco não pedirão demissão por conta de "pressões indevidas" que tentam "desestabilizar o governo".

Yunes pede demissão após ser acusado por delator de receber repasse ao PMDB

O assessor José Yunes enviou ontem a Michel Temer (PMDB) carta na qual pede para ser afastado do cargo. No documento, Yunes classifica como "fantasiosa" a alegação de que teria recebido "em espécie" recursos financeiros a serem doados ao PMDB. Advogado, Yunes é amigo e conselheiro próximo de Temer. Na carta enviada ao presidente, ele se refere, em tom crítico, ao depoimento prestado por Cláudio Melo Filho - executivo que disse ter entregue dinheiro vivo em encontro que teve no escritório de Yunes.
"Nos últimos dias, senhor presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço, com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento nos meios de comunicação, baseada em sua alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB."